A vida é tão imprevisível.
Sentada em uma loja de departamento, ela observava como as pessoas eram. Não fisicamente, mas o seu jeito de se expressar, de falar, de perguntar, de ser questionar do quanto caro está aquela roupa vermelha, ou por não ter o tênis do seu tamanho.
E a chuva lá fora caía, enquanto uma tempestade dentro dela começava a se formar. Ela ergueu a cabeça e respirou fundo e tentou se convencer de que: "está tudo bem, tem de ficar tudo bem, eu consigo"
Ela tinha que ser otimista depois de tanto tempo no pessimismo. Mas era quase impossível...cada dia era um novo pingo.
E em pingo em pingo aquilo tudo se formava na caixinha, e naquela caixinha tinha nuvens desenhadas, um sol radiante e passarinhos sobre o mar azul. Essa era a parte de fora da caixa.
Naquela mesma noite ela se convenceu de que aquela caixa podia ter mais cores por dentro, mas com qual lápis ela iria desenhar? Com aquarela ou guache?
Ela não fazia a mínima.
Ela furava aquela caixinha em pequenos buraquinhos para observar o lado de fora. E observava, as pessoas felizes em suas caixinhas. Alguns com tons muito alegres, outros nem tanto. Mas para ela, o que importava é que alguma cor continha, pois era possível fazer uma mistura de uma cor com outra para se formar uma única cor. O medo dela era observar alguma caixa vazia, sem retoques, apenas com sua cor original. Porque pra ela, aquela caixa desistiu de misturar cores e preferiu apagar tudo, jogar na água.
Para ela, aquele camiseta vermelha caia muito bem na moça da loja de departamento.