{twenty four}

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Nate

     Eu disse para Debby que seu aniversário poderia ser na minha casa. De início, claro, ela não aceitou, mas, depois, ela até concordou, desde que eu só deixasse entrar quem realmente era convidado. Violet estava na minha casa essa semana, já que amanhã, que seria sexta, iríamos ir acampar com nossos amigos, incluindo a Deb. Sua barriga já estava bem a mostra, isso me preocupava um pouco. Ela disse que era pra mim relaxar, que já havia feito coisa pior enquanto estava grávida, mas aquilo não ajudava muito. Ela falava que iria fazer as coisas só para me provocar. Eu sabia que era assim. Então, uma lembrança me veio à cabeça.

--Arranjei um emprego-- Disse ela mordendo o lábio, esperando minha reação.

--O-o que?-- Eu perguntei rindo

--É. Eu vou ser secretária de um agente bem requintado. Dylan que me indicou.-- Ela disse e eu levantei uma sobrancelha

--Você não acha muito esforço para se fazer? Tipo, você está carregando um bebê por aí.-- Eu disse e ela desencostou da porta e se sentou no sofá, ao meu lado— Eu só quero cuidar de você. Cuidar de vocês. Me deixa fazer isso só um pouco.

--Eu sei me cuidar, Maloley.-- Ela chegou mais próximo-- Entendo que você só quer o nosso bem-- Ela colocou a mão na barriga mas continuou se aproximando.-- Tenho que ir antes que a minha mãe fique louca.-- Ela me deu um pequeno beijo e se levantou.

   Meus pensamentos foram interrompidos pela campainha. Olhei para o meu relógio para ver se eu estava atrasado e já era alguém chegando mas não, eram 12:27, e a festa só começaria às 16h

--Violet, abre a porta, por favor!-- Eu gritei e a vi no mesmo instante ela subindo as escadas.

--Nem fodendo. Estou indo tomar banho. A casa é sua, folgado!-- Ela disse e eu me virei para ela assobiando, ela tirou os olhos do celular e olhou para mim e eu lhe mostrei o dedo do meio. Ela deu um sorriso e mostrou sua língua.

--Muito adulto, Violet. Muito.-- Eu disse me levantando. Eu estava sem camisa, de bermuda com a marca da cueca aparecendo. Ah, como fui me esquecer, eu estava com minhas meias preferidas, as do Bob Esponja. Abri a porta e dei de cara com um homem de cabelos e a barba, que estava por fazer, por sinal, grisalhos. Seus olhos eram pequenos e extremamente azuis. O olhei de cima abaixo e fiz uma cara confusa.-- Acho que você confundiu, senhor.-- Eu fui fechando a porta mas ele me impediu.

--Que maneira estranha de cumprimentar o sogro.-- O velho disse rindo

--Você é louco.-- Eu disse fechando a porta, mas ele me impediu novamente.

--Não, por favor. Você é Nate Maloley, não?-- Eu assenti-- Eu sou o... o David Collins.-- Ele disse e eu arregalei os olhos, enquanto ele riu

--Meu Deus. Me desculpe! Entra, por favor.

--Me desculpe eu, pela abordagem.-- Seu inglês era péssimo, foi realmente difícil entender o que ele dizia.

--Não achei que você viria, senhor Collins-- Eu disse arrumando o cabelo e pegando a sexta de roupas que estava ao lado do hall, o caminhei pela cozinha pegando todas as bitucas, garrafas e roupas jogadas. Achei até um sutiã no abajur, provavelmente de meses, pelo cheiro.

--Por favor, me chame de David.-- ele disse se sentando no sofá. Merda. O pior lugar. Ele deu uma risada e eu não entendi. Ele colocou a mão atrás da almofada que estava em suas costas, tirou de lá uma calcinha. Eu nunca estive tão envergonhado.

--Olha, você não é, de jeito nenhum, o homem que eu sonhava para minha filha.-- Ele disse e eu engoli seco.-- Mas, o jeito que ela falou de você... uau! Eu só vi uma vez na vida-- Eu sorri-- O amor é algo lindo. Ela era algo lindo.-- Eu balbuciei algo que nem eu entendi. Muito menos ele. O mesmo riu e perguntou:-- Vocês namoram?-- Eu neguei.--Entendi...

--Vo-você tem mais filhos?-- Eu perguntei pois foi a primeira coisa que veio na minha cabeça.

--Tenho. Eles estão na Holanda.-- Eu sorri e ele prosseguiu.-- Theodoor de oito e Riety e Mayke, de quatro.

--Eles são mais importante que a Deborah?-- Eu perguntei me sentando na poltrona. A mesma poltrona na qual eu descobri que tinha chances de ser pai.

--Não. Não são. Eu os amo igualmente.-- Ele respondeu desanimado.

—Então porque abandonou a Deborah?— Eu perguntei o olhando nos olhos.

—Eu não abandonei a Deborah. Eu a amava mais que tudo nesse mundo. Eu tinha medo. Medo de tudo isso. Medo de ser pai. Quando a Lindsay, a minha esposa engravidou do Theo... Foi a coisa mais linda... e eu tentei me aproximar da Deb... mas já era tarde demais. A Emma já tinha conseguido sua guarda. Eu tive medo de perdê-la. Definitivamente. Eu só queria o seu bem. Eu vi ela naquele berço de hospital. E quis o melhor pra ela. Eu lembro de tudo. Ela nasceu com dois quilos e novecentos, e media 46 centímetros. Me lembro de cada detalhe. Ela não se parece nem um pouco comigo. Mas me lembrava muito meu irmão. E, quando eu a vi, eu sabia que se eu estivesse por perto, ela nunca iria ser feliz. Eu sai daquele hospital...— Ele começou a chorar muito, não paravam de escorrer lágrimas de seus olhos. Eu comecei a pensar se isso fosse comigo. Se fosse com nosso filho. Como doeria aquilo em mim.— Eu sai e fui direto para o aeroporto. Carregando essa foto na minha mão. Na verdade, eu parecia um louco.— Ele me mostrou a foto de um bebê, a Debby, num pequeno Moisés. Ela era tão lindinha. Nosso filho teria sorte se puxasse para ela.— Eu mostrava para todos que essa era minha garota. Eu estava orgulhoso de ter feito algo tão perfeito. Ela era perfeita.— Ele secou as lágrimas e deu um sorriso.— Sabe quando eu disse que só havia visto uma vez o que ela sentia por você? Eu só vi uma vez, no dia 26 de novembro. Às 01:34 da manhã. Foi esse o maior amor que eu já vi. O meu amor pela minha primogênita, a Deborah.

     Quando me dei por mim, eu já estava chorando. E aquilo era BEM difícil de se acontecer. Nate Maloley não chorava. Nunca havia chorado tanto. Acho que, nem no dia do meu Nascimento eu havia chorado.

—Me ajude, Nate. Quero recompensar a minha filha. Quero recompensar ela por ter perdido todos esses anos.— Ele pegou a caixa que estava carregando, que eu não havia notado.— A cada 6 meses, a Emma me mandava uma ou duas fotos dela. E eu escrevi cartas. Trinta e duas, para ser exato. Quero entregar para ela. Vai ser um grande presente, você não acha?

—Ela vai amar, David. A Deborah vai.

Pregnant {Nate Maloley}Onde histórias criam vida. Descubra agora