Capítulo 4

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 Quando entro em casa a única pessoa que encontro é o meu padrasto. Está sentado no sofá e a fumar. Estranho de imediato. Não me lembro de ele ter mencionado alguma vez que fumava ou de eu o ter visto a fazê-lo. 

  Quando me vê ele tenta esconder o cigarro, penso que ele não sabe que na verdade eu já o vi. 

— Olá. Não sabia que fumava. — eu afirmo, e sento-me numa cadeira pertencente à mesa da sala. 

 Ele parece incerto ao que dizer, deduzo que está confuso entre mentir, dizer a verdade ou desviar o assunto. — Pois, fumo há dois anos. — ele responde e levanta-se rapidamente apenas para apagar o cigarro do lado de fora da casa. 
Após alguns segundos regressa, e quando eu estou prestes a sair da sala e ir para o meu quarto ele interrompe os meus movimentos dizendo:

— Sei que não somos próximos, mas gostava de mudar isso. Porque agora tu e o teu irmão fazem parte da minha vida. Então acho que devíamos ter uma ligação mais forte. Por favor senta-te. — ele bate com a mão de leve no sofá, e eu sento-me ao lado dele um pouco incerta.

— Vou contar-te uma história. A minha história. — ele afirma. Fico um pouco confusa com o que ele diz. Não esperava aquilo. 

Fico em silêncio e espero que ele continue.

 Ele conta que em adolescente era um jovem estúpido, mau aluno, e envolvia-se em lutas frequentemente.

Aos dezanove anos começou a consumir drogas, e só parou quando os seus pais o puseram numa clínica de desentoxicação.

Durante os anos seguintes, já em adulto, ficou desempregado e ainda continuava o mesmo playboy. Só começou a mudar os seus comportamentos quando arranjou trabalho num supermercado e percebeu que estava a arruinar a sua vida ao compará-la com a dos outros.

— Ok. Não fazia ideia que era assim. Mas não vai magoar a minha mãe pois não? — arqueio uma sobrancelha em questionamento. 

— Claro que não. Sou uma pessoa diferente agora. — ele responde e eu deixo-o sozinho no andar de baixo, dirigindo-me para o andar de cima.

Estou prestes a ir estudar quando me lembro que deixei os meus livros no andar de baixo. Sou muito distraída. 

Enquanto desço as escadas consigo ouvir o meu padrasto a falar com alguém e ele parece estar a atender uma chamada no telefone:

— Não se preocupe. Ela vai melhorar os comportamentos. Espero eu. — ele termina a chamada e eu apresso-me a voltar para o andar de cima para que não me veja. 

De quem é que ele está a falar? E quais são os comportamentos dessa pessoa?

 Aos poucos a minha cabeça vai enchendo-se de perguntas. Ligo a internet do meu telefone e decido ir ao whatssap para ver se tenho mensagens novas. Recebo um pedido para fazer videochamada da Emma, e embora não queira ver a cara dela sequer, a curiosidade é mais forte. Clico em aceitar. 

— Olá Karoline, tudo bem?  — a Emma fala quando atendo. Os seus cabelos dantes pretos como o céu noturno estão agora pintados de um loiro num tom dourado. Os seus olhos castanhos chocolate foram também trocados por umas lentes azul claras, que sinceramente, lhe ficam muito mal. 

— O que queres? Sê rápida. Tenho coisas mais importantes para fazer do que falar contigo. — eu ordeno, e ela dá um sorriso malicioso, que me faz estremecer. 

— Bem hoje o teu querido namorado — ela faz aspas na palavra namorado e eu fico mais nervosa do que já estou — se lhe podemos chamar assim, beijou-me. Só para saberes. — penso que ela está a mentir, mas ela parece estar a ser sincera, e até....preocupada....quê? Definitivamente enlouqueci. 

The new life of KarolineOnde histórias criam vida. Descubra agora