O inesperado presente

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- Bom dia, Dona Hinata. - coloco as chaves do carro em cima da mesa. - Minha mãe já está acordada?

- Bom dia, minha querida. Sua mãe saiu logo cedo. - continua a lavar os pratos. - E antes que você pergunte, ela não disse aonde ia!!

- Todo dia isso agora!! O que será que ela está aprontando? - com os meus braços no balcão, apoio minha cabeça sobre eles, pensativa. Logo levanto num pulo falando entusiasmada. - Dona Hinata, você tem que me ajudar a descobrir.

- Todos nós temos segredos, minha querida. Creio que ela também não saiba do seu. - fala secando as mãos e virando em minha direção. - Estou enganada?

- Do que você está falando??

- Sua mãe sabe que você continua dançando? - ela me olha por cima de seus óculos redondos.

- Mas eu não... - percebo com o seu olhar que ela já sabia de toda a verdade. - Como você sabe??

- Ah!! Minha pequena Miwa. Você me lembra o seu pai quando criança. - me abraça enquanto relembra de seu passado. - Eu trabalhava para a sua avó na época. Ele sempre foi um menino muito teimoso. Igualzinho a você!!

- Espera, eu não sou teimosa. - falo franzindo as sobrancelhas.

- Ele também negava descaradamente. - Dá uma risada engasgada e rouca.

- Você acha que ele está bravo comigo? - olho para baixo tentando esconder a lágrima que estava querendo fugir de meus olhos.

- E por que estaria, minha querida?

- Pelo mesmo motivo que a minha mãe.

- Ora, mas a sua mãe não está brava com você! - pega em minha mão.

- Eu sei que sou a culpada pela morte do meu ...

- Não repita isto outra vez!! O seu pai se foi e a culpa não é sua! Quando o destino fala mais alto, não há nada que possa cala-lo. - senta em um banco e me oferece o outro com o propósito de me deixar confortável para dar continuidade à aquela conversa. - A quanto tempo vem se sentindo assim, pequena Miwa?

Não a respondo, somente suspiro fundo sem olha - lá nos olhos para evitar que lesse os meus pensamentos como sempre fazia.

- O seu pai te amava muito. Por isso nunca desistiu de realizar os seus sonhos. Assim como você realizou o dele.

- Qual, Dona Hinata? - meus olhos vidraram em seus lábios esperando pela resposta que sairia deles.

- Ter uma filha tão linda e amável.

- E teimosa também? - tento descontrair e faço ambas rirem desajeitadamente.

- Amanhã você fará 22 anos, mas ainda sim continua sendo a minha menininha. - passa a mão gelada com seus dedos enrugados sobre o meu rosto. - Já ia me esquecendo! Sua encomenda chegou e eu coloquei em cima da sua cama.

- Mas eu não fiz nenhuma encomenda. - fico confusa.

- Tem o seu nome na caixa. Deve ser um presente.

- E você sabe o que é??

- Não, querida. Eu não abri.

- Obrigada, Dona Hinata!!

Sem perder tempo corro rapidamente para o meu quarto. Minha ansiedade referia-se mais para saber quem era o remetente secreto do que para saber o que era aquele presente inesperado.
Uma caixa grande, mas com uma espessura estreita, era responsável por carregar algo ainda misterioso. A ausência de algum cartão ou bilhete me deixou um tanto decepcionada, mas direcionando minha curiosidade ao que me esperava do lado de dentro.
O brilho reluzente que vinha da lâmina me cegou no instante em que a tampa foi retirada. Mas por que me dariam algo assim? Deve ter sido um engano. Mas era magnifico. Podia notar-se que cada detalhe, até mesmo a bainha presa ao verso da tampa, era feito por ouro, com exceção de lindos diamantes que encontravam-se dos dois lados de uma bela empunhadura dourada.
Leve como o ar, rápida como a luz, ágil como o fogo. Seu poder exuberante dominou o local tornando-o mágico. A sensação que transmitia era de pura e instantânea confiança e liberdade. Manuseado-a destemidamente, sem limite e sem fronteira.

Vindo dela, partículas de um brilho acetinado, fazendo uma dança cósmica pelo meu quarto. Ao estacionar, finalmente ali estava, o nome formado.

"Lady Vanellope"

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