The Noose

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So glad to see you well

Overcome and completely silent now

With heavens help you cast your demons out

Quatro horas da manhã e Samuel ressonava tranquilo ao meu lado na cama num sono profundo. Éramos dois homens dividindo uma cama de solteiro, então o espaço era pouco, mas mesmo assim, me remexi por horas tentando dormir. Virava de um lado, virava do outro, cheguei até a bufar de frustração e Sam continuou dormindo.

Me sentia estanho. Uma inquietação soava como um alarme no fundo da minha mente. Pesava no meu peito o que tinha acabado de acontecer entre mim e Sam, me sentia mal por não ter conseguido aproveitar o momento. Não era que eu não estava afim ou ele mandava mal, muito pelo contrário, eu queria sim e Sam estava fazendo tudo certo. Além de ter sido ruim para mim, me sentia desonesto. Eu estava na cama com ele, mas era outra pessoa que não saía dos meus pensamentos.

Eu podia repetir para mim mesmo e tentar me enganar o quanto quisesse dizendo que era apenas fruto da minha imaginação embriagada, mas mesmo sóbrio, mesmo agora, ainda me assombrava a vontade de experimentar os toques de James em certas partes de mim.

Quanto mais eu tentava me concentrar nos olhos castanhos de Sam, mas eu queria que fossem os verdes de James. E quando tentei fechar os olhos, ele teimava em povoar minha imaginação. Eu lutava bravamente para não me deixar levar pela forte vontade de imaginar que era ele ali.

Isso não era certo.

E estava me tirando o sono.

Me sentia quase um adúltero, apesar de não termos nada de concreto ainda. Mas jamais ninguém saberia desse pequeno delírio, nunca nem sob tortura diria em voz alta. Não era justo fazer isso com alguém que não foi nada além de o melhor possível comigo, atencioso e gentil; mas eu não conseguia evitar, eu tentei, deus sabe o quanto eu tentei não pensar naquele moreno desgraçado, nos seus músculos trincados se flexionando, nos seus olhos de esmeralda estreitos com prazer, seu cabelo bagunçado sendo puxado por mim e grudando com o suor, até aquela tatuagem horrorosa! Eu falhei com deus, comigo e com Sam.

Eu estava sofrendo de um grave distúrbio mental e o nome dele era James Buchanan Barnes.

Precisava me curar logo antes que se tornasse crônico.

O que eu precisava mesmo era sair dali. O peso da culpa estaca começando a esmagar meus ossos. Me sentia desconfortável, inquieto e queria ir para casa. A de Natasha, no caso. Eu era praticamente em sem-teto que tinha um teto, só não podia voltar para lá.

Essa inclusive era uma questão que eu teria que resolver mais cedo ou mais tarde. Não poderia ficar com Clint e Natasha até o fim do curso; eles tinham acabado de casar e estavam curtindo a vida a dois; não podia transformar esse momento deles em uma vida a três e ser um incômodo. Achar outro lugar para morar seria difícil nessa época do ano, fim de semestre. Isso sem falar no contrato que assinei que me prendia ao apartamento. Não teria dinheiro para aluguel e multa pela quebra de contrato. Teria que pensar nisso com muita calma e sabedoria. E pelado e desconfortável na casa de outra pessoa não parecia o momento ideal.

Ouvi meu celular vibrar no bolso da calça jogada no chão. Ignorei a primeira vez, porém não pude ignorar a terceira e quarta. Fazendo um pouco de malabarismo, levantei sem acordar Sam e peguei o celular. Assim que li as mensagens, foi como se o chão sob meus pés desaparecesse e eu estivesse à beira de ser engolido pela escuridão abaixo. Meus joelhos não tinham mais forças e meu coração esmurrava as minhas costelas querendo fugir.

Cocaine Cowboy | stuckyOnde histórias criam vida. Descubra agora