Angelo Cattivo!

307 35 3
                                    

Livro: Meu Italiano

**************

Miguel D'Ângelo.

Como o tempo pode passar tão rápido? Bem, eu não sei, mas ainda busco a resposta para isso todos os dias. Parece que foi ontem que eu entrei na mansão dos D'Ângelo procurando por um emprego. Eu era apenas um órfão de dezoneve anos que não sabia muitas coisas da vida, mas que sempre tive o anseio de viver algo grande. E eu vivi, e ainda vivo! E tudo isso por causa dele... Dominic D'Ângelo, meu italiano.

- Papai? - Escuto uma voz baixa e infantil ao meu lado e isso me faz acordar para vida, logo encontrando meu cebolinha parado ao meu lado no sofá da sala.

- Oi amor, estava distraído. - Me justifico e puxo ele para um abraço, deixando um beijo em sua bochecha em seguida, logo vendo que ele fica vermelhinho.

- Eu percebi. - Ele diz e solta uma risadinha, ajeitando seus óculos em seguida.

Olho para meu filho por alguns segundos, e é impossível não me sentir babão. Tomás aos seus dez anos, está a coisa mais linda e fofa desse mundo. Ele não cresceu tanto para sua idade, algo que não herdou do seu pai, pois Dominic é enorme. Mas acho que tudo nele tem uma proporção linda. Os olhos agora mais escuros cobertos por um óculos de grau, os cabelos castanhos escuro, as pequenas sardas no rosto e o sorriso brilhante que aquece meu peito todos os dias. Não falei? Sou babão.

- Você é tão lindo, filho! - Falo de repente e isso deixa ele envergonhado, o que me faz rir.

- Obrigado papai, mas eu quero falar uma coisa. - Ele diz, agora adotando uma postura mais séria, o que deixa ele ainda mais fofo.

- Tudo bem, senta aqui. - Peço e ele logo se põe ao meu lado, entrelaçando suas mãos pequenas em cima do colo.

Olho para ele e tento imaginar o que de tão importante meu filho de dez anos quer falar comigo.

- E então? - Pergunto e noto que ele está um pouquinho nervoso.

Tomás respira fundo e logo depois suspira, me olhando em seguida.

- Eu posso ter um namorado? - Ele pergunta na lata e eu abro minha boca em perplexidade.

Deus, obrigado por meu marido estar trabalhando!

Tento falar algumas vezes, mas nada sai da minha boca. O que me faz respirar fundo e tentar novamente.

- E por que você quer um namorado? - Pergunto de volta e ele revira os olhos para mim, como se fosse algo óbvio.

- É dia dos namorados, eu quero ganhar presentes. E já até sei quem vai ser ele. - Tomás fala e isso quase me faz rir, mas me mantenho firme.

- E quem seria esse pretendente? - Dou corda a ele, que abre um sorriso todo bobinho no rosto.

- O Dimi! - Ele diz empolgado e eu me engasgo com o ar.

Começo a tossir freneticamente e isso o assusta, fazendo ele se levantar e vir dar tapinhas em minhas costas.

- Papai, você 'tá bem? - Ele pergunta preocupado e eu assinto com a cabeça, ainda tentando recuperar meu fôlego.

- Sim, tudo bem. - Falo mais recuperado e tiro suas mãos pequenas das minhas costas, pois isso estava me matando mais. - Ok, vamos conversar sério agora. - Falo e faço ele se sentar no sofá novamente.

Respiro fundo e me levanto, olhando para ele.

- Cebolinha, você não pode namorar, ainda é muito pequeno e novo para isso. E sobre o Dimitri, filho, ele é papai da sua amiguinha, lembra? Você não podem namorar. - Falo e vejo seus olhinhos se encher de lágrimas. - Não agora pelo menos. - Digo, tentando amenizar a situação.

Contos da Juh - LGBTQIA+Onde histórias criam vida. Descubra agora