Capítulo 5: Brincando com fogo

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No dia seguinte, a primeira coisa que Débora fez assim que abriu os olhos foi sorrir. Rodrigo estava deitado ao seu lado ainda dormindo serenamente. Parecia um anjo de cabelos bagunçados descansando. Ela se sentou vagarosamente na cama para não acordá-lo, cobrindo o corpo com o lençol. Encarou-o por mais alguns minutos com parte de seu coração em um estado de êxtase, regozijando-se pelas sensações maravilhosas que as lembranças do que acontecera naquela cama lhe traziam. Porém, havia o outro lado de seu coração que a fazia pensar em tudo o que acontecera nos últimos dias, trazendo-a de volta à realidade, inclusive na curiosidade repentina quanto à identidade de seu pai. Um vazio enorme tomava seu peito pela morte de Robert; deixou que lágrimas percorressem sua face novamente. Ele era como um pai para ela. Mas e o seu verdadeiro pai?

Ela levou uma das mãos à cabeça, reflexiva. Fechou os olhos, suspirou. A mão desceu para o lençol da cama novamente, sentindo sua maciez. Olhou mais uma vez para Rodrigo por cima dos ombros e o encontrou acordado, observando-a.

Rodrigo estendeu a mão e pediu que ela voltasse para ele. Ela, enxugando as lágrimas e sorrindo, deu um tapinha na perna dele e se levantou dizendo que estava com fome e que precisavam sair do quarto um pouquinho. Como na época de escola, ele se apressou na direção dela, abraçando-a e beijando-a. Porém, os beijos já não eram apenas na face, mas nos lábios, no pescoço e onde mais Débora ansiasse por ser beijada. Somados aos beijos vinham as declarações de amor aos sussurros e as promessas de que cuidaria dela e honraria tudo o que Robert já tinha feito pelos dois para sempre. Débora soltou-se nos braços dele, deixando que o lençol caísse e lhe despisse. Quando deram por conta, estavam se amando na cama novamente.

Como Mariah não mantinha contato diário com a sobrinha a ponto de vigiar seus passos dentro da mansão e os demônios pareceram dar uma trégua, os dois repetiram as noites de amor sem empecilhos ao longo do período de um mês. E como não apareceram demônios trazendo perigo à garota, Aratz também se manteve longe da mansão e de Débora.

***

Somente depois desse período é que as coisas voltaram ao que era considerado normal naquela casa. Numa determinada manhã, Débora se levantou e, enquanto vestia sua camiseta e shorts, ouviu o barulho da porta do quarto ao lado se fechando. Sentiu seu coração acelerar, mas procurou ignorar isso tão logo abriu a porta de seu quarto. Não fazia sentido sentir-se daquele jeito pelo dono do quarto ser Aratz, mas queria saber se estava tudo bem com ele depois da luta contra Lu, afinal, ficaram um mês sem se falar e sem nenhuma forma com que ela pudesse entrar em contato.

Assim que deixou seu quarto, encontrou o demônio parado no meio do corredor e de olhos fechados. Ele trajava as roupas do dia em que presenciou a primeira noite de amor de Débora e Rodrigo e que eram bem diferentes do que ela estava acostumada a ver.

– Oi – ele disse de forma seca.

Ela estranhou o jeito dele. Aratz parecia zangado.

– Err... oi. Você está bem? Onde esteve? Por que ficou tanto tempo longe? – ela tinha muitas perguntas, mas parou de falar, pois percebeu que ele a olhava dos pés à cabeça. – O que foi?

– É impressão minha ou sua bunda tá maior? Tem malhado muito? Tem praticado muita atividade física? – ele perguntou com a cara de pau que tinha, querendo e não querendo ao mesmo tempo se referir ao fato de saber que ela e Rodrigo deveriam ter passado outros noites juntos.

– Aratz! Você não tem jeito mesmo – disse Débora com a cabeça balançando em sinal de reprovação, sem saber que ele tinha testemunhado sua aproximação de Rodrigo. – Fiquei preocupada com você. Seus ferimentos foram muito graves e agora eu vejo que está praticamente recuperado. Isso é muito bom! Estou contente!

Prisioneiro delaWhere stories live. Discover now