p r ó l o g o

262 10 3
                                    

"A dor é dilacerante, mas a 

sua memória continuará viva 

e enraizada em mim. Nos 

encontraremos novamente."

— DESCONHECIDO


Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


MUDANÇAS SÃO INCÔMODAS.

São desconfortáveis, difíceis e até irritantes. Isso ocorre porque estão totalmente fora da nossa zona de conforto, ou seja, exigem esforços intensos da nossa parte e, crucialmente, muita disciplina. São malditamente necessárias, todavia.

Eu tinha oito anos quando meu pai me disse que não amava mais a minha mãe. E, ao relembrar isso, as lágrimas acumuladas em meus olhos fizeram com que eu me sentisse patética ao analisar o meu quarto. Limpei-as e respirei fundo. Eu vivia aconselhando meus conhecidos a terem resiliência e serem fortes, contudo eu não passava de uma hipócrita, já que eu estava chorando pela terceira vez, em um único dia.

Mudanças, experiências novas, merda, eu repetia a mim, como um mantra importantíssimo para que eu não me esquecesse.

Apesar de tudo, estava tudo bem, porque, naquela época, meu pai também disse que ainda amava a mim e ao meu irmão. Entretanto, no dia do meu aniversário de nove anos, ele simplesmente não apareceu na minha festa. Foi somente no outro dia que descobri, através de uma amiga da minha mãe, que era porque ele estava ocupado demais no trabalho, ajudando uma colega nova.

Eu tinha nove anos quando meu pai me disse que estava procurando uma casa nova para morar.

Por que ele não podia morar conosco? O que tinha de errado com a nossa família? Mamãe sempre fez de tudo por ele e para ele. Inclusive, muitas vezes, se esquecia de nós, para proporcionar conforto maior a ele, já que sempre estava estressado por conta do trabalho.

Eu tinha dez anos quando meu pai nos abandonou.

Ele não nos abandonou fisicamente, até porque dizia que não havia saído de casa devido ao fato que estava sem dinheiro para ir morar em outro lugar. Como toda criança, eu ainda não entendia direito o motivo. Eu sabia que ele e a mamãe brigavam muito, ainda mais depois que eu a ouvia constantemente dizer sobre "álcool" e sobre a tal "colega de trabalho".

Eu nunca contei à mamãe sobre as conversas que meu pai tinha comigo. Como uma criança poderia dizer à própria mãe que o marido não a amava mais e estava procurando uma nova casa?

Meu pai foi o típico cara clichê da atualidade.

E eu odiava clichês.

John já não era mais meu pai. Não ia contar histórias para mim e para Nick antes de dormir; não assistia filmes conosco às sextas-feiras, não andava de bicicleta aos sábados e não nos levava para tomar sorvete aos domingos.

𝘽𝘼𝘿 𝘼𝙉𝙂𝙀𝙇𝙎Onde histórias criam vida. Descubra agora