13. Pele de cordeiro

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Acordei gritando, em desespero.

Ainda estava dolorido, meu corpo inteiro entrava em choque, e Filipe me segurou firme, antes que me afundasse dentro da banheira.

Meus olhos demoraram para se adaptar à claridade e demorei para enxergar seu contorno ao meu lado – segurando a minha mão e estampando a preocupação que sentia.

Vi que as roupas dele estavam sujas de sangue, a água também estava da mesma cor e Filipe me olhava de um jeito terno. Olhei para ele e não aguentei. Comecei a chorar, sem conseguir mais mante o controle. Foi aí que meu pai não se importou mais com a água e nem com nada. Apenas me abraçou forte e começou a chorar junto comigo.

Ficamos assim por um tempo, de modo silencioso e ininterrupto.

Acordei e despertei mais alguma vezes, sempre por conta de um pesadelo

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Acordei e despertei mais alguma vezes, sempre por conta de um pesadelo. Na última, minha respiração estava pesada e quase afundei pela segunda vez na banheira, de modo que meu pai saiu do chão onde ficou sentado para me acompanhar e veio depressa até mim.

— Bernardo, você está bem?

Não respondi. Olhei em volta para me situar. Estava em casa, na casa do Filipe para ser exato, e a banheiro era acolhedora — até porque a água foi trocada algumas vezes enquanto eu dormia e agora encontrava-se limpa.

— Estou bem. – Respondi. – Tive um pesadelo, nada demais.

Quis me levantar, mas a dor foi forte e retornei para a posição inicial.

— Merda! Aquele desgraçado acabou comigo.

— Acho melhor irmos a um médico...

— Não! Nada de médicos, precisaria de muito dinheiro para silenciar todo mundo. Além disso, tenho que tirar o corpo do Ryan do galpão, limpar tudo e fazer uma visitinha ao meu pai.

— Eu sou o seu pai! – ele falou, frustrado. – Sinceramente, não vê o que aconteceu? Você foi estuprado! Se eu não tivesse chegado estaria morto agora!

— Não é como se eu já não tivesse passado por isso antes – respondi, ajeitando meu corpo e sentindo meu ânus machucado. Trinquei os dentes pela dor. – E o senhor já fez muito! Não deveria ter me trazido para cá. Se a Rebeca ou o Caleb me verem vão fazer perguntas.

— Eles estão no quarto ao lado. Nada de mal vai acontecer a ninguém aqui. Chega dessa vingança, está na hora disso terminar com essa loucura!

Ri de nervoso. Ele era louco se achava que eu pararia faltando apenas um alvo.

— Não posso – respondi. – Essa história com a minha mãe é mais complicada do que imaginava. Ela não amava o meu pai, tinha mais alguém envolvido nessa história e ela ia fugir com ele por medo dos Gordon. Ou Caio descobriu e a matou ou o amante...

Percebi o que ele fez. Assim que falei do amante, Filipe virou o rosto para o outro lado e não me olhou.

Já vi pessoas demais, fiz coisas e observei reações suficientes para saber quando alguém esconde algo de mim. Tanto que bastou aquele gesto para que entendesse.

Evil Boy (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora