CAPÍTULO 2: O que houve a Elthenkai?

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  Foram-se alguns dias. O povo do Vale estava dividido entre a Fortaleza dos Elfos e a Vila dos Anões. O Reino estava parado, mas não de modo pacífico. O nome de Fal havia ganho notoriedade, o que fez com que ficasse ainda mais popular. Muitas criaturas estavam o seguindo, agora que viram no mago uma figura de líder. Os ataques das sombras haviam parados, pois ninguém sabia o que havia acontecido tão bem. As raças das trevas pararam com seus ataques maliciosos e seguiram em direção a Torre para seu novo líder. Entretanto, Grielion não estava parado. O Elfo se arriscava toda noite para vigiar as florestas e vasculhar antigas cavernas. Era o único que não havia assimilado o que teria acontecido com Elthenkai, que desapareceu em meio uma forte luz resultada no embate entre ele e Fal.

  Grielion vigiava muito, mas sempre retornava sem respostas definitivas. Certo dia, o Elfo enviou uma mensagem a Argdáin, perguntando o que ele achava de tudo isso. Ao ler o pergaminho mandado pelo Elfo, Argdáin guardou- numa vasilha de madeira. Pensou bastante sobre o assunto e por fim, resolveu respondê-lo.

  "Caro Grielion, não sei o que está passando por sua cabeça e nem o que está havendo na morada elfica, mas aqui segue pacato e tranquilo. Nós estamos passando por um momento de reformulação. Muitos homens estão nos ajudando. Gostaria que esquecêssemos o que aconteceu naquele dia. Nosso querido mago se foi, nós perdemos e não há Caminhante Branco algum. Vamos aproveitar nossos últimos dias, até que aquele maldito ataque novamente."

  Argdáin pintou o ponto final, olhou pela pequena janela e deitou-se. Por mais que ele tenha escrito que havia desistido da batalha, ele ainda guardava o fogo da esperança de derrubar aqueles que mataram seu pai.

  No dia seguinte, Grielion não havia recebido ainda a resposta do Anão. — Nada. Nada até agora. - comentava olhando para os céus.

  Horas depois, o elfo ajudara uma mulher, Eliah, de pele branca, rosto sereno e cabelos escuros. — Temos de agradecer a vocês de alguma forma. - — Nada. Isto foi uma decisão conjunta nossa. Não há preço e nós estamos no mesmo barco. - Conversavam sob uma rocha perto da cachoeira.

  Grielion saiu por mais três dias e três noites em busca de respostas. Vigiando e buscando informações, mas sem resultados. O Reino estava monótono e ele sabia que o único lugar que estaria aceso, era a Torre de Uklard, mas ele não era louco de ir até lá sozinho, num momento em que as mais perversas criaturas caminham até lá para seguir seu novo líder.

  — Tōnpo também não deu as caras após o ocorrido. Deve estar vagando pelos grandes matos e pelas florestas. O que Elthenkai quis dizer com o Caminhante Branco? Por céus, eu precisava tanto das respostas... - pensava consigo mesmo, sozinho, sob as árvores e olhando o céu azulado da noite.

  Eram muitos pensamentos na cabeça do elfo, que era o que mais buscava por respostas entre aqueles participantes do ocorrido no Vale. Dias depois, Grielion limpava suas flechas frente a cachoeira, quando Quenae desceu as escadas a seu encontro.

  — Todos os dias você some pelas noites, irmão. O que procuras? - — As respostas, Quenae. Algo me diz que o mago não se foi e o Caminhante Branco é a peça-chave disto. Eu preciso saber quem é essa pessoa. - — Até hoje você não me contou o que houve naquela noite. Tampouco sei sobre o mago e esse Caminhante Branco... - Grielion o interrompeu. — Morte, sangue, corpos inocentes caindo ao chão. Destruição e caos. É o que vocês precisam saber e nada mais. Vidas inocentes foram perdidas por erros nossos e eu quero corrigi-los. 

  Quenae colocou a mão no ombro esquerdo de seu irmão enquanto olhava serenamente as águas da cachoeira caírem. — Você sabe o que eu penso sobre isso, não é? Se precisa dessas respostas, e só você está atrás delas, faça seu caminho. Busque-as. Independente do que acontecer.

  Grielion encaixou suas flechas em suas costas, levantou-se e agradeceu seu irmão. - — Fique aqui. Cuide do povo e dos elfos. - — Onde irá? - perguntara Quenae.

  — Vou atrás das respostas e só voltarei com elas. Obrigado pelo papo.

  Grielion montou em Trovoada, seu cavalo. — Diga  aos outros que voltarei em breve. 

  Ele bateu em retirada e saiu da Fortaleza de forma solitária. Em sua cabeça, já estava decidido. Se Argdáin não o respondia, ele mesmo iria até a Vila dos Anões buscar o companheiro.

  Grielion passou dias em cavalgada, sozinho, solitário e pensativo. Passou por sol e chuva e tudo que possa imaginar. Por sorte, não encontrou nenhum inimigo pelo caminho. Foram quase quatro dias de viagem finalmente conseguir enxergar a Vila dos Anões à longa distância.

   — Enfim, próximos. Corro o risco de não ser bem aceito por lá pelo fato de ser um elfo, mas preciso. É pelo bem de todos.

  Grielion coçou sua testa, ajeitou seu cabelo que escorria pela testa e seguiu em velocidade com Trovoada. Em alta velocidade, o Elfo chegaria em algumas horas até a residência dos Anões. Percorreu por mais três horas, pelo forte sol, não descansou mais. Mas algo ainda martelava em sua cabeça. Ausência total de criaturas pelas florestas e apenas um grande silêncio por onde passava, só escutando as passadas largas de Trovoada.

  Grielion enfim deu a volta e chegou frente a morada dos Anões. Olhou pelo portão, não havia ninguém na guarita. Pensou consigo mesmo se deveria entrar, bater, gritar, chamar ou fazer algo próximo disso.

  O Elfo esperou por alguns minutos para ver se alguma alma viva aparecia para atendê-lo, mas sem resposta. Ele, enfim, empurrou o portão calmamente e adentrou ao vilarejo em cima de seu cavalo.

O Reino e o Vale: O Caminhante Branco [Pausado]Where stories live. Discover now