Exit Wounds

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In the arms of another

Who doesn't mean anything to you

There's nothing much to discover

- Ih, olha só, defendendo o namoradinho.

Meu sangue borbulhava nas minhas veias, meus punhos tremiam apertados com tanto força que as juntas estavam brancas; meus dentes tão apertados uns contra os outros que meu maxilar mal abria quando falava.

- Deve estar virando viado também!

O último puxão que arrebentou a fina corda que me segurava parado foi dado. Uma simples frase desacorrentou todo o mar de ira dentro de mim. Como um rio violento que a barragem estoura, a raiva passou numa onda avassaladora levando embora todas as estribeiras e bom senso me fazendo agarra-lo pela camiseta.

Nem sabia porque estava tão alterado por algo assim. Não sou nenhum viado! Longe disso.

Eu só... estava um pouco confuso nos últimos tempos...

Desde que conheci Steve.

Era apenas as drogas derretendo meu cérebro. Nada além disso.

Eu não sou gay.

Não sou gay.

Não sou gay.

Repeti tanto na minha cabeça, como um mantra, uma hipnose. Tão concentrado no mundo interno e em me convencer das minhas palavras que nem ao menos pensei ou reparei quando as piores palavras escorregaram pela minha boca como piche.

Eu jamais seria essa coisa nojenta.

Não é?

Jamais.

Então porque senti meu peito se apertar e todo meu ser se estilhaçar e espalhar pelo chão quando me virei e dei de cara com olhos arregalados e marejados de Steve?

Sua expressão extremamente magoada foi como um balde de água gelada apagando o incêndio de ódio dentro de mim. Mas foi a decepção naqueles profundos olhos azuis que me devastou.

Todos ao meu redor me olhavam assim: com decepção. Meu pai, avós, tios, empregados da casa, amigos próximos. A única pessoa que não me olhava assim era minha mãe, mas ela também não viver o bastante para que eu a decepcionasse. E eu decepcionava todo mundo. Já estava acostumado, há muito que não me atingia.

Mas os olhos de Steve... era mais que o meu coração podia aguentar.

Senti todas as minhas entranhas se desprendendo de mim e caindo no fundo de uma poça gelada. Minha mente agitada ficou em branco; o arrependimento se espalhando como uma mancha escura em algo limpo.

Nem ao menos ouvia mais o que meus amigos imbecis diziam. Tudo que eu conseguia pensar era na dor líquida nadando naqueles olhos azuis que se transformou em uma decepção de aço, algo glacial.

Eu não poderia sobreviver a isso.

Meus músculos se moveram mais rápido do que eu podia registrar, antes que eu pudesse repensar e me acovardar, estava correndo atrás de Steve. Queria me explicar, mas o que eu iria dizer? Não era nenhum mal entendido, não era algo fora do contexto, não foi um engano. Eu disse tudo aquilo; eu causei tudo isso.

Não tinha um jeitinho, uma desculpa, uma escapatória. Não ia me safar disso.

Mas eu precisava que ele me ouvisse, que me perdoasse.

Meu peito se apertou com a possibilidade de não conseguir resolver isso.

Eu não sobreviveria sem seu perdão.

Cocaine Cowboy | stuckyOnde histórias criam vida. Descubra agora