14. Limpeza

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Cada gota de sangue inocente derramado clama vingança

contra o príncipe que fez afiar a espada.

- William Shakespeare


Em um deserto de sofrimento e perdas, como avançar na escuridão e dar passos firmes em direção a um local salvo onde toda a maldade e desentendimento deixa de existir?

Quando comecei essa vingança eu era uma criança sem mãe trancafiada em um orfanato. Todos lá tinham medo do menino de olhos infernais que atacava quem chegava perto e afastava as famílias que se aproximavam. Eu era como uma bomba que cedo ou tarde explodiria e destruiria tudo ao seu redor. Pensei em me matar diversas vezes, e cheguei perto de conseguir, mas então algo aconteceu e passei a ver o mundo de forma diferente.

Foi a presença de Caleb que causou isso, o fato de todas as minhas atitudes influenciarem a vida do meu irmão no momento que as outras crianças também começaram a tratá-lo como inimigo devido às minhas atitudes. E foi aí que vi que não poderia desistir, que precisava protegê-lo a qualquer custo e me fazer forte para mantê-lo a salvo.

Planejei tudo. Desde o começo pensei nos mínimos detalhes e construí minha vingança em cima de tudo o que tive que passar após a morte da minha mãe. Isso me motivou a mudar minha aparência, me deitar com o diretor do orfanato e encontrar uma família próxima dos Gordon para destruí-los... Só não esperava que por baixo dos panos outra pessoa próxima a mim também escondesse um segredo.

Está com raiva de mim?

Tentei abrir os olhos e a pergunta se repetiu em minha cabeça. Quantas vezes Caleb me perguntou isso quando estávamos no orfanato?

Está com raiva de mim?

Sua voz angelical vinha em minha cabeça e então via o agora; o Caleb furioso esfaqueando meu namorado — aquele que pretendia me matar assim que descobri a verdade.

Está com raiva de mim?

Claro que não, anjinho. – Eu sempre respondia, com um sorriso – Sabe que eu jamais ficaria com raiva de você!

  – Eu sempre respondia, com um sorriso – Sabe que eu jamais ficaria com raiva de você!

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Abri os olhos e enxerguei o vermelho do sangue escorrendo pela minha perna.

O sangue de David e o meu se misturavam. O corpo frio em cima de mim clamava pelo fogo que consumia parte do quarto. Vi a cama em chamas e meus pulsos amarrados, ardendo pela proximidade com o fogo — que consumia a superfície do colchão. Espuma espalhava-se e voava pelos cantos.

— Não – falei, com a voz fraca. Minha cabeça explodia de dor – Socorrroooo!

David. O corpo dele ainda estava ali. O que eu deveria fazer? Não podia abandoná-lo daquela forma, no meio do fogo...

Evil Boy (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora