12. Vingança

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Olho por olho e o mundo acabará cego - Gandhi


Despertei e estava na minha cama, pelado e com o cheiro de sexo pairando no ar. Afundei meu rosto no travesseiro, me sentindo culpado. David não estava ali, provavelmente foi embora assim que acordou.

Mas, de qualquer forma, estava feliz.

Fui para o banheiro e me limpei, vesti uma toalha e caminhei em direção ao quarto do pânico para dizer ao meu pai que ele podia sair; mas quando cheguei perto da cozinha parei de subido.

David estava ali, bem vestido e cantando e dançando enquanto fazia waffles. Levei um susto. Olhei em volta à procura do meu pai e agradeci por ele ainda estar escondido.

Cheguei na bancada de um jeito silencioso e me sentei ali enquanto via David cozinhar ao som da música. Ele se virou para o refrão e levou um susto quando me viu.

— Bernardo! – e levou a mão ao peito. – Nossa, você me assustou.

— Bom dia para você também. O que está fazendo aqui?

Waffles. – respondeu, mostrando a frigideira e a massa meio deformada. – Tudo bem que não é o melhor que já fiz... Mas é bom um de nós aprender a cozinhar.

— Eu sei cozinhar.

— Sabe? – ele despejou uma porção queimada na lixeira e me olhou sem acreditar.

— Sei, sim.

— Ah, bem. Então na próxima vez é com você.

Próxima? Com certeza adorei ouvir aquilo.

Ele percebeu meu sorriso bobo e veio por cima da bancada para me beijar.

Nos sentamos juntos, comigo ainda de toalha e ele querendo arrancá-la. David preparou o meu prato e o waffles estava... diferente. Comecei a engolir, tampando a respiração, e fiz cara de que gostei.

— Arg. Que nojo!!! – ele disse, depois que provou. – Isso tá horrível.

— Quer que eu faça um novo?

— Com certeza.

Fui para o fogão enquanto ele me observava.

— É estranho – David disse, enquanto eu ligava o fogo. – Sei tão pouco sobre você.

— Sabemos o suficiente um do outro – respondi. – Além disso, um pouco de mistério faz bem numa relação.

— Ah, não acho. Por exemplo, poderia ter me contado que cozinhava ou que não gosta de waffles – fiz uma careta. Pelo visto não fui tão bem assim na minha encenação. – Ou poderia ter contato sobre Francis...

Baixei a cabeça, me mantive quieto e me senti realmente arrependido. O que era estranho, porque nunca tive aquela sensação antes.

— David...

— Ou – ele mudou o humor, sorrindo. – Poderia me contar a verdadeira cor do seu cabelo.

— Meu cabelo? – perguntei, confuso. – O que tem o meu cabelo?

— Ahhh, vamos lá, Ben. Eu vi a tinta na lixeira do seu banheiro. E aposto que não era para esconder fios brancos – terminei um waffles e despejei no prato dele. David não tirava os olhos de mim. – É difícil perceber... Tem alguns fios na raiz que devem ser...

Encarei ele antes de continuar.

— Loiro – disse, antes que ele começasse a querer tirar a prova e arrancasse a minha toalha de uma vez para encontrar algum fio.

Evil Boy (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora