Capítulo 5

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Abro a porta da cafeteria e o clássico som de sininho indica minha entrada. Todos os outros clientes já estavam entretidos em suas próprias mesas, e só uma pessoa olhou para a porta. Era Lola, já tinha chegado. Ela dá um tchauzinho da última mesa e me recebe com um sorriso e um abraço

- Que bom que apareceu!

- Quase que não venho, me perdi antes de chegar aqui - ela ri e eu também

- Sério? Não era tão complicado

- Orientação não é meu forte

O garçom chega para anotar nossos pedidos:

- Um chocolate quente - dizemos ao mesmo tempo e depois caímos na risada

- Então são dois chocolates quentes? - o garçom diz sorrindo

- Isso - eu digo

- Que conexão essa nossa, hein?- ela abre um sorriso que fazem seus olhos brilharem, parecia estar feliz comigo ali.

- Você acredita que virei o hotel de cabeça pra baixo procurando seu cartãozinho?

- Que cartãozinho?

- Aquele que você me deu no dia lá no banheiro. Tinha seu número e eu perdi - ela solta uma risada contida

- Bem que eu te vi vasculhando a lixeira junto com uma funcionária

- Você me viu?

- Sim, mas achei que você tinha perdido outra coisa, um anel, brinco, sei lá. Mas meu cartão?

- É, seu cartão de negócios - Sorrio de lado e passo a mão pelo rosto em vergonha

Nosso chocolate quente chega e nos servimos

- Você tá fazendo o que exatamente aqui em São Paulo além de baladas gay? - pergunto

- Trabalho. Vou ficar de freelancer numa empresa de publicidade. Não é o emprego mais estável porém é o que está tendo

- Hmm, entendi. E essa empresa faz propaganda pra que?

- Ah, tem várias coisas: um hortifruti, uma mecânica daqui, uma distribuidora de internet. Tem até uma funerária - ela ri

- Se te pedirem uma de funerária joga um negócio bem engraçado. A morte já é triste suficiente - ela balança a cabeça concordando

- Pode deixar - e ri - E você, tá fazendo o que aqui?

- Ah eu vim visitar uma tia. Ela está meio doente. Mas segundo o médico se ela manter o tratamento tem tudo pra melhorar

- Nossa que triste... O que ela tem?

- Não sei o nome, mas sei que tira o movimento dela aos poucos. Pelo menos é isso que está acontecendo - o olhar de Lola muda, em preocupação

- Espero que ela melhore - ela estica a mão e encosta na minha

- Ela vai... - aperto rapidamente sua mão, nós olhamos por alguns segundos antes de Lola desfazer o aperto

Encaro o chocolate quente por um tempo e mexo com um palitinho. Então Lola quebra o silêncio.

- Agora que lembrei, não sei sua idade.

- Nossa é mesmo. Eu tenho 19... Você disse que já está até trabalhando, deve ser bem mais velha.

- Poxa, nem é pra tanto. Tenho 22. E nem é um trabalho, é um estágio. Não terminei a faculdade ainda.

LolaOnde histórias criam vida. Descubra agora