Refém

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Nós duas seguimos lado a lado por uma calçada trilhada na lateral do prédio da escola,indo em direção aos fundos. Sundyn olhava para todos os lados e eu em silêncio me perguntava o que tanto a afligia? O que será que precisava conversar comigo?

Desde o dia em que a vi aos cochichos com o professor fiquei toda curiosa para descobrir se existia algum tipo de ligação entre ambos, já que logo de início ficou claro que estava longe de ser "coisa de escola". Mentalmente tentei criar uma linha paralela com todos os fatos que havia descoberto,porém sem sucesso. Sozinha não conseguia ligar os pontos.

Eu nos levei em direção ao antigo vestiário feminino, onde há anos atrás existiu uma quadra de jogos. Abri a porta emperrada usando o quadril para empurrá-la. Um cheiro de lugar velho encheu minhas narinas,sobre o ombro vi a garota bem atrás de mim. Também olhei para os lados tendo certeza de que ninguém nos vira entrando.

Sundyn parou diante mim enfiando as mãos nos bolsos frontais do casaco escuro. Seus olhos castanhos inquietos.

— Bom,aqui é seguro. - digo baixo para que minha voz não fizesse eco pelo espaço vazio.

— Sim… - assentiu.

— Se tem algo importante para me dizer Sundyn-ah, preciso que seja breve porque não posso me atrasar para a aula. Nem você.

— Eu sei professora e serei breve. Só quero dizer para que fique longe do Jihyung.

Egui as sobrancelhas surpresa com a mudança de tom dela, que deixou de ser tímido como no estacionamento.

— Jihyung? Soa bem íntimo. - cruzei os braços

— Fique longe dele. Não… nunca confie nele.

— O que quer dizer? Porque pelo que vi com meus próprios olhos, vocês parecem bem próximos. Vai dizer que tem ciúme? Somos colegas de trabalho e é impossível eu aceitar conselhos de uma aluna ciumenta apaixonadinha pelo professor-

— Ele não é o que você pensa professora! Ele é perigoso! - me interrompeu fazendo-me silenciar minhas palavras.

— Sundyn,por favor seja direta! - a expressão dela mudou de aflita para uma de choro,o que me fez trocar de postura aproximando-me da menor. — Conte-me tudo o quiser,confie em mim.

— Não sei se deveria...

— Você deve. - segurei seu queixo mantendo seu olhar fixo em mim. — Eu sei que ele esconde algo,no entanto sozinha não descobri nada. Não me procurou a toa, Sundyn-ah… no fundo sabe que pode confiar em mim.

Ela franziu os lábios naturalmente avermelhados. Sundyn era muito bonita dentro dos padrões de beleza de seu país.

— Professora,ele…- puxou o ar pela nariz — Ele não é normal. Existe algo que ninguém tem idéia de que ele faz. Algo muito ruim… - lágrimas emergiram dos pequenos olhos e meu desespero cresceu. Só uma coisa me passava pela cabeça. Soltei seu queixo e segurei seus ombros como uma forma de apoio. Por mais doloroso que parecesse ser eu necessitava saber, só assim poderia ajudá-la.

— Sundyn… - a chamei num sussurro. — Seja forte, me conta. Eu quero muito te ajudar no que for possível.

— Não conte a ele por favor.

— Não vou. Estou do seu lado.

Sundyn tomou fôlego secando as próprias lágrimas com as costas das mãos.

— É um na longa história, precisamos de tempo para conservar. Eu não me sinto bem aqui. Não me sinto confortável na escola.

Pensei por um instante.

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