E como Mágica, todo mundo desaparece

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_ quer dizer que você abriu o jogo com o Daoki? Meu deus! - Vic reage com surpresa. - Ele deve ter ficado tão triste.

_ Ashley e surpreendentemente a Duda me abriram os olhos e me toquei, apesar que no fundo eu já sabia que isso era a coisa certa a se fazer. Por falar no Ash, como ousou esconder o namoro de vocês dois de mim?! - digo ameaçadora, ela morde o lábio inferior, fazendo uma falsa cara de culpada.

_ eu ia te contar da nossa oficialização, mas esse clima tenso em que você tava, nunca achei uma boa hora pra dizer. - ela parece estar falando a verdade.

_ você sabe que torço por vocês. E eu ainda não saí desse clima crítico na qual me enfiei. Eu tô cansada, Vic, de verdade.

_ tudo vai melhorar, amiga. - Vic me olha de um jeito reconfortante. - Bom, agora eu preciso ir, tô atrasada pro curso.

Abraço minha amiga em forma de despedida.

_ até mais. - respondo e encaro a lanchonete onde costumo vir com a Vic pra conversar a sós. A sensação de estar completamente cai com peso sobre meus ombros, deito sobre meu braço na mesa e encaro o nada.

Algumas semanas depois

 Quando disse que sentia saudade de ficar sozinha como antes, eu não falava sério e pra minha surpresa foi exatamente o que aconteceu. Nada na minha vida acontecia, parecia que o tempo havia parado, menos a depressão e o desânimo de viver. Todo mundo desapareceu. Vic ocupada com seu novo curso de idiomas asiáticos, os garotos provavelmente ocupados demais com a banda, incluindo o Andy que não veio mais na minha porta me encher de promessas; até mesmo a Duda decidiu ir pra casa do papai passar uns dias com sua mãe, a irritante da Alice. E de todos eles, alguém muito especial pra mim: Daoki. É dele que mais sinto falta e sua expressão caída naquele dia não saí da minha cabeça.

O único que me sobrou foi o meu gato, que talvez só não se foi porque não tem como sair daqui. Ele se enrosca nas minhas pernas e vira sua barriga pra mim acariciar, acho que ele ouviu meus pensamentos e queria provar que ficaria mesmo se houvesse uma rota de fuga.

_é Godz, estou só de novo, como nos velhos tempos. - Ele me olha e mia. - tem razão, você sempre esteve comigo. Eu ganhei muitos amigos de uma vez e perdi todos da mesma forma.

Eu precisava tomar uma decisão e me preocupar comigo mesma assim como todos estavam fazendo, cuidar do meu próprio umbigo. Ficar aqui lamentando é um grande erro. Engraçado que desde o começo eu adivinhei, o meu medo de ser uma péssima namorada quase me fez recusar o pedido de namoro do Andy, mas eu não me dei conta que existia o outro lado da moeda e que ele poderia vacilar e foi o que aconteceu, mas eu fui péssima com o Daoki. Tudo ao contrário.

***

A porta da minha casa se abre enquanto estou vendo um filme na sala, uma cabeleira verde adentra a casa com uma mala debaixo dos braços.

_ Voltei - O sorrizinho sem graça que ela me dá, já me adianta que não foi nada bem com sua adorável mãe.

_ não me surpreende que tenha voltado, aliás me surpreende sim, você não me odeia e não via a hora de se livrar de mim? - pergunto estirada no sofá como se fosse uma baleia encalhada.

_ minha mãe não muda nunca, e não odeio você, a gente briga o tempo todo, mas sabemos que não vivemos mais uma sem a outra. Até cogitei a ideia de sentir saudade se não voltasse pra cá.

Nem em um milhão de anos, pensei em ouvir algo do tipo saindo da boca da Duda e admitir isso parecia a perturbar mais do que a mim, mas eu sabia que aquilo era sincero.

_ você tem razão, não foi de todo mal ter você aqui e além disso você abre a boca quando precisa me ajudar e eu admiro isso, sabe. - Sorri. - É a irmã que eu gostaria de ter e com sorte tenho.

Ela me olha e a sombra de um sorriso se forma no seu rosto pálido. Também estou sendo sincera, Duda conseguiu conquistar o seu lugar aqui e confesso que ficar sem ela me deixou tão mal quanto a ausência dos outros.

_ obrigada, ninguém nunca foi tão atenciosa comigo.

Cheguei perto dela e lhe dei um abraço apertado. Observo sua mala ali do lado e isso me gera uma ideia.

_ faz muito tempo que estou abandonada aqui - confesso, cortando aquele clima meloso, já enjoada desse momento clichê.

_ por isso está parecendo uma mendiga? - ela, assim como eu, já mudou para o seu modo normal, ela aponta pra mim com uma careta. De fato eu parecia uma mendiga, usava uma camisa enorme com alguns buracos nela, calças jeans larga e um par de chileno. Prefiro nem comentar sobre meu cabelo.

_ É - reviro os olhos, admitindo ironicamente. - Eu preciso urgente fazer com que minha alto estima oculta volte para mim, Duda.

Duda se instalou de volta no seu quarto e veio me acompanhar pra terminar de ver o filme. Observo minha inquilina/irmã postiça e processo a ideia de que ela e eu somos meios iguais e meio diferentes, uma bagunça que só faz sentido na minha cabeça.

_ é estranho, não é?

_ o que? - pergunto, voltando minha atenção pra TV.

_ de como as pessoas mudam. - Dessa vez fitei seu rosto, Duda estava neutra, pensativa. - Todo mundo demostra ser foda pra caramba e depois no final, todos são igualmente egoistas e frios. Como pode todos sumirem assim, até a albina (Vic). Sabe, Hanna, eu gosto de você porque nunca escondeu o que é, nunca mudou comigo e com ninguém, não é o tipo de pessoa que se esquece e joga os amigos pro escanteio.

_ Não sei se está certa sobre isso, eu também não procuro por eles - murmuro , culpada.

_ Não se esqueceu de mim enquanto estive fora.

Sorrio pra ela, eu mandava mensagem todos os dias enchendo o saco dela, as vezes nossas conversas não passava de um tumulto de emojs.

_ de qualquer maneira, não acho que cabe a você procurá-los, mendigar atenção, todos sabem a situação que você está, as coisas difíceis que teve que passar e ainda passa e todos somem assim.

Eu tinha notado isso, óbvio, pensei em enviar uma mensagem pra vic, perguntar ao Ash como tavam as coisas da banda, mas eu desistia no meio do caminho. A situação era pior quando pensava em visitar o Daoki, que eu mesma afastei. Todo mundo vivia sua vida enquanto eu estava parada aqui pensando neles.

_ Acho que deixei de ser importante em algum momento - faço beicinho.

Não estava chateada com eles por seguirem suas vidas, apenas por não lembrarem de mim a ponto de uma visitinha ou uma chamada de vídeo, sei lá, me contentaria com isso.

_ Tô com uma ideia desde cedo, e estou tentada em colocá-la em prática - começo.

_to ouvindo - Duda responde, curiosa.

Rebellious Love (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora