Feito rolo compressor

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Não sei se isso é saudável ou não, mas estou conseguindo superar problemas de uma maneira muito mais fácil. Tipo rolo compressor: mal acontece e já estou passando por cima, porque sei que, no fim das contas, é isso o que terei que fazer mesmo, de um jeito ou de outro.

Tenho sentido que não consigo mais ficar com pena de mim. Aquele sentimento que me levava a ruminar e ruminar um mesmo pensamento está sendo facilmente descartado por aqui: as coisas ruins acontecem e eu até sei que tenho todo o direito de me sentir mal por elas quando me afetam diretamente, mas, querendo ou não, é uma escolha. Nem sei bem quando isso começou, só sei que vem a pontinha da tristeza e eu logo a jogo para o lado e falo: ok, agora não.

Antes eu tirava um (bom) tempo para entender o que aconteceu, pesava tudo e tomava a minha decisão. Sempre meio pesarosa, pensando no que havia ficado para trás e colocando os pezinhos um após o outro, bem devagar. Agora mudou. Mal aconteceu e eu nem paro, só continuo o meu caminho.

Só que estou falando por mim – outro dia, rolou um desses problemas que, além de me afetar, atingiu outra pessoa também. Uma amiga pisou na bola com a gente. Eu segui no ritmo em que estava, tipo vamos que vamos, isso nem vai me abalar, mas a outra pessoa desatou a me mandar mil e uma mensagens a respeito: perguntando por que isso tinha acontecido, tentando adivinhar o que rolaria dali pra frente, me falando sobre como ela se sentia, como sentiria se isso não tivesse acontecido e ainda como ela achava que tudo ficaria depois que a poeira baixasse.

Miga, vamos virar essa página juntas?

Eu não sou a pessoa que vai ler as suas mensagens e ignorá-las, tampouco desmerecê-las, mas entrei num mood em que acho que não vale a pena perder tempo com aquilo que não dá para mudar. Não dá, não deu! Por que a gente tem que ficar insistindo – tentando fazer chá com pó de café?

Como num jogo de charadas, para mim já estava tudo muito bem solucionado ali: a amiga que pisou na bola fez isso por conta de motivos dela. Quanto mais a gente falava que ela agiu errado, mais a garota interpretava isso inversamente – como se nós fôssemos o problema. Um mar de lama que só crescia enquanto a gente se lambuzava e chafurdava na questão.

Se tem uma coisa que eu entendi com relação aos problemas é que eles são assim: se a gente der muita atenção, eles crescem e nos puxam cada vez mais. Quando percebemos, já estamos enterradas neles e, pra se mover dali, é muito mais difícil do que era ao entrar.

Naquele caso eu não me isentei, mas entrei até onde dava e fiz o meu papel: expliquei como havíamos nos sentido da maneira mais honesta que encontrei, coloquei o meu ponto de vista sem julgamentos e pronto, não tinha mais nada a ser feito. Se mesmo assim ela continuou sem entender, é a vida. O processo é dela e, quando estiver pronta, estarei por aqui.

Ok, talvez não aqui, exatamente. Enquanto isso, não vou parar para especular sobre cada pedacinho do problema. Vou continuar em frente e em frente, lembra do rolo compressor? Mas, de qualquer forma, ela sabe que, mesmo que eu já esteja pra lá, sempre pode me chamar.

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