VINTE E SEIS

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Livia Mitchell

Quinze chamadas não atendidas de David. Só hoje. E isso não era nem metade de todas as vezes que ele me ligou durante esses dias. Eu gostava de fingir que estava ocupada, mas na verdade eu estava na casa da expedição. As viagens sessaram um pouco por conta das tempestades e eu não tinha absolutamente nada para fazer a não ser a internet.

Sempre que via sua chamada na tela do meu celular ficava tentada a atender, mas eu estava com uma ideia infantil de ignorá-lo que eu já nem sabia mais qual o propósito. Já faziam algumas semanas que ele me ligava e estava ficando cada vez mais difícil não atender.

Véspera de ano novo, todos em clima de festa dentro de casa. Decorações em prata e dourado enfeitavam o grande quintal onde estávamos reunidos. Eu sempre gostei desse clima de festas de final de ano, pois é sempre muito sentimental e espirituoso pra mim, e dessa vez não seria diferente.

Três minutos ainda restavam daquele ano que foi ao mesmo tempo incrível e devastador. Mas ainda havia uma chance de melhorar a parte ruim.

Uma vontade desesperada de ouvir a voz de David mais uma vez naquele ano me invadiu. Senti meu coração acelerado, eu precisava dele. Minhas mãos suaram frio, minhas pernas tremeram. Eu tinha que fazer isso. Com o celular de um dos colegas de trabalho da minha mãe eu disquei o número de David. Ele atendeu.

– Alô? – Congelei ao ouvi-lo meio rouco. – Alô, tem alguém aí?

Eu respirei fundo ao telefone, me segurando para não dizer nada. Ouvi ele suspirar do outro lado da linha, parecendo perceber que era eu.

– Livia, meu amor. É você? Fale comigo. Eu... eu quero muito ouvir sua voz. Eu estou morrendo sem você. Nós... nós precisamos conversar, há tantas coisas para lhe contar. – Ele esperou por alguma resposta minha. Sem sucesso. – Fale comigo, Livia. – Sua voz era suplicante, minha vontade era acabar com todo esse tormento.

Ele ficou em silêncio por dois minutos, exatamente o tempo que faltava para o ano se romper e eu esperei junto com ele. Quando o relógio marcou meia noite e um novo ano se iniciou pude ouvir as comemorações tanto da casa onde eu estava quanto do outro lado da linha, na casa dos Collins. Ele suspirou mais uma vez, voltando a falar comigo aparentemente fugindo dos fogos e dos gritos.

– Feliz ano novo, meu amor. Eu sei que fui um babaca e um medroso, espero que você possa me perdoar. – Ele esperou para que eu dissesse algo, mas novamente apenas suspirei, sentindo uma lágrima escorrer por meu rosto. – Volta logo pra mim. – Sua voz fez meu coração arder.

Ele virou o ano no telefone com alguém que ele não tinha nem certeza se era eu, e esse simples gesto me lembrou do homem incrível que ele é. E mesmo ainda estando abalada, me lembrei do forte sentimento que tenho por ele.

Ouvi a voz de Natalie o chamando para brindar e meu coração se encheu de saudade dela também. Percebi que logo ele desligaria a chamada e meu coração se apertou.

– Bom, eu... adorei a nossa conversa – Ele riu um pouco sem graça do outro lado da linha e eu quase derreti com a sua vulnerabilidade. – Mas eu preciso ir... Natalie também está morrendo de saudades de você, só não mais do que eu. Boa noite, Livia. – Ele parou de falar mas não desligou. Era a minha chance.

– Feliz ano novo, Sr. Collins. Boa noite. – Meu tom foi provocativo e ele suspirou, quase numa risada. – Estou com muita saudade de vocês. – Foi a última coisa que eu disse antes de desligar. Meu coração acelerou como se ele estivesse ali na minha frente.

Não se apaixone por mimOnde histórias criam vida. Descubra agora