Capítulo 5

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Vejo Lorrayne entrar rapidamente numa sala, sinto minhas mãos raladas arderem quando seguro firme os braços rígidos e fortes do então desconhecido.
— Aí, minha cabeça! — . Passo a mão na cabeça massageando, com o impacto, bati a testa fortemente no peitoral do homem.-.
— Você está bem?
Pergunta com um tom de voz preocupado, aliás... conheço essa voz! Céus, não é possível!
Levanto meu rosto rapidamente, e lá estava ele com aqueles olhos desejosos e espertos.
— Edu... Eduardo! – A confusão me atinge.
— O universo não brinca em serviço, não é mesmo? – Sorri de lado expondo sua covinha.

Sem pudor nenhum, pega minha mão e olha os machucados passando os dedos levemente por cima.
— Ainda dói? E o pé, como está?
— Latejando, mas nada que uma bolsa de gelo não resolva! As mãos um pouco doloridas.
Sem perceber entramos num mundo onde estávamos somente nós dois. Ignorando a presença do restante.
Camila pigarreia chamando nossa atenção, e instintivamente puxo minhas mãos do seu toque quente.
— Claramente vocês se conhecem! Devo descartar apresentações?
— Sim, somos conhecidos! – Me apresso em dizer.
— Somos amigos, certo sol?
Sol? De onde esse homem tirou isso?
— Me desculpe pelo incidente! - Digo com sinceridade.
— Nada fora da nossa normalidade! - Sorri sacana.
Ele tinha razão, sempre nos encontramos em situação semelhantes.
Sinto minha blusa molhada e cruzo os braços na frente dos seios, era fina, mas pela glória de Deus não era transparente.
— Foi culpa minha, acabei tropeçando e me agarrando a menina! – Ferdinando se justifica.
— Tudo bem, só tenha mais cuidado da próxima vez, poderia machucá-la.

Santiago tinha um instinto protetor, isso me deixava enlouquecida, de um jeito bom, é claro.
O homem assente e percebo que Camila nos observa calada.

— É... onde fica o banheiro? Preciso me secar!
— Siga o corredor até o fim, depois vire à direita. - Edu me direciona.
— Obrigada, e com licença!

Entro desesperada no banheiro, a intensidade de um simples olhar que ele me direcionava me fazia sentir coisas. Para piorar minha situação, lembro-me dos olhares que Camila me lançou.
— Já era, perdi essa oportunidade. - Digo em voz alta, completamente frustrada.
— Que bom que sabe disso, como conseguiu derramar um copo de água e cair em cima do chefe no dia da entrevista? - Lorrayne aparece de repente me assustando.
— Eduardo é o chefe? - Levo a mão na testa tamanha surpresa-.
— Eduardo? Tratamento informal, de onde o conhece? ... Ok, não me importa, sabia que você ia fazer algo errado, só não imaginei que fosse no logo no início.
— Que tipo de irmã você é? Tinha que me apoiar e consolar numa hora dessa.
Digo indignada com sua falta de sensibilidade.
— Mas o que posso fazer? Eu te indiquei sem você saber, mas tinha me apronta uma dessa... E ainda dizem que você tem QI alto.
— Está me chamando de burra? ... Certo, se vai continuar criticando e falando asneiras, pode sair.
Fico levemente exaltada, raramente isso acontecia, sempre fui uma mulher centrada e calma, se se tinha algo que me deixava irritada era alguém questionar o meu intelectual. Ainda na infância, sob influências de professoras, fui submetida a exames para testar o QI, e foi comprovado que em comparação com outras crianças que o meu era elevado. Tenho facilidade de aprender coisas com uma única explicação, na universidade minhas notas eram as melhores, nenhum dos meus colegas sabem sobre meu intelectual, iria odiar ser usada como escora para alunos medíocres serem aprovado no período.

— Ok, definitivamente você vai precisar correr atrás de outro emprego, porque esse mal começou e já terminou.
— Como que terminou? Edu viu que foi um acidente, Ferdinando tropeçou e caiu mim, simples assim e deixa de ser nojenta, para azarar meu emprego e vai trabalhar, funcionária do ano.
— Estou realmente curiosa para saber como conhece meu chefe, ao ponto de chamá-lo pelo apelido...mas vou trabalhar, preciso zelar meu nome e fazer carreira!
Sinto sua alfinetada e reviro os olhos.
.
— Garota petulante e metida a besta... saiba que irei fazer carreira primeiro que você, maninha.

POV EDU.
Fico surpreso ao ser atingido por Luna, a reconheci no exato momento que senti o aroma do seu xampu, fico irritado com a falta de cuidado do Ferdinando, pois poderia machucá-la. Meus sentimentos em relação a ela é uma bagunça indecifrável, tudo nela me atrai, sem dizer no extinto protetor que desenvolvi quando se tratava de Luna..., ou melhor sol, ela pode não enxergar, mas eu, sim. Há uma luz naquela mulher que me cativa, aquece e ilumina, por isso a chamo de sol, além do pôr do sol ser nossos encontros marcados pelo destino.
A quero para mim, como nunca quis ninguém! Luna é minha obsessão, e estou disposto a tudo para conquistá-la, incentivá-la a realizar seu sonho em se formar em medicina, mas antes preciso descobrir o porquê ela largou a corda quando estava quase vencendo, algo no meu interior diz que não irei gostar do rumo que isso irá me levar.


Noto os olhares curiosos de Camila em minha direção, mas me mantenho calado, não devo explicação da minha vida pessoal. Camila era uma funcionária exemplar e bastante rígida, tenho certeza de que está pensando em dispensar Luna.
— O que houve aqui foi um acidente, e acidentes acontecem. Não use somente isso como referência.
Digo com a voz seria e saio.

LUNA POV
Paro em frente da Camila e faço minha melhor cara de cachorro que caiu da mudança.

— Camila sinto tanto pelo ocorrido, jamais imaginei que isso poderia acontecer.
— Calma, não se preocupe, foi um acidente, Nando e meio digamos... Lerdo. — Sussurra a última palavra.
— Não queria que isso acontecesse, porque eu realmente preciso desse emprego.
— Não irei deixar esse desastre afetar seu desempenho, tenho mais duas pessoas para entrevistar, se você for a escolhida, só pedirei para ter um pouco mais de cuidado, porque nem todos aqui são compreensíveis, igual ao Sr. Eduardo.
Ele diz profissionalmente, fazendo a chama da esperança reacender em seu peito
—Terei muito cuidado.
— Por hoje é só, se der certo eu te ligo, boa sorte!
Camila se vai, mas logo em sua frente Nando aparece, estabanado.
— Por favor, me perdoe, eu não queria te empurrado, sinto muito.
— Tudo bem, não precisa ficar nervoso.
— Como pedido de desculpas vou te levar para tomar um cafezinho, aceita?
— Já que está oferecendo, eu aceito!
— Se fosse eu a cair em cima do Sr. Eduardo, eu já estaria chorando na minha cama quente... Mas tivemos a impressão que vocês já se conhecem!
— Para falar a verdade, no momento eu quis virar um avestruz e achar um buraco para esconder a cabeça, e sim já nos conhecemos.

Ferdinando coloca a xícara fumegante na minha frente e eu pego.
— Obrigada.
— Por nada. Sr. Eduardo um pouco bruto, mas é integro e tem caráter, provavelmente você já deve saber.
— Obcecado por justiça! Você trabalha aqui há muito tempo? – Me recordo da conversa no parque.
— Completamente inabalável, uma vez ele quase foi morto por um bandidão da pesada. Estou aqui há quatro anos! - Diz orgulhoso mostrando quatro com os dedos-.
— Você entrou quase com minha irmã.
— Quem é sua irmã?
— Lorrayne Perez.
Ferdinando coloca a mão na cabeça como se estivesse buscando quem é a pessoa, de repente abre um sorriso.
— A contadora? Se você não contasse, não iria cogitar nunca, vocês não se parecem nenhum pouco.
— Ela é a cópia da minha mãe, já eu do meu pai.
— Lorrayne tem uma pose de inalcançável, nariz em pé, mas a dedicação e foco dela é dar inveja, não me leve a mal!


Conversamos por um tempo até que começou a aparecer trabalho para ele fazer, aproveito a deixa para me despedir.
— Vou seguir meu caminho. - Me levanto e pego a bolsa.
— Tudo bem, boa sorte.
— Obrigada.
Me despeço e sigo para o elevador, aperto o botão, mas vejo que está parado no último andar, alguns segundos depois a caixa de metal desce e quando se abre, o vejo... Está encostado numa das paredes e com as mãos no bolso; usava suéter preto, calça escura e coturnos, o cabelo meio solto. Fico parada que nem uma boba o olhando.
— Não vai entrar? – Me olha com cara de interrogação.
Me sinto uma tapada por ser tão reativa a esse homem.

— Vou, claro... Que surpresa te encontrar por aqui! - Finjo de sonsa.
— É, parece que o destino se cansou do parque e mudou os ares.
— Um mundo tão pequeno esse, não é? Minha irmã é sua contadora.
— Lorrayne Perez?
Assinto

— Sua irmã trabalha para mim há cinco anos e você nunca ouviu meu nome? – Ergue a sobrancelha em questionamento.
— Não, eu morava em outro estado, e quando conversava com a minha irmã, trabalho não era o assunto!
— Então você regressou recentemente?
— Está me interrogando. Sr. Advogado?
— Não é necessário, é fácil te decifrar!
Rio da constatação dele
— Tem razão, sou uma péssima mentirosa! É impossível mentir para você!
Lembro o quão ruim sou em mentir, me entrego facilmente e começo gaguejar quando falo.
— Seria maravilhoso se existissem pessoas transparentes como você!
— Um elogio digno! – Sorrio mostrando os dentes.
— AH, antes que me esqueça... Dentro do meu blazer, tem uma correntinha!
Me lembro da joia dourada.
— Claro, uma que estava no bolso dianteiro! Aliás, lavei seu casaco e coloquei o colar dentro do bolso de interno.
— Aquele é o presente de aniversário da minha prima! Se perdesse minha mãe me enforcaria.

Então era para prima, interessante, bom saber.
— Relaxa, irei te devolver!
— Pode levar no parque hoje? - Tira uma mecha do cabelo que caiu no meu rosto.
— Levo, estarei lá às 19:30!
Eduardo sorri em concordância.
O elevador para no térreo, saio e o homem me segue.
— Irei te acompanhar até a saída!
Me dá passagem e começo a caminhar para rua.
— Vou pedir um táxi! – Com o celular na mão, acesso no aplicativo e solícito. – Cinco minutos.
— Será bom ter você por perto!
— Que bom saber que minha companhia te agrada!
— Não faz ideia do quanto!
Seus olhos brilham, mas não consigo decifrar qual o sentimento que ele transmite; se era desejo ou admiração. Eduardo facilmente conseguiria mascarar suas expressões e sentimentos, mas não fazia questão, aos meus olhos ele também é transparente e cristalino como água, mas em outros momentos era difícil enxergá-lo, tamanha intensidade que transmitia.
O carro chega tirando minha atenção da beldade em minha frente.
— Tenho que ir, até mais tarde!
Aproximo -me para me despedir com um abraço, um dos seus braços rodeia minha cintura e seus lábios tocam minha bochecha, me arrepio com o atrito que sua barba faz em meu rosto.
— Até!
Entro no automóvel e o taxista segue o caminho.


EDUARDO POV
Observo o táxi se distanciar e algo em dentro de mim mostra inquietação, o cheiro do seu perfume continua penetrado em minhas narinas.
Sigo até meu carro e rumo em direção ao Tribunal de justiça para uma reunião confidencial com o promotor Gonzalez. O promotor é um funcionário público e juntos em parceria, trabalhamos juntos no caso de corrupção, aquele o qual o réu encomendou minha cabeça. O líder da organização foi condenado a 40 anos em regime fechado com possibilidade de conseguir o regime aberto, mas garantir que isso não acontecesse, como se não bastasse a cela especial. Foram doze anos por corrupção, cinco anos em decorrência de bilhões de impostos sonegados e vinte e cinco anos por homicídio qualificado contra mim e contra o promotor, durante o ataque o promotor perdeu sua filha com um tiro fatal no peito.
Estaciono em frente ao TJ e antes de sair arrumo minhas vestes, hoje me vesti com roupas sociais, devido à reunião com a equipe.
— Gonzalez, quanto tempo! Como está? – Entendo minha mão.
— Muito tempo, meu jovem! Vou bem, querendo me aposentar e você?
— Ainda é jovem para sair de campo, preciso absorver mais da sua experiência! Estou bem, um pouco tenso com o que vem pela frente.
— Não importa o que façamos, esses desgraçados estão cada vez mais ousados. Desmantelamos a quadrilha, mas os bastardos a construíram novamente.
Ouço com atenção.
— Quem é o novo líder?
— Um peixe grande que reside em Barcelona, tem todos e tudo com a ajuda do seu dinheiro sujo! Além de roubar da pátria está destruindo nossos jovens.
— Qual método?
— Seu filho é um químico, vem produzindo drogas sintéticas e vendendo aos universitários.
— As investigações pelo visto foram iniciadas!
— Sim, tem uma grande equipe por trás disso: inteligência, promotores, advogados e os delegados e policiais, todos de extrema confiança... Te chamei para saber se quer fazer parte da equipe.
— Mas claro que quero, você como meu mentor, ainda tinha dúvidas?
— Essa parte da justiça é mais obscura e perigosa, sem dizer que depois dos atentados, você poderia recusar.
— Fazer justiça é o que me motiva, colocar pessoas sem escrúpulos na cadeia e dá a liberdade a vítima e recompensador, foi para isso que estudei e será assim sempre.
— Posso contar com você?
— Obvio!
— Esse caso vai alavancar sua carreira quando se tornar juiz!
— Em breve... estou trabalhando para isso. – Sorrio ao compartilhar meus planos ao meu mentor.
— Você será um ótimo juiz, com valores e princípios. Mas mudando de assunto, em breve terá uma reunião para falarmos sobre a organização, será num local privado. Irei te enviar as coordenadas por e-mail.
Me levanto e com um aperto de mão me despeço do promotor.
Paro num restaurante para almoçar e logo regresso ao escritório, pretender fechar todas as pendências para me dedicar cem por cento ao novo caso. Mamãe ficaria louca quando souber que estou envolvido num novo caso.

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SEM REVISÃO

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