CAPÍTULO 3: Mudança de ideias

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  Ao entrar pelo portão, Grielion cavalgou de forma muito devagar e calma. Olhando por todos os lados em busca de Argdáin. Via-se muitas casas sendo reconstruídas e pequenos armazéns sendo levantados. Além dos anões, eram visíveis bastante homens e mulheres ajudando nas construções. — Onde está Argdáin, vocês podem me responder? - perguntou a um grupo de anões, que viraram as costas sem ligarem para o Elfo. Todos olhavam com desconfiança para o arqueiro.

  Grielion não conhecia muito o ambiente e ficara perdido. Buscando olhar em todo o canto, até que uma voz veio ao fundo. — Você é cabeça dura! - O elfo virou-se e encontrou Argdáin, que obviamente estava com sua caneca de bebida da Vila.

  Grielion desceu de seu cavalo. — Finalmente. Sem respostas para mim, acha isto certo? - — Não é nada contra você, Grielion, mas saibamos nosso lugar. Sem o mago, estamos por baixo. A derrota está escrita. - — Ele nos deixou dicas, Argdáin. Não podemos desistir assim. 

  Argdáin estava nitidamente insatisfeito. — Que dicas, homem!? Uma espada? Um Caminhante Branco? Nós nem sabemos se isso existe! É coisa de louco! - reclamou aos berros.

  — Vidas inocentes foram perdidas. Nossos amigos se foram, nossos conhecidos... 

  O Anão estava controverso, mas chamou Grielion para dentro de sua residência de rei. Subiram as escadas e foram até a sala principal da residência. Sentou-se frente a uma pequena lareira, atrás havia o brasão prateado da família.

  — Sente-se, Elfo. - pediu Argdáin. — Tenho buscado por informações todos os dias. Nada tenho achado. - iniciou Grielion. - — Viu, não há o que fazermos. É chover no molhado. 

  Os dois conversaram por mais alguns minutos, mas Argdáin não mudara de ideia. Eis que o trio de irmãos homens entram pela porta. — Nós queremos ajudá-lo! - exclamava com força Sam.

  Argdáin levou a mão a cabeça. — Era só o que me faltava... - — Quem são estes? - perguntou Grielion.

  — Nós estávamos no Vale no dia. Perdemos tudo o que tínhamos. O senhor Anão está nos ajudando e nós retribuímos também. Mas queremos mais que tudo colocar a mão naqueles malditos. - disse o terceiro do trio.

  Grielion sorriu. - — Ora, eles vão comigo. - Argdáin o interrompeu. — Não vão a lugar algum. Por favor, se retirem. Os três se retiraram da sala, esperando do lado de fora.

  — Viu, todos querem lutar. Você e os Anões precisam apoiar-nos. É uma questão de honra.

  — Estamos a forjar espadas para os três, eles são inexperientes, nem os conhecemos. Não me faça colocar a vida daqueles em risco. Entenda. - frisou Argdáin.

  Grielion refletiu bastante e em instantes, questionou o anão. - — Não passa pela sua cabeça um daqueles três ser o homem citado pelo Elthenkai?

  Argdáin rangeu os dentes. — Você realmente não desiste. Se passou por minha cabeça? Sim, claro! Mas seria de muita facilidade. E nem saberíamos qual dos três. 

  Grielion entendeu o recado, levantou-se para retirar-se, e Argdáin o pediu para que ficasse. - — Durma por aqui. Há quarto sobrando. Vá amanhã, lhe peço.

  Os dois concordaram, e o Elfo passaria aquela noite na Vila dos Anões. A noite seguiu normalmente, Grielion acordaria bem cedo no dia seguinte e esperou para que os anões acordassem, já que eles tinham o péssimo hábito de dormirem até tarde.

  O dia depois, Grielion conheceu o restante da família de Argdáin, cumprimentou um por um e disse que esperaria o acordar dele para se despedir. Duas horas depois, o anão enfim acordava. 

  Vestindo um longo pijama amarelado e já com uma caneca enorme de bebida. Ele saia esbravejando pelo quarto. — Ele acordou. - comentou sua mãe. - — É. Percebemos. - disse rindo o Elfo e todos caíram na gargalhada.

  Grielion ajeitou seus arcos e flechas e deu o bom dia a Argdáin. — Estou indo. Caso mude de ideia, sabe onde me encontrar.

  Grielion subiu em sua montaria e partiu sol abaixo, mas um grito o fez parar. Argdáin quebrou sua caneca com as mãos. Decidiu de uma vez por todas. — Eu irei. Satisfeito? 

  O elfo abriu um leve sorriso com o canto da boca. - — Boa escolha, companheiro. Suba. Daqui alguns dias você irá ter sua montaria de novo. - Se referia ao Barrigudo, Javali Gigante que Argdáin utilizava como montaria e que estava na Fortaleza Elfica.

  — Tenha paciência, homem. Preciso trocar de roupa e tomar um banho. - Comentou Argdáin, que deu as costas e retornou para sua residência para os preparativos finais.

  Grielion voltou a descer de seu cavalo, bem aliviado e contente pela decisão tomada pelo anão. Ao seu lado, os dois irmãos parabenizaram o elfo, e sem entender ele ficou, até que a mãe do trio de anões comentou. — Não é sempre que alguém faz o Argdáin mudar de ideia assim. Todos sorriram e se divertiram da situação.

  Os quatro voltaram para dentro da casa a espera de Argdáin, que ainda demoraria mais algumas horas se banhando. Grielion e ele sairiam em algumas horas, ainda sob o sol da tarde.

  Neste mesmo meio tempo, o trio de irmãos do Vale seguiam trabalhando e ajudando os anões na reconstrução, enquanto Thor seguia forjando as espadas para os homens. O resto dos homens e poucas mulheres também estavam pelas ruas do vilarejo ajudando o povoado a reerguer suas antigas moradas e reajustando as obras que ali faziam.


O Reino e o Vale: O Caminhante Branco [Pausado]Where stories live. Discover now