Ana de Oliveira, que anos mais tarde era a moça de não fé, encontrada sob fortes comportamentos de uma largada. Largada pelo mundo por se largar de tudo. Ela não tinha fé, havia a perdido depois de anos de paixão sem luz, perdera a fé em alguma esquina ou avenida, fora burra de abandoná-la, mas alcançara o desprezo maior ao não a lembrar que a venerava.
Ela sofreu, quando Ana entrou em um estado desprezível de futilidade. Ela sofreu, quando Ana duvidou de sua capacidade. Ela sofreu, ao Ana identificar projetos malsucedidos como maravilhosos, sem ela. Ela sofreu, ao perceber que Ana havia falhado. Ela sofreu, quando Ana, pensou descobrir ser inútil para ela, para muitos, para tudo. Ela sofreu, ao observar Ana chorar, pela primeira vez, de verdade.
Por mais incompreensível que fosse, ela sempre esteve lá, remendada sobre seus próprios cuidados, esquecível por não falar demais, por se permitir sofrer demais.
Ana havia falhado sobre si mesma. Pois, Ana saiu, anos atrás de sua pequena cidade, fugindo de interesses que não eram seus, resgatando a vida que não tinha. E quando havia abraçado, encontrado um lar, se apaixonado, caíra em desespero. Queria o colo de mãe, queria sossego. Poderia conseguir, mas resolveu se entregar de corpo e alma para um caminho fadado. Se drogou, infectou-se, morreu e descobriu aos poucos que não era doce. Perdera a fé em si, a força em si, a dignidade que seria o último bem que garantira querer, no seu túmulo, possuir.
Aos 26, encontrava-se quieta, pensando na sua segunda overdose e no seu namorado que quando chegasse ás 2:50, a agrediria.
Em um profundo e lícito prazer de inquietude, afundava. Afundava porque não sabia boiar, não sabia voar, não sabia expressar. Porque, embora, seja confortador o mais belo dizer ''era'', ali estava ela, consolidando seu momento presente, sem distinguir o certo a se fazer.
A verdade é que nunca foi livre, saíra em busca de glória e de finais felizes comprados pela Disney, estava confusa, afinal sobre as coisas de garotas e as coisas que certamente garotas não deveriam fazer; estava lúcida na loucura, enfiada em bolhas de proteção maternal e jurava não ter medo do mundo. Sua vida não havia sido uma total desgraça, conhecera pessoas, boas e más, escolheu as más, e permaneceria até o fim com essas. Era uma questão de escolhas malucas, digeridas com desgosto, mas solidariamente abraçadas.
Ana de Oliveira, tinha uma voz bonita, gostava de conversas longas e de dias de chuvas finas. Mas ninguém sabia, ou não ouvia, talvez porque ela escolhera ser assim ou porque ninguém perguntara, o que uma garota como ela fazia estragando sua vida assim.
A correnteza do rio a puxava, levava sua alma e tornava o princípio da morte, de quem acreditava na sua própria sorte.
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Ana de ninguém
القصة القصيرةAna decidiu que a única solução para sua vida infeliz era fugir de casa, de todos e de tudo. Arquitetou um plano sonhador e patético, mas o que faria uma garota que nunca ouviu falar das verdades cruéis do mundo, permanecer viva nele? Embora, grande...