— Desculpe, querido – falou meu pai, indo para a geladeira e pegando uma lata de cerveja.
Guardei a arma e a minha mochila em cima da mesa e me sentei ao seu lado, me desfazendo do sapato desconfortável.
— David estará aqui às onze. Não se esqueça de ficar no quarto do pânico, ok? Ele não pode saber que você está aqui.
— Não vou te atrapalhar, sabe disso, mas não posso ficar escondido para sempre. Rebeca e seu irmão devem estar preocupados.
— Eles sabem que você está bem.
Bufei, impaciente. Ele era bonzinho demais, ia acabar se colocando em perigo novamente caso não tivesse cuidado.
Filipe viu minha cara feia e sorriu. Me abraçou, sentou-se comigo no sofá e levou meu corpo para junto dele, colocando a minha cabeça em seu colo e acariciando meu cabelo. Deixei que ele fizesse aquilo, mas continuei com a carranca.
— Você é muito teimoso – reclamei.
— Você também, senão teria desistido da Gordon & Cia como te pedi.
— Não começa, pai – Respirei fundo. – Agora que consegui a confirmação de que Ryan contratou o cara que te esfaqueou...
— Por favor, não quero falar sobre isso. – ele continuou acariciando meu cabelo. – Sabe, acho que está na hora de parar de pintar sempre, você ficaria bem de loiro.
— Meu cabelo está bom do jeito que está – saí do colo dele e voltei a calçar meu tênis. – Merda, eu tô atrasado. Tenho que ir logo antes que David chegue aqui.
Meu pai se levantou, estranhando aquilo.
— Não vai esperá-lo?
— Não. Só vim deixar uma coisa – tirei meu celular da mochila e o coloquei em cima da mesa, tirando um papel do bolso e assinando um bilhete.
— Posso saber o que diz aí?
— Dentro do celular tem um vídeo que vai "cair" na internet hoje à noite – falei, com um sorriso de satisfação. – Acho que devo ao David que ele veja antes de todo mundo comentar.
— Ahhh, filho. Não faz isso. Aquele garoto te ama.
— Não vivo de amor, pai. Já te expliquei tudo, contei por que estou fazendo isso e como te coloquei em perigo. Tenho que terminar antes que mais alguém se machuque, por isso estou agindo tão rápido.
Ele cruzou os braços, sem jeito.
— E a mulher, que você visitou hoje? – perguntou. – O que fez com ela?
Hesitei em responder.
Ter o meu pai a par de tudo era difícil. Estava acostumado a guardar as coisas, mas devia a ele a verdade.
— Ela está viva. – Contei, revirando os olhos. – Mas está em cirurgia nesse instante, mal o suficiente para não contar a ninguém o que fiz até que eu possa me reestruturar.
— Bernardo... Isso é muito perigoso.
— Estou acabando com os Gordon, pai. É isso o que importa. Destruí o útero dela, se tudo der certo a mulher nunca mais poderá ter filhos. O mundo me deve uma: menos um monstro para andar por aí.
Peguei minha mochila de volta e as chaves da van.
— Fique no quarto do pânico! David irá entrar, verá o vídeo, vai sair me odiando e ficarei livre dele para sempre – e então peguei a arma de volta. – Agora, se me der licença, tenho mais um demônio para enfrentar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Evil Boy (Romance Gay)
General FictionGay | + 18 | Classificação indicativa. [CONCLUÍDA] Após ser abandonado em um orfanato junto do irmão, Ivi consegue ser adotado por uma nova família, muda de nome e começa um arriscado plano de vingança. Resta saber se ele continuará com seus pla...