9. O que fizeram com ele?

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DAVID

Depois que a ambulância chegou e levou o Sr. Ramires, Bernardo surtou. Ele começou a gritar, falar que a culpa era dele e quando tentei contê-lo recebi um soco. Não me importei com isso na hora, entendia o desespero, porém quando ele entrou na ambulância e foi embora enxerguei algo em Ben que nunca havia reparado até então — o olhar dele era o de um animal selvagem e naquela hora crítica ele estava mais com raiva do que com medo.

A notícia da morte de Filipe veio no dia seguinte. Tentei ir ao enterro, liguei diversas vezes, mas Ben não me atendeu. Fiquei uma semana sem notícias, devo ter deixado milhares de recados em sua caixa postal e não recebi nenhuma resposta. Foi como e ele simplesmente tivesse evaporado no ar.

 Foi como e ele simplesmente tivesse evaporado no ar

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— Bernardo, por favor, atenda o telefone. Sei que não me quis no velório, o que temos ainda é novo, mas não me afasta desse jeito. Não sofra sozinho! Posso te ajudar a passar por isso e, sinceramente, estou morrendo de saudades. Esse tempo sem você está sendo terrível e... Só quero dizer que te amo...

— Garoto, cadê os papéis das quebras dos contratos que eu te pedi? – meu pai perguntou, entrando pela porta do meu escritório bruscamente e me fazendo largar o telefone às pressas.

Sinceramente, nunca entendi como podia ser filho de alguém como ele. Ryan era horrível e conforme cresci a única coisa que aprendi foi detestá-lo. As coisas que ele fez minha mãe passar eram imperdoáveis e foi culpa dele minha irmã ter entrado para o submundo das drogas.

— Deixei os papéis na sua mesa – falei, desanimado, bloqueando o celular e me escorando na mesa.

— Aquilo era só a metade, imbecil. Esqueceu a quantidade de contratos que perdemos depois dos vazamentos?

— Estou a par disso tudo, pai. O restante dos contratos ainda está lá em cima com o financeiro. Quando terminarem o trabalho deles, eu começo o meu.

Me levantei e quis sair da sala, mas Ryan agarrou meu braço e me impediu.

— O que foi? – gritei, com raiva.

— Tenho mais para conversar com você – ele falou, franzindo a testa. – Quero saber daquela frutinha que você anda comendo.

— Acha bonito esse linguajar?

— Responda a minha pergunta.

Baixei a cabeça. Droga! Detestava ser passivo às ações dele.

— Bernardo perdeu o pai, está em um momento difícil...

— Perdeu o pai? – percebi um sorriso contido nele. – E... ele sumiu, só isso?

— Não foi o que eu disse.

— Hum, tanto faz. Acho que a essa altura aquele menino percebeu no que se meteu. – E deixou escapar um riso. – Minha secretária irá ligar para ele, vamos oferecer um bom preço para comprar suas ações e tenho certeza que pelo bem da família ele aceitará.

Evil Boy (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora