Vinícius Fontenelle
Ajeito os últimos presentes em baixo da grande árvore de Natal e sorrio com isso. Esse ano tivemos uma grande quantidade de doações por parte da comunidade e isso me deixa muito feliz. Ver o quanto eles estão engajados em ajudar essas crianças que tanto precisam de apoio.
- Tio Vini, vamos ter festinha hoje? - Giulia, uma garotinha de sete anos, pergunta.
- Vamos sim, querida, mas infelizmente eu não posso ficar. - Respondo com calma e seu sorriso murcha.
- Por quê? - Ela pergunta com um biquinho e isso me faz apertar suas bochechas cheias.
- Meu irmão está vindo de longe para me ver, assim como o resto da família. Então hoje eu vou ficar com eles, mas amanhã todos vão vim almoçar aqui. - Falo com um sorriso.
- Sério? Legal! - Ela diz animada.
- Vem, me dê um abraço antes que eu vá. - Sorrio para ela e me abaixo para ficar em sua altura.
Giulia me dá um abraço caloroso e também um beijo na bochecha. Me despeço dela após alguns segundos e logo depois faço o mesmo com as outras quinze crianças e adolescentes que moram no orfanato, onde sou o diretor.
Abraço cada um deles com carinho, pois cada um é importante para mim. E após deixar instruções para os funcionários do orfanato, quanto à ceia de Natal, eu vou embora.
Assim que entro em meu carro, sinto algo como um dever cumprido. É tão bom ver o sorriso no rosto das minhas crianças e saber que posso fazer para elas o máximo que consigo. Há cinco anos atrás, quando recebi o convite para o cargo, eu fiquei em pânico... Sentia medo. Mas então eu me lembrei de tudo o que sofri quando morei em um projeto de orfanato. Naquele momento eu soube que era isso que eu nasci para fazer. Eu me sinto realizado em poder fazer meu melhor e me sinto feliz por estar conseguindo.
Solto um suspiro e dou partida no carro, seguindo para casa. Não demora muito e em poucos minutos já estou passando pelos grandes portões de ferro. Estaciono meu carro na garagem e pego minha mochila, saindo em seguida.
Ouço algumas vozes lá dentro e isso me faz apressar os passos. E assim que abro à porta, corro imediatamente até os braços do meu irmão. Deixo minha mochila cair no chão e me aperto nele, fechando meus olhos, inspirando seu cheiro.
Deus, que saudades!
- Você está tão magrinho. - É a primeira coisa que ele diz quando nos afastamos e isso me faz rir.
- Dani! - Repreendo e ele balança à cabeça em negação.
- Está comendo direitinho? Não é porque você é um homem casado, que deixou de ser meu menininho. - Ele diz como se fosse um pai protetor e o abraço novamente.
- Estou sim, papai. - Brinco e beijo seu rosto.
Me afasto dele novamente e sigo até Heitor, o abraçando apertado também.
- Estava com saudades. - Ele diz sorrindo e deixa um beijo em minha testa.
- Eu também. - Falo sincero e em seguida meus olhos se desviam para um pequeno, não tão pequeno assim, ser. - Meu Deus, você está enorme!
Olho para Ariel, agora com seus já quatorze anos e vou até meu sobrinho, o abraçando forte. Me lembro quando ele era apenas um garotinho de cinco anos e cheio de cachos. "É, o tempo passa rápido."
- Isso é bom? - Ariel pergunta tímido quando nos afastamos.
- Isso é ótimo, meu amor... Você está lindo. - Sorrio para ele e deixo um beijo em sua bochecha.
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Contos da Juh - LGBTQIA+
Short StoryContos avulsos de personagens já existentes ou novos. Plágio é crime! Seja criativo e dê asas a SUA própria imaginação. ©2021/Juliana Souza