Aurora

Capítulo 20

- Auroooooooora! - Ouvi meu nome ser gritado do outro lado do pequeno dormitório.

- Oi. - Respondi, enquanto colocava os livros na bolsa.

- Por acaso você não viu aquela minha escova de pentear por aí? Talvez esteja em seu...

- Está no banheiro. - Falei, revirando os olhos. - Bem em cima da pia...

- Urfa! Não sei o que seria de mim sem você! - Melissa dizia ao sair do banheiro com a escova na mão enquanto eu fechava a porta do quarto atrás de mim.

- Eu queria mesmo ver como essa mala ficaria sem todas as coisas que eu precisei te lembrar onde estavam. - Falei, balançando a cabeça negativamente e rindo.

- Acho que finalmente acabei. - Disse, depois de se esforçar para conseguir fechar a mala.

- Você vai quando? - Perguntei.

- Assim que sair da aula. Vamos almoçar no caminho... - Falou. - Vou vir até aqui para buscar as coisas e Brad vai passar para me pegar. 

- Bem, então eu já vou indo. - Falei, caminhando em direção a porta para evitar qualquer tipo de despedida. - Provavelmente não nos veremos antes de você partir, mas façam boa viagem e se cuidem. Boa sorte com os pais de Brad. - Falei, girando a maçaneta.

- Ei! - Melissa veio em minha direção, me abraçando subtamente. - Eu vou sentir sua falta.

 - É só um fim de semana Melissa. - Falei. - E você está me esmagando! 

- Mas é que nunca nos separamos desde que viemos pra cá. - Disse.

- É, eu sei. - Sorri, assentindo. - São só 3 dias. Divirtam-se, e juizo nessa sua cabeça! - Passei a mão em seu cabelo, bagunçando-o.

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Rebecah havia mandado uma mensagem bem cedo sobre fazer questão da presença de todos hoje pela manhã no refeitório. Ainda faltavam alguns minutos, conferi em meu relógio de pulso.

Caminhei devagar sentindo o sol alcançar cada parte exposta do meu corpo, que no caso eram apenas o rosto, os pulsos e as mãos. O clima estava frio como sempre, e a sensação do sol matinal na pele era a coisa mais agradável levando em consideração o horário que eu tinha de levantar da cama todas as manhãs.

Avistei Ethan encostar a sua moto ao longe, o que não foi difícil reconhecer mesmo sem os óculos, pela motocicleta que se destacava diante de todas as outras e além do mais, era quase que impossível não notar a agitação das garotas que estavam paradas próximo ao estacionamento quando tirou seu capacete.

Lá estava ele, com sua típica barba por fazer e a mesma jaqueta de couro que usava quando quase me atropelou. Não parecia notar, e se notava, não parecia se importar com os olhares ou comentários e enquanto passava, mantinha seu rosto sem expressão alguma.

Continuei fazendo o meu caminho até notar que a fila dos cartões estava maior que o costume. Para entrar no refeitório tínhamos de passar uma espécie de cartão com a nossa foto numa máquina e ao que parecia, ela estava com algum tipo de defeito.

- Qual o problema aqui? - Ouvi a voz de Ethan, atrás de mim.

- Parece que a máquina pifou, mas já consertaram. - Respondi, sem olhar para trás.

Passamos juntos pela roleta, indo em direção ao balcão.

- Você não deve ter entendido nada aquele dia... no hospital. - Falou, quebrando o silêncio desconfortável.