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Chuck's POV

Suponho que se continuem a questionar como raio é que cheguei à situação que provocou a minha morte e eu lamento não vos ter revelado nada mais cedo, mas acontece que a vida, ou a morte, neste caso, não é como nós queremos. Assim sendo, dou por iniciada a minha justificação pela demora.
Quando morri, tinha questões por resolver. Esse facto condiciona a viagem da... alma, chamemos-lhe assim, para o seu destino final, a que as pessoas chamam Céu ou Inferno. Ou seja, mantive-me no dito Limbo entre um e outro onde, resumindo, não há absolutamente nada.
Eu enquanto ser não vivo existo, mas não vejo nada à minha volta. A plebe tem tendência a chamar purgatório à vida depois da morte, mas honestamente eu achei que aquilo era muito semelhante a uma consulta de psicologia em que eu próprio tinha de ser o psicólogo. Isto é, as questões a que eu, psicólogo, queria resposta, só podiam ser dadas por mim, cliente e as perguntas a que eu, cliente, queria responder só podiam ser colocadas por... bem, por mim, porque não há mais nada no meio daquela merda. Senti-me o gato do schrodinger dentro da caixa.
Esta "consulta" estava orquestrada de maneira a que quanto mais respostas eu obtivesse para as minhas situações não resolvidas, mais perto do destino final eu estaria. Conclusão: estive num filme do saw, só que... Já morto? Isto é difícil de assimilar até para mim, por isso imagino como é que tu te estás a sentir.
De qualquer das maneiras, lá a força toda poderosa que faz a separação decidiu definir os objetivos como 5 questões, da mais fácil para a mais difícil, sendo que à medida que avançava nas respostas começava a ouvir e a ver o que se passava no meu destino final, de maneira a que eu soubesse de qual dos 2 me estava a aproximar.
Na minha cabeça, se o que eu estava a ouvir eram vozes, música e gargalhadas, isso significava que me aproximava do céu enquanto que, quando ouvia gritos e choro me aproximava do inferno. Inocente.
O que me estava reservado era um outro nível da coisa.
Devido a todos os segredos que mantive secretos ao longo do tempo, o chefão daqui da coisa decidiu condenar-me a uma... pena perpétua? De andar na terra com os mortais, ver o que eles vêm, ouvir o que eles ouvem e sentir o que eles sentem em meia medida. Enquanto que, em vida, me era permitido sentir alegria e tristeza, o bom e o mau, em morte apenas o mau está ao meu alcance.
Assim sendo, lamento não ter cabeça para explicar o que aconteceu, mas agora preciso de lidar com o que está a acontecer. Foca-te noutra coisa, no entretanto.

Sinceramente teu, ChuckOnde histórias criam vida. Descubra agora