Declaração

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No dia seguinte, acordei com uma tremenda dor de cabeça e estômago ruim. Assim que abri os olhos corri diretamente para o banheiro botando tudo que tinha para fora. Passei quase uma hora na beira da privada vomitando. Quando sai de lá foi para ligar para a escola, avisando que seria impossível trabalhar naquela manhã. Contudo, minha mente estava em Sundyn, só pensei em como ela continuaria a sentir-se desprotegida sem me ter por perto.
Então liguei para avisá-la.
— Você ficará bem. – digo quando ela resmunga por minha falta. — Eu iria se fosse possível, mas estou realmente mal. Suando frio agora. Acho que a comida que fiz pra gente não me caiu bem no estômago.
— Aish,tudo bem. Sinto muito por você Professora. Precisa ir ao médico.
— Vou pedir atendimento residêncial,já que não serei capaz de dirigir assim... Estou preocupada com você. Parece que é uma coisa, viu!? Justo hoje eu passo mal! – sinto um gosto amargo subir por minha garganta outra vez.
— Vou me cuidar. Mas qualquer coisa posso te ligar?
— Sim. Tenha cuidado... Ele não pode desconfiar de que contou tudo que sabe para alguém, muito menos para mim. Precisamos manter tudo como está até conseguirmos pegar aquele maldito computador.
— Sim...– sussurrou — Ele com certeza virá trás de mim. Faz alguns dias que não nos falamos e o fim de semana 'tá chegando, então...
— Eu sinto muito, Sundyn.
— Agora já não importa. Tudo que quero é destruí-lo!
— Ele vai pagar...- meu estômago se revirou e tive de correr novamente para a privada. Do outro lado da linha Sundyn ouviu tudo. — Ah! Sinto muito por isso também... – limpei os cantos da boca com as costas da mão.
— Está muito mal... Procure logo um médico. Assim que puder eu te ligo. Tenho que entrar agora.
— Certo. Até mais, cuide-se.
— Okay. Melhoras, professora.
— Obrigada. 
Fim da chamada. Eu logo disquei o número de um doutor conhecido que sempre atendia nas casas do meu bairro. Ele cobrava caro, porém valia a pena. O médico respondeu a ligação e fez algumas perguntas sobre meus sintomas e desligou dizendo estar a caminho.
Eu sentia uma vertigem incomoda que fazia minha cabeça girar um pouco. Escovei bem os dentes com certa dificuldade e joguei um pouco de água gelada no rosto. Neste instante ouço a porta da entrada ser aberta. Fico tranquila imaginando quem seria. Prendi os cabelos e segui para sala. Chegando lá uma surpresa.
— Oh meu Deus! – levei a mão ao peito sentindo o meu coração acelerar sob minha palma. Ele estava colocando uma mala de mão no canto perto do sofá. Uma máscara preta presa em seu queixo, seus cabelos castanhos mais longos do que eu me lembrava. Estava todo de preto. Quis correr para os seus braços, mas minha debilidade impediu.
— Oi. – sorriu passando os dedos entre os fios. Seu sorriso bonito morreu quando me observou melhor. — Noona? – avançou, sua expressão preocupada lhe tomando a face. — O que houve? Esta pálida!
— Hm... – reclamei o abraçando quando seus braços me apararam pela cintura. — 'Tô passando mal...
— Por quê? O que aconteceu?
Fechei os olhos sentindo tudo girar. Segurei-me em seus braços fortes agradecendo mentalmente aos céus por me trazer de volta meu garoto. O cheiro gostoso que emanava de suas vestes... Ergui a cabeça abrindo os olhos encarando aqueles que me fizeram tanta falta nas últimas semanas.
— Oi. Não foi nada, acho que comi alguma coisa que me fez mal. Não se preocupe porque o médico já está a caminho. Hmhh... Senti sua falta, coelhinho.
Os dedos tocam minhas bochechas e seus olhos preocupados me fitam.
— Precisa se deitar, vem.
Sem mais falar Jungkook me paga no colo, bem no estilo noiva e me leva para o meu quarto. Na minha cama ainda desfeita ele me deita com cuidado, em seguida me cobrindo.
— Precisa de algo? Um copo de água, qualquer coisa.
— Não... Na verdade eu quero sim.
— O que? – curvou-se sobre mim.
— Um beijinho.
— É sério, Luma. – franziu as sobrancelhas.
— Eu sei, também estou falando sério. Hm...
— Está doente. – aproximou-se mais apoiando as mãos no colchão.
— Já pensou que seu beijo pode me curar? – soltei uma risada curta e cansada.
— Não tem graça. – senti seu hálito quente.
— Só um. – lhe puxei pela gola da camiseta, o deixando sem saída. Nossas bocas se chocaram e enquanto ele quis um beijo lento e pacífico, eu o queria em cima de mim.
— Noona... – diz entre meus lábios — Noona... Por favor, assim não. – tentou se afastar. No entanto continuei a beijá-lo, agarrando seus cabelos entre os dedos. Penetrei a língua entre os lábios alheios gemendo em satisfação quando nossas línguas se tocaram. O beijo tornando-se profundo e intenso. Até ele se soltar deixando-me ofegante querendo mais.
— Minha nossa noona! Você não tem jeito mesmo passando mal.
Fiz biquinho.
— Infelizmente passar mal não me impede te querer você.
— E acha que eu faria alguma coisa com você neste estado?
Rolei os olhos.
— Foi só um beijo. – falei com desdém.
— Porque eu te parei de ir adiante.
— Quer que eu peça desculpas? Oh, sinto muito por ser um doente safada, Jeon Jungkook.
— Vou ignorar o que disse.
— Ótimo. Você é mesmo bom nisso. – rebati.
— Por que quer discutir? – indagou.
— Eu quero?
— Esqueça o que eu-
A companhia toca.
— Ah, deve ser seu médico. – levantou-se saindo do quarto. Pouco tempo depois voltou com o senhor de cabelos grisalhos, um jaleco branco e maleta preta.
Jeon ficou de braços cruzados sentado na poltrona do quarto, enquanto eu estava sendo examinada. Seus olhos grandes seguindo todos os movimentos do doutor. O vi se levantar para olhar quando o médico levantou minha blusa para apalpar minha barriga. Jeon fechou a cara e de alguma forma aquilo foi cômico.
— Bom, vejo que a senhorita está desidratada e provavelmente comeu algo vencido, o que poderia desencadear uma intoxicação alimentar, que é bem perigoso. Vou lhe dar esse remédio. – tirou um frasco da maleta — Tome um agora e outro amanhã cedo. Vou lhe deixar um atestado médico.
— Ela só tem isso mesmo doutor? – perguntou Jeon.
— Sim. Ainda bem que ela ligou porque o quadro poderia se agravar prejudicando o estômago. Ela me disse que vomitou muito, então... Já pode imaginar.
— Ah, sim. – ele assentiu me olhando — Vou buscar um copo de água para tomar o remédio.
Ele foi e voltou. Me ajudou a sentar na cama e deu água na minha boca.
— Obrigada, querido. – sussurrei.
— Por nada.
— Vai ficar um pouco sonolenta, mas vai acordar novinha e folha. – diz o médico.
— Obrigada doutor. – olhei para Jungkook — Pode pegar minha bolsa ali, vou pagar a consulta.
— Não se preocupe com isso. Vamos doutor, eu te levo até a saída.
Fiquei na cama sem entender o que ele queria fazer. Logo Jungkook retorna sentando-se na beira da cama.
— Não precisava. – eu digo consternada.
— Eu sei.
— Sabe que eu posso arcar com minhas próprias contas e foi eu quem chamou o médico...
— Sei, sei de tudo isso noona. Agora pode descansar. Estarei aqui para o que precisar. Quer que eu apague a luz? Acho que fica melhor para dormir.
— Pode ser. Será que poderia se deitar comigo depois?
— Claro.
Com a luz apagada Jungkook tirou os sapatos e deitou-se junto a mim. Ficamos de conchinha, sua mão na minha barriga fazendo carinho. Eu relaxei sentindo a respiração calma no pé do meu ouvido, o peito dele contra minha costas.
— Por que chegou tão cedo? Veio direto pra cá?
— Uh-hum... Senti que precisava vê-la.
— Que bom que veio. Fico muito feliz, você me salvou. Não seria bom ficar sozinha.
— Não é para tanto. Onde estão Yoko e Sora?
— Yoko está passando uma temporada na casa da vó e Sora está trabalhando.
— Hm... O doutor me disse que você precisa se hidratar e comer direito. Disse também que pode ter passado algum tipo de estresse, por isso seu estômago rejeitou o que comeu.
— Pode ser.
— Como tem sido por aqui? Na escola.
Ah, não... Eu não queria falar sobre a escola. Jeon não precisava saber de nada daquilo.
— Tudo na mesma. – me virei para ele ficando frente a frente. — Tenho certeza que tem histórias mais interessantes para compartilhar. – lhe dei um selinho rápido.
Ele sorriu.
— Foi muito divertido. – começou.
Não sei quanto tempo ficamos ali conversando sobre os shows e cidades que ele havia visitado. Sua voz baixa e calma contando cada detalhe, eu adorava ouvir. Mas então o sono veio “puxar minhas pernas”, pestanejei tentando afastar a sonolência, no entanto fora impossível.
— Pare de lutar contra o sono, noona... – - sinto seus dedos tocando minha bochecha com suavidade. — Durma. – sussurrou. Fecho meus olhos e a última coisa que ouço é sua doce voz cantando baixinho.

Only You | jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora