SETE

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Livia Mitchell

David levantou a cabeça com urgência e paralisou quando me viu. Tentou esconder minha calcinha na mão e cobrir seu corpo nu, sua boca estava aberta por conta do susto que levara. Meu celular tocou mais uma vez me fazendo tremer, fechei a porta com força e desci as escadas correndo com medo de Natie acordar com o toque. Cheguei na sala ainda tremendo, olhei para o celular, era Bryan.

- Oi, irmão, achei que não ligaria mais. - Sussurrei para ele.

- Hoje foi pesado, Liv, cheguei tem meia hora, só tomei um banho e preparei algo pra comer. Como estão as coisas? Ainda acordada?

- Sr. Collins chegou tarde também, deduzi que você demoraria a ligar. Estava dormindo, mas por coincidência acordei a pouco. Por aqui está tudo... tranquilo. E você?

- Também, Liv. Vou comer e capotar na cama. Ah, vi a mensagem, devo mesmo chamar a Natie para o baile?

- Bom, foi ideia dela, você vai?

- Acho que sim, gostei da ideia de levá-la.

- Vê se age como um cavalheiro perto dela! - Bryan riu do outro lado da linha.

- Boa noite Liv, não demore muito para dormir. Vem pra casa amanhã ou vai ficar aí?

- Vou passar aí pra pegar umas coisas depois da aula e volto pra cá. A propósito, estou matriculada!

- Eu disse que daria tudo certo! - Pude sentir a felicidade em sua voz de sono.

- Boa noite, irmão.

Desligamos. Debrucei sobre o balcão da sala que dava pra cozinha. Toda a tensão pelo que eu havia visto a pouco voltou a me atingir. Eu o vi, rendido por mim naquela cama. O que teria acontecido se meu celular não tivesse tocado? Eu realmente teria entrado? Eu não sei se teria coragem.

Decidi subir pra deitar, levantei do balcão e vi David encostado na parede ao lado da escada, me observando. Ele estava com uma calça moletom cinza larga e nada mais. Seu abdômen definido, seus braços expostos, seu cabelo bagunçado, perdi o fôlego. Sua expressão era séria, mas também envergonhada. Não pude dizer sequer uma palavra. Não consegui.

David Collins

Eu não sabia ao certo o motivo de tê-la seguido. Não poderia ficar de braços cruzados considerando o que ela vira a pouco. Queria tentar esclarecer, inventar algo, fingir que tudo não passava de um mal-entendido, mas minha expressão era nítida. Eu estava rendido por ela no quarto e estou rendido por ela agora. Nos olhamos por um tempo sem dizer nada, até que tomei coragem, acabando com aquele silêncio constrangedor.

- Livia - A chamei quase em sussurro, não queria que Natalie acordasse. - O que você viu... o que você viu lá em cima, e-eu... - Levei as mãos até a cabeça, não sabia o que dizer. - Eu não vou mentir pra você, Livia. Eu só... Me perdoa, certo? Não quero que fique com raiva, nem que pense mal de mim, eu jamais faria algo com você - Minha voz era desesperada e baixa, me senti como uma metralhadora de desculpas. Preferi calar a boca e um silêncio surgiu novamente.

- Sr. Collins? - Sua voz me atingiu como um tiro, o jeito que ela pronunciava meu sobrenome era excitante demais.

- Sim, Livia?

- Você estava pensando em mim?

- O que? - Não pude acreditar.

- Você estava pensando em mim? - Ela repetiu a pergunta sem tirar os olhos dos meus. Tentei pensar em alguma mentira, tentei apenas dizer não, mas eu não conseguia, algo em mim queria que ela soubesse desse meu desejo insano por ela.

Não se apaixone por mimOnde histórias criam vida. Descubra agora