[CONCLUÍDO] CARTAS À MOABE - O Encontro de Uma Mulher Com Seu Deus

A Décima Sexta Carta

Campos Verde, março de 2019

Moabe, fui a igreja hoje.

Foi muito aleatório. Sério. Sai de casa para ir a cidade comprar ração para Mozart, Beethoven e Chopin (juro que os nomes é pura coincidência, apenas Chopin foi proposital, porque ela é da época da fisioterapia da Clara e minha irmã reagia a música -- principalmente música clássica -- muito bem e um dia meu tio Calebe estava ouvindo Chopin quando nossa antiga cachorro deu a cria e Clara falou Chopin quando viu o filhote. Ficamos tão emocionados que a filhote ficou com esse nome, mesmo sendo uma fêmea) e na casa de ração encontrei com Eliabe, éramos amigos quando eu morava aqui, estava indo a igreja, era o Círculo de Oração e ele acabou me convencendo a ir. Foi muito estranho, algumas pessoas me reconheceram outras não, porém, nenhuma falou comigo sobre meu passado, quem me reconheceu só perguntou pelos meus pais e pela Clara, pois ela é uma espécie de celebridade na igreja, é o milagre vivo.

Enfim, por ser um quinta-feira tinham poucas pessoas e acabou rápido, a palavra foi sobre obediência a Deus e na minha igreja (nunca sei se ainda posso chamar de minha já que não vou há um tempo) tem revelação, que é um dom espiritual e eu acredito que sejam pessoas usadas pelo Senhor; teve uma revelação sobre Deus estar chamando pelo amor, que não quisesse conhecer a dor dEle, algumas pessoas levantaram as mãos, mas não era com nenhuma delas. Eu não levantei, porém, saí de lá com a sensação que era para mim, principalmente porque depois da oração (no fim de todos os cultos o preletor ora por intercessão de mãos) o Eliabe, sim ele foi o pregador de hoje, disse que Deus tem muita pressa em usar a minha vida para edificar outras. Falei amém e meio que fugi da igreja, nem parei na rodinha para conversar como é de costume, e eu queria muito falar com a Samara, prima da Ada, para perguntar da dona Canaã e do pastor Silas, mas eu não queria mais ser confrontada por Deus.

Já em casa estava conversando com a Queila (ela é super simpática e com certeza está apaixonada pelo Tito, nenhum dos dois deixou de sorrir desde a hora que chegaram e parecem viver para edificar um ao outro, é lindo de ver) e comentei sobre a possibilidade de ir para a Inglaterra ela disse que eu deveria tentar uma bolsa para graduação também, pois, por mais que eu goste da área de games, ela não acredita que esse seja meu destino. Para Queila eu ainda vou trabalhar com algo completamente diferente, apenas ri, porque amo o que faço e não vejo o porque mudaria de profissão. Neste momento da conversa eu estava com o notebook aberto mostrando algumas fotos vergonhosas do Tito criança quando recebi a notificação de um novo email, esta é a parte realmente importante desta carta, Moabe. O email era do Eli, meu chefe, e era uma convocação para uma reunião amanhã.

Estou com medo, porque nossa reunião deveria ser na próxima terça, como faço homework temos reuniões a cada quinze dias e toda última terça-feira do mês; uma reunião fora de época significa apenas uma única coisa, Eli está insatisfeito com meu trabalho. Possivelmente me dará um esporro tão grande, mais tão grande, que provavelmente  eu saia da sala dele direto para o banheiro… Ou talvez ele me faça chorar na sua sala  mesmo. Eli é um ótimo chefe, mas quando tem que dar bronca ele não brinca e seus esporros são conhecidos em toda a Toy Games por destruir quem tá ouvindo.

É difícil de acreditar que por causa de um email de duas linhas eu estou tão ansiosa, que não estou nem mesmo conseguindo aproveitar a companhia de Tito, Queila e Marcos (ele chegou há duas horas). E a ideia de devorar uma panela de brigadeiro é muito tentadora, mesmo eu sabendo que não posso por causa do fantasma da diabetes, meu pai tem e Marcos também e eu morro de medo de desenvolver, por isso super manero nos doces e carboidratos. Usei a desculpa que iria tomar banho para me refugiar no meu quarto e escrever para você, pensei que escrevendo sobre o email de Eli eu conseguisse relaxar um pouco e aproveitar a companhia dos meus irmãos e a pizza maravilhosa que ajudei dona Joana a fazer, entretanto, estou ficando é muito mais nervosa! Agora, até me passou pela cabeça, a possibilidade de ser demitida, acho difícil isso acontecer, porque Darah, a design mais experiente da empresa, pediu demissão na última reunião e eles ainda não contrataram ninguém tão bom quanto ela, por isso sei que uma demissão é pouco provável, mas pode acontecer e esse não é um bom momento para estar desempregada.

Não falo financeiramente, mas sim emocionalmente, eu não darei conta do ócio, Moabe. Preciso de coisas ocupando minha mente ou corro um sério risco de enlouquecer e, posso afirmar com certeza, a loucura não é bonita.

Não estou fazendo sentido algum.

Volto sei lá quando, Moabe, pois amanhã de manhã o Davi e a Clara chegam e é provável que Ruth pegue carona, já que Joaquim teve uma emergência no trabalho e precisou descer para Santos… Isso significa casa cheia e zero privacidade. Ou talvez amanhã mesmo eu escreva uma carta contando do motivo da convocação de Eli, torça por mim.

Desesperadamente,
Laura.

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Oie, gente!

Capítulo "adiantado" porque amanhã(hoje) tenho 3 compromissos que me tomaram o dia todo!

Outra coisa: não sejam tímidos, me falem o que estão achando da história da Laura :)
Também quero deixar o convite para conhecerem meu novo livro, Todas as Cores do Infinito, uma ficção adolescente (ainda tô na dúvida se é teenfic mesmo ou jovem adulto) sobre primeiros amores e a busca por nossos sonhos. E, como já terminei de escrever os capítulos saem simultaneamente com CAM e tem capítulo as quintas também.

É isso, até o próximo domingo!

Beijos e chocolates,
Juliane Patrícia, 09/06/2019