Éramos pecadores perdidos na própria escuridão e desordem; aqueles do pior tipo, viciados e desesperados em nossos jogos insolentes e profanos.
Porque ele não se importava com regras, tradições ou doutrinas. Se não pudesse criar os seus próprios do...
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ESTAR DE VOLTA ME AFLIGIA.
Eu estava no ônibus, indo para a minha cidade natal. Golden Lake era, de fato, um vilarejo minúsculo, ofuscado pela grande cidade próxima, Miami. O avião havia pousado há poucas horas no grande centro turístico e, portanto, eu deveria ir de ônibus até Golden Lake, cujo trajeto demorava um pouco mais de uma hora.
Nesse meio tempo, tive tempo para abrir o Instagram do meu irmão e me deparar com inúmeras fotos dele em festas. Cigarro nas mãos, tatuagens, bebidas, mulheres, provavelmente drogas... Típico. Minha vida poderia ser mais clichê? Só faltava eu conhecer um garoto surfista chamado Travis e começarmos a namorar.
Conforme eu descia para ver todas as suas fotos, meu fone tocava uma música indie. Mais cigarros com jaqueta de couro. Ótimo, meu irmão achava que era dono do próprio nariz e havia virado um garotinho rebelde. Nick era muito bonito, e eu não podia negar. Meu irmão era dono de intensos olhos azuis-claros e cabelos bem loiros. Ele, na verdade, me lembrava muito meu pai, a não ser pelos olhos, que eram da mamãe.
Obviamente, Nick aproveitava de sua boa aparência para agregar à fantasia de rebelde e fazia questão de mostrar a todos o quão badboy era.
E, então, pude perceber. Quando ele voltou para Golden Lake e, enquanto fumava, bebia, ia à várias festas e ficava com muitas garotas, eu cuidava sozinha da minha mãe. Da nossa mãe, merda. O que Nickolas tem no lugar de um cérebro?
Naquela época, tia Margot quase não parava em casa, pois minha mãe precisou parar de trabalhar e sobrou para a pobre coitada da minha tia nos sustentar. Quando fiz quinze anos, comecei a trabalhar para ajudar, mas não durou muito, pois não podíamos mais deixar minha mãe sozinha.
Eu sabia que, no fundo, Nick fazia isso para suprir o vazio que tinha dentro de si, apesar de ele jamais admitir. Disse-me que havia conseguido um emprego e que era ele que estava conseguindo manter a casa. Isso não me aliviou, pois eu sabia que Nick não era maduro o suficiente para administrar os gastos e a responsabilidade de se manter uma casa.
Quando, entretanto, eu comecei a repreendê-lo acerca de algumas atitudes, meu irmão surtou e disse que eu jamais o controlaria feito um cachorro. Obviamente, eu achei sua fala absurda e, a partir desse dia, fomos, gradativamente, diminuindo o contato que possuíamos.
E, depois, assim que o meu pesadelo começou, eu fugi.
Assim como Nick.
Lembrei-me da cena da minha tia chorando. Eu fugi porque não aguentei a pressão e fui covarde. Simplesmente saí do meu lar, de perto da minha tia que deu tanto duro para me criar com a mamãe. Quando ela deu a ideia de eu fazer faculdade em Golden Lake, não pensei duas vezes. Eu apenas não queria mais viver naquele ambiente. E, bem, eu não deixaria meu irmão apodrecer em suas péssimas escolhas.
