ᴏɪᴛᴏ

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M A T I L D E

Ao sair da faculdade, entro no meu Renault Twingo.

O dia estava cinzento e perfeito para ir para casa e aconchegarmo-nos no sofá.

Porém, tal como ontem, eu e o Rúben vamo-nos encontrar num café para falarmos.

Confesso que estou nervosa para a nossa conversa. Quero dizer-lhe que quero tentar algo. Ao longo deste mês de encontros secretos em que apenas nos entendiamos na cama, sinto que já não sei viver sem a sua presença. Talvez isto seja tudo um erro e apenas o quero por perto porque me habituei a tê-lo. Mas, de qualquer forma, eu já não sei como é ter um dia sem o Rúben.

Só que depois existe a Madalena que o ama. Eu não sei se consigo ter algo com o rapaz de vinte e dois anos sendo que a minha irmã gosta dele.

Rapidamente cheguei ao sítio combinado e estacionei o meu carro.

O jogador profissional de futebol já se encontrava sentado numa cadeira, à minha espera.

Caminho até ele.

- Boa tarde! - saudei. O moreno assustou-se com a minha presença e levou a mão ao peito.

- Foda-se Matilde! Que susto. - ri com as suas palavras e desculpei-me.

Ambos fazemos os nossos pedidos e até que os mesmos nos sejam entregues, estamos envoltos num desconfortável silêncio.

O senhor que trabalha no café interrompe o estranho momento e deixa nas nossas mesas o que havíamos pedido.

- Então... - tento quebrar o silêncio ensurdecedor.

- Eu gosto de ti, Matilde. Como te disse ontem, eu não te amo mas gosto de ti, gosto da tua presença e gosto do que me fazes sentir. Gostava de tentar algo.

- Rúben, a minha irmã...

- Esquece a tua irmã.

- Mas, o que é que as pessoas vão achar de nós? De mim? Vão dizer que eu sou a vadia que se envolveu com o namorado da irmã. Para nem falar de que isso iria péssimo para a tua imagem. - deixei que ele conhecesse alguns dos meus medos.

- Não me importo com o que as pessoas dizem quando estamos juntos, tu sabes que eu quero ser o único que te abraça enquanto dormes.

- Rúben, eu não quero alguém que só queira estar comigo para dormir. Quero alguém que queira um compromisso. Quero algo sério.

- E eu posso dar-te algo sério. — agarrou a minha mão esquerda e não tive coragem para desfazer o nosso contacto. - Se me deixares, é claro.

- O pior é que eu quero. Eu quero tentar. Mas, há tantos se's. Entendes o meu ponto de vista? — presisava que ele entendesse a minha maneira de pensar.

- Sim eu entendo, Matilde. — mostrou-me um pequeno sorriso.

- Sabes que estamos a entrar por caminhos apertados, não sabes? — para tentar aliviar a tensão criada, interroguei na brincadeira.

- Sei, mas é um caminho que quero percorrer ao teu lado. — com uma das suas mãos ainda em cima da minha, levou a outra à minha bochecha e acariciou-a.

- Tu levas-me à loucura, Rúben Dias! — gargalhamos.

- É, tenho esse efeito nas mulheres. — gabou-se e eu revirei os olhos.

- Idiota. — entre dentes, murmurei apesar do pequeno sorriso que teimava em não desaparecer.

- Estamos bem? — já sem réstias de humor no seu tom de voz, perguntou.

- Sim, pode dizer-se que sim. — sorri.

Bastaram apenas duas batidas na porta de madeira para que a Madalena mumurasse um "entre".

Abri-a e apenas coloquei a minha cabeça entre a porta e a parede e esperei que a minha irmã visse que era eu.

Assim que o seu olhar caiu em mim, a morena revira os seus lindos olhos verdes.

- Afinal não podes entrar, sai! - ordenou.

- Eu sei que sou a última pessoa com quem queres conversar mas peço-te para me ouvires. - não obtenho resposta por isso entro e fecho a porta atrás de mim. Fecho os olhos e respiro fundo, algo me diz que me vou enervar.

- Se vens para aqui meditar, podes dar meia volta e sair. — e lá está ela com as suas bocas que ultimamente são uma constante.

Abro os olhos e vejo que a Madalena está à espera que fale.

- Compreendo que estejas desiludida comigo, se fosse eu, nem sei como é que reageria. A única coisa que te posso dizer é que eu estou realmente arrependida. - ia continuar a falar mas ela interrompeu-me.

- Nunca pensei ser traída pelo Rúben, tinha total confiança nele. Mas ser traída pela minha irmã, isso é que eu nunca pensei que fosse acontecer. Eu sabia que o Rúben tinha encontrado outro alguém e não o posso julgar por isso, mas saber que esse alguém eras tu, partiu-me o coração. - algumas lágrimas formaram-se nos seus bonitos olhos e queria tanto poder abraçá-la. - E, sabes... - suspirou. - Caso, vocês um dia viessem a ser namorados, eu iria apoiar-vos. Nós não escolhemos quem amamos. Mas aconteceu da maneira como aconteceu e isso, eu não consigo esquecer. - neste momento, ela já não travava as lágrimas. - E sim, eu também sei que tenho a fama de quem consegue arranjar um namorado assim... - estalou o seu dedo médio com o polegar. - Num estalar de dedos mas eu amava-o, caramba... Eu ainda o amo.

- Eu lamento Madalena, juro que lamento. Tudo o que aconteceu foi um erro, e dos grandes. Deixei-me levar e quando dei por mim, já estava enrolada nesta bola de neve.

- Tu gostas dele? - a sua pergunta apanha-me de surpresa e sinceramente, não sei o que lhe vou responder.

Desloquei o meu olhar para o chão e comecei a mexer nos dedos.

- Matilde, responde-me! - calmamente, pediu.

- Eu não sei. - foi a única coisa que consegui dizer.

- Se não sabes, é porque sentes alguma coisa por ele. - explicou.

- Eu prefiro não falar sobre isso. - ela revirou os olhos e murmurou um "claro". - Alguma vez me irás perdoar? - questionei.

- Provavelmente sim, mas agora não sou capaz disso. Podes deixar-me sozinha? - solicitou-me à saída do seu espaço pessoal e obviamente não iria negar. Foi a minha vez de murmurar um "claro" e abandonei o cómodo.

Para ser sincera, a nossa conversa até correu bem. Tendo em conta as nossas últimas tentativas de conversa que acabam sempre em gritos e discussões, esta correu bem.

Claro que eu não estava à espera que ela me fosse perdoar mas, conseguiu falar calmamente comigo e, de certa forma, conseguiu abrir-se para comigo e expor os seus sentimentos.

Sinto que ela, um dia irá perdoar-me e eu sei que esse dia não é o de amanhã, mas espero que seja para breve.

E tal como eu esperava esse dia não foi o seguinte.

Nem uma semana depois.

Nem duas.

Nem três.

Nem quatro.

Nem cinco.

🌸

Olá, olá!

Como estão? Espero que bem.

Não sei porquê mas adorei escrever este capítulo. A inspiração surgiu do nada e aqui está.

Eu espero, do fundo do meu coração, que estejam a gostar.

Um beijinho grande, Rita ❤️

MY SISTER'S BOYFRIEND ; rúben diasOnde histórias criam vida. Descubra agora