Segredos

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- Dona Hinata, já são 11h da noite e a minha mãe ainda não chegou!! – saio do quarto me dirigindo ao sofá onde a dona Hinata descansava após um longo dia de serviço.

- Ela já deve estar chegando,  querida. Sua mãe não costuma chegar tão tarde assim. – olha para trás onde eu estava com as mãos sobre o encosto do sofá, inquieta demais para me sentar.

- Boa noite!! Todos por aqui? – minha mãe fala ao abrir a porta da sala.

- Mãe!! Onde você estava essa hora da noite? Estávamos preocupadas! – falo ao me aproximar da porta.

- Quero apresentar uma pessoa à vocês, estão prontas? – sua voz soa animada e empolgada. – Pode entrar querido!!

- Mas quem... – sou interrompida.

- Meninas, esse é o Jered. Meu noivo!!

- Mãe... Eu não entendo... – Meu mundo cai vendo – o entrar em minha casa.

- O que acharam meninas? Ele não é uma graça? – Eles se beijam melosamente. – Nos conhecemos mês passado e hoje ele me pediu em casamento. Não é, querido?

- É um prazer conhece... – Ele tenta se apresentar.

- Como você pode fazer isso com o papai?? Exclamo furiosa olhando para ela.

- Como é que é?? – Minha mãe responde confusa ao tentar se aproximar de mim. Me afasto rapidamente sentindo desgosto.

- Como você pôde trocar o papai assim? Ainda por cima trazer esse homem aqui. ESSA CASA É DO MEU PAI, ENTENDEU... JERED???

- Miwa, filha. Eu não troquei o seu pai. O Jered é bem vindo aqui agora.

- Não, ele não é bem vindo. Nem hoje, nem amanhã e NUNCA será bem vindo. – Olho desesperada para a dona Hinata tentando saber o que ela estava pensando sobre aquilo.

- Senhora, você não acha um pouco cedo para apresentar seu novo noivo para a Miwa? Ela ainda está muito fragilizad...

- Você é só uma empregada nessa casa, não te dei permissão para opinar!! – Fala hostilmente.

- Ou ele sai daqui agora, ou eu saio!! – Abraço Dona Hinata que estava sentindo – se  ofendida naquele momento. Seu coração havia partido.

- Acho melhor eu ir embora... – Jered fala desconfortável ao ver a confusão que havia causado sem querer.

- Jered, não!! Você não precisa ir!! – minha mãe fala segurando suas mãos. – Você acha que eu não sei que você sai todas as manhãs para DANÇAR, hein? Mesmo depois de eu ter te proibido?!

- Do que você está falando? – dessa vez minha pergunta não foi de surpreendimento. Foi de quem ouviu uma hipocrisia.

- Eu vi a mensagem em seu celular que a sua amiguinha mandou. Avisando que o horário de ensaio mudou. Ou você acha que ia me enganar por muito tempo??

- Você arruma um substituto para o meu pai e acha que tem o direito de me proibir de dançar?? – eu a olho com desprezo me aproximando de seus olhos para que pudesse enxergar o meu ódio. – Ou ele, ou eu... “MÃE”!

- Você pode ir se quiser, Miwa. Mas ele não vai a lugar algum. – cruza os braços como quem não vai mudar de ideia.

- Ótimo... Fui trocada também. – Beijo a testa da Dona Hinata e caminho até a porta.

- Filha, espera...

Abro a porta, olho uma última vez para aqueles olhos desconhecidos, e saio sem pensar duas vezes.

- Miwa, volte já aqui!! – ouço minha mãe gritar depois de eu ter fechado a porta em sua cara. Entro novamente em casa, sem desviar o olhar do meu quarto, ando normalmente até ele. – Ainda bem que você voltou, filha. Eu já estava...

Antes que ela termine de falar, volto por onde eu entrei, sem dizer uma palavra sequer, e saio novamente por aquela porta. Dessa vez com a caixa que eu havia esquecido em cima da minha cama.

Caminho sem parar e sem rumo, sem um destino para chegar. O tormento que estava a minha mente era difícil de controlar. “Estou sendo egoísta”, pensei. Logo lembrei do meu pai e de como ele se sentiria vendo – a com outra pessoa. Não posso perdoa – lá.  Não posso aceitar que ela tenha esquecido dele tão rápido. Não consigo entender, não consigo deixar pra lá. Mas ela está certa. Também estou traindo meu pai. “me perdoa”, exclamei à ele. Não posso mais dançar.

Encontro-me sentada em um banco qualquer, sinto um pouco de frio sobre a minha pele. O stress me fez pegar rapidamente no sono, em um lugar longe de casa.

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