Terapia de casal

Capítulo 7 - Câmera de segurança

Capítulo 7 – Câmera de segurança

28 de novembro de 2017 – 7ª sessão.

Entrei no prédio como em todos os outros dias de trabalho, entretanto apesar do segurança do prédio ter me avisado que um casal já havia chegado, me deparei com a recepção vazia ao sair do elevador, será que havia acontecido algo e eles haviam ido embora? O prédio não era grande, mas havia dois elevadores. Destranquei a porta antes de entrar em minha sala e me dirigi até minha mesa. Eu estava um pouco atrasada hoje e já era hora da sessão de Sasuke e Sakura, será que pensaram que eu não viria? Sentei em minha cadeira e liguei a TV que exibia a recepção pela câmera de segurança, como de costume, peguei meu telefone e enquanto olhava para tela do televisor decidi ligar para o porteiro do prédio para saber se o casal Uchiha havia mesmo chegado e subido até minha sala, mas enquanto pegava o interfone, notei algo de diferente, havia uma bolsa feminina ao lado do sofá.

No mesmo segundo que larguei o interfone vi a porta do banheiro abrir-se lentamente e uma cabeleira rosa apareceu discretamente, ela voltou a sumir, mas de repente reapareceu sendo empurrada por um homem. Ela se virou para ele e com movimentos exagerados parecia ralhar irritada. O homem somente ajeitou a gravata e abotoou o paletó do seu terno sem parecer se importar, então uma luz verde se acendeu sobre a minha cabeça e eu comecei a rir. Era tão obvio o que havia acabado de acontecer no banheiro do meu consultório que eu não podia parar de rir.

Depois de alguns minutos, que precisei para me recuperar do ataque de risos, decidi que hoje seria a última sessão desse casal, não havia motivo para que eu prolongasse o atendimento quando era obvio que eles conseguiriam se resolver sozinhos a partir de agora. Então antes de chamá-los achei por bem cutucar onça com vara curta, aparentemente Sasuke e Sakura funcionavam melhor dessa maneira, a questão era... eu estava preparada para não cair na gargalhada da reação dos dois?

Levantei com calma enquanto massageava minhas bochechas numa tentativa frustrada de faze-las pararem de doer depois de tanto rir e me dirigi à porta, abrindo-a lentamente, para então receber os olhares surpresos do casal que havia acabado de se sentar no sofá. Encarei o rosto de Sakura mudar de cor, indo do branco ao vermelho e Sasuke desviar o olhar pensativo, para em seguida estufar o peito em total silêncio.

- Vamos entrar? – Questionei ainda sorrindo.

Os dois se encararam e vieram em minha direção, estendi a mão como de costume para cumprimentar a ambos, entretanto Sakura passou por mim como um foguete, ainda vermelha como uma pimenta, enquanto olhava para o chão, já Sasuke, por outro lado, apertou minha mão com uma firmeza exagerada e me encarou com seriedade, como se fosse um chefe cumprimentando um cliente milionário. Observei os dois se sentarem um pouco afastados dentro do consultório e percebi que eles eram péssimos mentirosos.

Depois de fechar a porta caminhei com calma até meu lugar e me sentei em silêncio, em seguida observei a expressão facial de ambos. Sakura ainda estava levemente corada nas bochechas, enquanto seu pescoço parecia continuar em brasas como se precisasse de muito esforço para se manter impassível. Ao lado dela, Sasuke olhava-me firmemente como se esperasse uma reunião importante começar, os lábios dele estavam serrados e o olhar se mantinha firme em minha direção. Ambos em total silêncio.

- Como passaram a semana? – Perguntei olhando para o casal na minha frente, enquanto mantinha um pequeno sorriso em meus lábios.

Sakura olhou pelo canto do olho para seu marido que cruzava as pernas lentamente, fingindo que nada havia acontecido, em seguida ela cruzou os braços também, entretanto era perceptível que o fazia com demasiada força, pois os nós de seus dedos estavam brancos. Entretanto o silêncio continuava, ela encarou-me com cautela e então nesse momento percebi que ela pensava no que havia acabado de fazer em meu banheiro e talvez, só talvez, tentasse calcular em sua mente se teria sido um erro ou não, mesmo assim, a vi engolir a saliva com extrema dificuldade para responder-me após uma leve tossida: