Elizabeth Aniston.

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Capítulo 13.

Elizabeth Aniston

voilá

Lá estava eu na sala de reuniões do prédio, sentada em uma cadeira macia e tamborilando os dedos na minha pasta de couro, de impaciência. Minha cabeça doía e meus olhos estavam a um passo de lacrimejar, incomodados com a sensação de estar fazendo algo errado. Incomodados com o sentimento de fazer parte de uma corrupção que eu tanto condenei no meu passado. 

Você está no Esquadrão Secreto, não está?”, minha fera falou. “Finalmente chegou ao lugar que deveria estar com toda essa viagem. Junto das únicas pessoas que conseguirão te ajudar a chegar ao culpado. Ao assassino de Ryan. Você lembra como o corpo dele ficou desfigurado? Lembra como, da última vez que você o viu, os olhos dele estavam fixos e opacos? Agora você pode vingar tudo isso, Elize. Tudo isso”. Chacoalhei a cabeça, tentando me livrar tanto dos pensamentos que diziam para eu ficar ali quanto dos pensamentos que me condenavam. 

E, falando em condenar, o urro gutural de Amber – que eu descobri que era a técnica de computadores do Esquadrão – me fez voltar à realidade. 

- É uma vergonha! É um insulto! Como você se atreve a meter o prefeito nos assuntos do Esquadrão Secreto? – E a equipe, na verdade, era formada por Amber Harris, o Professor Avozani (que também atuava como médico legista), Boris Beltrão e Ishiro Nakamura, o suposto perito em assassinatos. – Ah, claro! Porque você não pode desperdiçar a oportunidade de mostrar que você tem amigos poderosos. Você é uma menina mimada e insolente, Aniston. Você nunca poderá ser uma de nós. 

Encolhi meus ombros, reconhecendo a verdade em cada uma das sílabas de Harris. 

- Na verdade, Amber, - foi a vez de Avozani intervir. Ele, em um terno cinza parecido com o qual eu o vi, da última vez, arrumou os óculos no rosto. – ela tecnicamente já é uma de nós. Ou isso, ou o prefeito fecha o jornal. 

Boris passou uma das mãos enormes em sua barba de leprechaun. 

Na sala de reuniões havia uma mesa quadrada e de tamanho mediano rodeada por várias cadeiras, e algumas estantes com livros e documentos encostadas nas paredes. Os outros integrantes do Esquadrão se encontravam todos de pé do canto oposto da sala, e eu, sentada e encolhida na cadeira do outro lado, sentia-me menor do que eu de fato era. Eu me imaginava nos tempos de primário, quando eu fazia alguma coisa errada e todos os professores se juntavam a minha frente, tentando me mostrar o que eu não deveria ter feito. 

Com um suspiro breve, o editor –chefe retomou a fala: 

- Avozani está certo. Nós não temos escolha. Além disso, podemos usar as habilidades dela a nosso favor. 

- Habilidades! – Amber gritou, batendo as duas mãos na mesa. – Que habilidades? 

Boris fechou os olhos, como se estivesse irritado, e massageou as têmporas. 

- Harris, você se esquece que nós ainda somos um jornal. E que ela ainda é uma jornalista. 

- Eu posso não ser a pessoa mais indicada para o cargo, - falei, finalmente encontrando minha voz no fundo da garganta e surpreendendo a todos, inclusive a mim mesma. -, mas eu não serei um peso morto. Eu sei que todos vocês têm motivos pessoais para estarem aqui, que não são nem um pouco mais nobres que os meus. Eu também posso ser uma boa detetive. – Garanti com mais segurança do que eu de fato tinha. 

Todos os olhos dentro da sala estavam voltados na minha direção. Encarando meu rosto de formas tão variadas que eu levei alguns segundos para processar todas as expressões que me eram lançadas. 

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⏰ Última atualização: Oct 01, 2014 ⏰

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Alvura Púrpura, por lan.Onde histórias criam vida. Descubra agora