SOCORRO!!

Dia 14 - eu...

    [06:56PM] Têm informações demais para colocar aqui, eu estou tão estressada com o ocorrido que eu não faço a mínima ideia por onde começar.

    Eu vou por partes, por mais que seja desconfortável para mim, contar detalhes é importante para o... diário?

    Assim que eu apareci do nada em casa eu fui dormir (eu estranhei, pois, pela primeira vez em 14 dias eu dormi bem) e, agora, eu acordei num corpo diferente, ou melhor, eu não acordei no meu corpo. Sim, eu estou no corpo de Roberto.

    Após acordar, eu percebi que estava numa casa totalmente diferente que tem no "lugar misterioso", aqui é arrumado, tem móveis modernos, quadros de filmes e séries pelas paredes do quarto no qual eu acordei, possui um leve cheiro de lavanda... 

    Eu levantei da cama e olhei para as minhas mãos, elas estavam tão masculinas. Eu senti um gosto de cigarro na minha boca, eu estava me sentindo pesada, eu realmente não estava entendendo aonde eu estava ou que corpo eu tinha.

    - Amor... Eu estou indo visitar a Mariana, você vem comigo? - Uma voz feminina muito parecida com a minha soou de não muito longe.

   "Amor...? O que?" meus pensamentos estavam totalmente confusos até o momento que eu vi o meu reflexo num espelho grande que estava pendurado na parede ao lado de uma escrivaninha cinza com um design moderno.

    - Inferno! Pare de me seguir, seu filho da puta! - Eu peguei um controle de uma televisão que tinha no quarto e joguei o objeto contra o espelho fazendo tudo despedaçar em vários cacos de vidro. - A minha voz... - Eu aproximei uma das minhas mãos no meu pescoço e senti os meus olhos encherem por causa da raiva que me consumiu naquele  momento. Foi nessa hora que eu percebi que eu não estava no meu próprio corpo, mas sim, no de Roberto.

    - Roberto?! O que você fez? - Eu olhei para a mulher que apareceu no quarto com uma expressão facial que demonstrava a adrenalina subiu imediatamente na mesma. Essa mulher era igual a mim. Ela era eu. 

    - Garota... eu... - Deixei as lágrimas escorrerem no meu rosto por causa do medo, da raiva e da tristeza que haviam se juntado para me destruir completamente naquele momento.

    - Por que está chorando? O que houve com o espelho? Por que fez isso? - A garota me abraçou levemente tentando me acalmar da tensão que eu estava sentindo.

    - Seu nome... Me diga o seu nome, garota. Eu quero ouvir o seu nome. 

    - Roberto? Você está me deixando com medo. - A mulher de batom vermelho intenso afastou o seu corpo do "meu" e me olhou nos olhos tentando compreender o meu estado.

   - Me diga o seu nome. Faça isso, por favor. - Eu insisti. Olhar para ela me trouxe ódio, a destruição da vida que ela me fez, ela em si me faz mal e eu já aceitei isso.

   - Amy, o meu nome é Amy. Agora me diga o que deu em você. 

   Eu senti o meu corpo esquentar, meus olhos  encherem mais e os meus lábios torcerem. Eu estava tendo uma sensação peculiar de para na garota até ela desmaiar, mas aquilo não era o que eu desejava. Medo, a única sensação que ambos corpos aparentemente estavam sentindo.

    - Amy... - Eu levantei o meu punho para a mulher e dei um soco forte em seu rosto, fazendo a mesma começar a cuspir sangue.

   - Roberto?!

   - Cale a boca, Amy! - Dei um tapa em seu rosto seguido de um chute na barriga. Ódio. Eu simplesmente não estava conseguindo me controlar naquele momento.

   - Você prometeu que iria mudar, idiota! E eu fui mais idiota por acreditar em você! - Essas frases me fizeram lembrar quem eu sou e onde estou. Essas frases me trouxeram memórias do passado, das vezes que Roberto me violentava. 

    A garota já estava fraca, com marcas roxas em seu rosto e meio tonta por causa da intensidade dos socos.

   - Amy... - Eu senti o meu corpo ficar fraco e cair desacordada naquele local. Amy. Amy. Amy, a garota que foi violentada, abortou a filha, enganada pelo namorado, assassinou a sogra e que agora está presa nos próprios medos. A-M-Y.