Capítulo 2

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Bela

"Eu odeio essa cidade, odeio essas pessoas que só sabem me menosprezar, menosprezar o que é diferente, e eu vou provar para todos eles que eu posso e vou importante, a mais importante de todas!"

A minha voz raivosa agitava a minha mente quando eu lembrava das minhas palavras raivosas aos dezoito anos.

Deus, eu estava remoendo agora todas aquelas memórias que eram tão tristes para mim. Eu em pé, diante a minha família, com o mesmo vestido do dia anterior, maquiagem borrada e lágrimas nos olhos.

Eu não era mais aquela menina, mas virei uma mulher baseada nas ações daquela menina. Batalhei mais, me estudei mais na faculdade de moda e nos cursos de idiomas que eu fiz, me esforcei mais em casa ensaio fotográfico que eu fiz, tudo o que eu fiz, foi pra provar algo que eu já sabia, mas que dessa vez eu podia esfregar na cara de todos eles.

Era isso que eu tinha me tornado? Uma mulher rancorosa? Foi nisso que todos eles me tornaram? Foi nisso que eu deixei eles me tornarem?

Caramba, vovó. Você nem está presente fisicamente, mas está me fazendo repensar tudo só de longe.

Suspirei e levantei da minha cama de infância. Graças a Deus que a minha mãe não transformou esse quarto em uma academia, como nos filmes americanos.

Me espreguicei e olhei meu telefone que provavelmente tinha milhares de mensagens perdidas e a maioria delas era do Marlon, como eu presumia.

Resolvi ligar pra ele.

- Agora que você retorna às minhas ligações? Eu estou preocupado desde ontem! Quase não dormi direito e você só me retorna agora? Caramba, Isabela!

- Nossa, bom dia pra você também, Marlon. E me chamando de Isabela? Você está falando sério então. - Respondo sarcástica.

- Claro que eu estou! Agora me conta como ela está? Qual o estado de saúde dela? - Ele pergunta preocupado e eu suspiro, com lágrimas vindo aos meus olhos, apesar de ter vários traumas, a melhor coisa que essa cidade me deu, foi meu melhor amigo, Marlon.

Enquanto eu conto tudo, ele ouve atento e no final ele diz que logo chegará em Paraíso e eu relaxo, vai ser bom ter meu amigo por perto.

- Bel, meu anjo, eu liguei para a sua irmã, e ela está vindo.

- E como ela está?

- Surpresa que você está aqui.

Me viro para olhar para ela.

- Minha irmã mais velha malvada está surpresa que eu estou aqui apoiando a minha avó? A única que estava lá por mim? - Tento manter o tom ácido fora da minha voz, mas quando éramos pequenas, eu lembro que minha mãe sempre ficava do lado da minha irmã em relação a coisas como meu peso ou como eu precisava de qualquer jeito me encaixar em qualquer padrão maluco pra ser aceita, quando eu só queria ser aceita por ela.

Ela suspira e senta do meu lado, pegando a minha mão na dela.

- Eu sei que eu não fui a melhor mãe, eu sei que foi difícil, mas é que eu tinha tanto medo pelo seu futuro, tanto medo que você sofresse mais do que você sofria tanto na escola. Você achava que eu gostava de ver o meu bebê chegando da escola com o rosto inchado de tanto chorar por causa de pessoas mesquinhas? Me partia o coração toda vez, e toda vez eu tentava falar com você sobre isso, tentava cuidar de você da melhor forma... - Ela para e engole, como se doesse a garganta.- e só depois eu entendi que não sabia de nada, eu devia ter deixado você falar e não ter falado tanto.

Eu não sentia as lágrimas até ver minha mãe limpando elas do meu rosto.

Era tudo o que eu queria ouvir, durante anos e anos, e talvez a minha fuga tinha realmente afetado a ela, porque não demorou muito e já estávamos aqui em lágrimas e abraçadas.

Sinto meu coração mais leve, e talvez, só talvez, seja bom ficar aqui.

*

- Ora, ora, a modelo mais famosa do momento tem tempo pra família? - A voz cheia de veneno da minha irmã questiona e depois com um aceno ela continua. - Tinha que realmente ser no caso da morte da vovó, para ela voltar.

Eu olho para cima, de onde estou sentada com a minha mãe e encaro minha irmã. Isadora Borges, a mais magra, considerada a mais bonita na escola, a popular e completamente fútil.

Enquanto eu queria uma carreira, batalhar por isso, ela queria um marido rico e uma vida confortável.

E aparentemente, ela conseguiu, a julgar pelo anel brilhante em seu dedo.

Eu ia até começar a falar, mas minha mãe me cortou.

- Isadora, se você não for ficar aqui para estar no seu melhor comportamento, melhor nem continuar por aqui. Sua irmã veio pela a sua avó e está arrasada e eu também, se você estiver sentindo  algo diferente de um sentimento de tristeza, é melhor você ir embora.

Ambas olhando assustadas para nossa mãe, mas minha irmã apenas me dirige um olhar de raiva antes de sentar no banco de frente pro nosso.

Ótimo.

*

- Parentes da Senhora Borges?

Todas nós levantamos e olhamos para o médico.

- A senhora Adelaide está estável e dormindo, ela vai continuar sobre observação. Só amanhã mesmo.

Suspiramos de alívio. Até mesmo a minha irmã malvada estava aliviada.

Começamos a recolher as coisas e eu pego a mala que eu trouxe.

- Eu vou para um hotel e esperar o Marlon lá e amanhã eu volto e...

- Hotel? Você vai para casa.

- Casa? A casa dela não é mais aqui, mamãe.

- A casa da sua irmã é aonde a família dela está. E eu vou receber a minha filha, sim. E nem adianta argumentar, Bel.

Eu penso em negar, afinal, tenho muitas memórias da minha casa, mas só pela raiva da minha irmã, eu vou. E como eu pensei anteriormente, estava na hora de acabar com alguns fantasmas do passado.

  E como eu pensei anteriormente, estava na hora de acabar com alguns fantasmas do passado

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Quando eu fechar todos os personagens na minha cabeça, eu monto o cast todo. Mas to sempre aberta a indicações 🤣

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