Capítulo 7: Conversa com o lado demônio

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O céu estrelado hipnotizava a garota que o observava da janela da biblioteca redonda. Há tempos não fazia isso e se esforçava para se lembrar de quando foi a última vez que sentira o prazer daquele ato. No entanto, estava difícil se lembrar.

Vestida com uma camisola e robe, pronta para dormir, abraçou a si mesma enquanto observava o céu. Suspirou várias vezes, preocupada com Rodrigo. Apesar de ter falado pelo celular com ele há algumas horas com ele dizendo que precisava de mais tempo com os pais, sentia como se algo ruim fosse acontecer.

– Espero que se entenda com seus pais – ela disse, levando as mãos ao vidro da janela. – E que eu esteja enganada quanto a esse pressentimento ruim.

Sua respiração embaçou o vidro por um instante e ela foi rápida o suficiente para desenhar um coração antes que a superfície voltasse ao normal. O lugar ficou levemente marcado e o responsável pela limpeza da casa ficaria muito zangado com aquilo. Pensando nisso, Débora foi até a mesa e pegou numa das gavetas uma caixinha de lenço que a tia mantinha por ali. Assim que voltou na janela, viu Aratz do lado de fora da mansão. E por ironia do destino, sua imagem estava dentro do coração marcado na janela. Débora levantou uma das sobrancelhas e soltou um haha, muito engraçado.

Ele estava parado com as mãos nos bolsos da calça jeans e olhando para o céu. Vestia uma jaqueta preta por cima de uma camiseta branca. Ele sentiu alguém o observando e virou-se na direção da janela. Encarou a garota até que ela mesma fez um sinal com as mãos para que ele esperasse. Débora deixou a biblioteca e foi até o jardim.

O íncubo esperou e a cumprimentou assim que ela chegou.

– Oi – ele estava sério.

– Oi, Aratz. Tudo bom? – ela quis parecer o mais natural possível.

– Tudo bem. E você? Tá curtindo as férias? – ele entrou no jogo dela.

– Férias?

– Quanto tempo faz que os demônios não aparecem? Umas duas semanas? Três? Quase um mês? Férias dos demônios. Férias da faculdade, já que tá matando aula pra caramba. Já devem até ter tirado seu nome da lista – ele fez uma pausa, estreitando os olhos. – Férias do namorado. Cadê o mané? Pra quem só faltava te tratar como o anel do Smeagol...

Ela o interrompeu, levantando uma das mãos. Depois disse:

– Aratz, podemos conversar?

Ele concordou com a cabeça, mas depois disse:

– Mas eu escolho onde.

Débora recuou, já acreditando que ele diria algo como no seu quarto ou na sua cama, uma vez que ele sempre fazia brincadeiras assim. No entanto, ele não disse nada. Estava esperando ela concordar ou não.

– Tudo bem. Onde quer conversar? – ela questionou, curiosa, porém, ainda esperando uma das respostas pensadas anteriormente. Não tinha como ele não dizer aquelas coisas. Era o jeito dele, não?

– Acho que chegou a hora de eu apresentar o inferno pra você. Vou te levar a um lugar onde só existem demônios, mas não se preocupe, ninguém vai tentar algo contra você. Eu garanto. São todos amigos meus.

Os olhos de Débora brilharam, mesmo se questionando sobre sua segurança em meio a demônios. Finalmente ela conheceria mais do mundo desses seres; iria ao mundo de origem de uma parte de si. Porém, não demonstrou o contentamento por muito tempo.

– Mas eu não posso sair da mansão ainda. Preciso esperar Rodrigo voltar.

– Você não quer conversar comigo? Por que tem que levar o mané com você? Dessa vez a proteção fica por conta do cão de guarda. E outra, ele não precisa saber que você saiu – o íncubo não esperou que ela respondesse. Agarrou Débora, jogou-a por cima do ombro, deu dois tapinhas nas nádegas da garota. – Eu vou assumir minha forma verdadeira. Não vale olhar.

Prisioneiro delaWhere stories live. Discover now