Capítulo 2

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João

Eu estava indo para o ultimo lugar que eu gostaria na minha vida. Sempre detestei que meu pai não saia daquela fazenda maldita e para que pudesse vê-lo tinha que passar as férias com ele ali.

Sai puxando minha mãe nessa questão de querer cidade, aquele ar urbano poluído – a parte não tão legal dessa equação-, o barulho dos carros, as festas. Amava tudo isso, só que durante pelo próximo ano no mínimo a minha realidade seria outra. Estava a caminho da fazenda Vale do sol. Estava tentando aceitar entretanto a realidade é que não estou. Só que depois de gastar tudo que adquiri para que minha mãe tivesse tratamento adequado e quem sabe assim o maldito câncer a deixar viver, a minha única saída era ir viver com meu pai. Poderia recomeçar minha vida após perder a pessoa que mais amava nesse mundo.

Não me restava mais nada na capital, os "amigos" que achei que tinha sumiram quando passei a dedicar todo o meu tempo a ficar com mamãe. Gabriela a namorada que tinha desde o fim da minha faculdade de administração também me abandonou, claro que ela iria, já não tinha dinheiro para bancar suas festas e em tempo suficiente para dedicar a ela. E como Gabriela sempre foi ligada a status, a como as pessoas a vinham me largou na primeira oportunidade que teve. E pior foi jogar na minha cara que a culpa era minha. Na época não parei para pensar em como ela era uma mesquinha, só aceitei o fato e fui para o hospital ficar com minha mãe.

Hoje olhando tudo que passei durante os dois últimos anos, vejo que tudo que meu pai falava e eu não aceitava era verdade. Eu vivia uma vida fútil, a prova foi a prova final disso foi no enterro, quando nenhum, nenhum mesmo daqueles que estava sempre comigo nos tempos de fará não aparecerem nem para dar um tapinha em minhas costas. Se não fosse os amigos de minha mãe, teria ficado lá sozinho a velando junto com o pastor que ela escolheu para fazer seu velório.

Fico nessas divagações até que o ônibus para na rodoviária da pequena cidade, pego minha mochila desço para pegar as outras coisas no bagageiro e encontrar meu pai daqui seguiríamos para a fazenda. Ao descer dou de cara com ele me esperando na porta .me aproximo e ele me abraça bem forte, não assumo para ele, mas só eu sei o quanto precisava desse contato físico com alguém sincero.

— Meu filho que bom te ver. _ fala dando tapinha em minhas costas.

— Bom te ver também, pai. Preciso pegar as malas.

— Te ajudo.

Identifico quais são minhas malas quando motorista nos entrega partimos rumo a fazenda. No começo do trajeto ficamos calados sem saber o que dizer um ao outro, se tocava no assunto que me levou até aqui ou não. por mim nunca tocaríamos.

— Tem gente feliz com sua mudança lá pra fazenda. Nem te conto quem é._ Tião fala em tom sarcástico, já ate imagino que vem bomba por ai.

— Quem pai? A Maria, só pode ser.

— Seu bobinho não contei para ela. Deixei que fosse surpresa pra aquela velha_ vai falando entre risos, provocando um arrepio gelado em meu corpo com medo de quem seja — Não precisa fazer essa cara de medo menino, é só a menina Erica.

— O que? Pai, aquela ali pode estar tudo menos feliz por me ver. Alias pode estar feliz em ter a chance de infernizar minha vida. Aquela ali é o capeta em forma de gente.

— Não fale assim, vocês era crianças. Já são adultos, não vai ser do mesmo jeito. Creio que vão se dar muito bem.

— Isso só vendo pra crer.

— Sabe ela agora é uma mulher muito bonita, os peões vivem babando por ela e fazem tudo que ela manda.

— Não venha com essas suas insinuações pro meu lado. Dela quero distancia, dela e de qualquer uma.

— Tá bom, garoto. Fica tranquilo falei só pra ver tua cara, Erica ficou possessa quando contei hoje de manhã. Só quando contei de sua mãe que ela ficou tranquila e aceitou a coisa toda.

— Ela ficou nervosinha, foi? Bem isso eu gostei, uma vez na vida não foi ela me tirando do serio e sim o contrario.

Ah pelo jeito meus dias na fazenda não serão tão tédios afim. Rio distraído percebo quando meu tira os olhos da estrada e fica me encarando com aquela feição dos mais velhos de que já sabem e viram tudo. Fico sério cortando a possibilidade de qualquer outro comentário vindo dele.

A fazenda está mais bonita do que me lembrava, a sede fica rodeada das serras. Uma bela visão, impossível não ficar parado admirando. O cheiro do ar prova que estou bem longe de ode sempre foi meu lar. Não tem um cheirinho remoto que me lembre da poluição da capital.

─ Chegamos garoto. Quer ir na sede dar oi para Maria ou descarregar suas coisas na minha casa?

─ Vou arrumar minhas coisas primeiro, além do mais preciso de um banho.

─ Vou te deixar lá, se ajeite como achar melhor. Eu preciso ir no estabulo ver se os piões tão fazendo o trabalho direito.

─ Não se preocupe, me viro.

Tião desce com a caminhonete mais alguns metros no sentido contrário a sede. Logo para em frente uma casa mais simples, a casa onde passei minhas férias desde que me entendo por gente. Tive bons momentos aqui, era quando tínhamos o momento pai e filho após isso apenas por raras ligações. Mesmo que eu não admita em voz alta, gostava de vir para cá.

Tudo está como da última vez que aqui estive, aquele cheirinho de infância toma conta, fazendo aquela nostalgia adentrar em meu peito. Meu segundo lar, que a partir de agora até sei lá quando se torna o único lar.

A bendita dor volta dilacerando meu coração, dói tanto não tê-la mais aqui. Ela era meu mundo, a saudade nunca vai ir embora.

Seguro a emoção que preenche meus olhos de umidade, não querendo que venha a tona na frente de Tião. Ele chega atrás de mim enlaçando meu ombro dando um pequeno chocalho. Segurar as lagrimas de nada resolveu, ele sempre foi bom de fazer leitura corporal.

─ Também sinto falta dela. Podia não tá mais casado com ela, mas continuava gostando dela. Além do mais a minha ligação com sua mãe não acabou com fim do casamento, erámos unidos por você.

─ Obrigado! Vai ser melhor com o tempo, eu acho.

─ Vai sim, filho. E ela não ia querer tristeza, o lema dela era alegria.

─ Verdade, ela marcava a vida de todos com sua espiritualidade.

─ Então comece a viver a vida por ela e por você.

Tião me dá um último tapinha em meu ombro virando se para sair da casa. Respiro fundo, percebendo que ele está mais do que certo.

─ Valeu pai.

Meu pai não responde, apenas toca a ponta do seu chapéu assentindo e sai. Levo minhas coisas para o quarto, seguindo depois para o banho.

Banho tomado decido ir a sede rever Tia Maria, não que ela fosse minha tia mas é como se fosse. Ela me defendia das arapucas daquela peste da Erica. Atravesso o pasto, quase chegando a sede vejo uma cena que nunca esperei que admiraria e que me despertasse. Erica está nos estábulos, ali na arena treinando um cavalo. Mas é a forma dela, sua postura decidida, com controle que me capta. Vou passando os olhos por seu corpo, ela se transformou em uma linda mulher.

É bem que meu pai disse que ela não tinha nada do que eu me lembrava. Ela está uma verdadeira amazona domando seu alazão. Vestida a caráter, a fazendeira que cresceu pra ser. Nem percebo que estava me aproximando até me encostar na cerca, ali fico admirando, babando. 

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Eita que o negócio promete kkkk' adorooooooo Quero ver o circo pega fogo e vocês? 

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Bruto Coração (AMOSTRA)Onde histórias criam vida. Descubra agora