Deixamos o dinheiro no balcão do bar, e caminhamos rumo a saída do local. Ele me olhava com um semblante desafiador, enquanto eu mantinha minha expressão costumeira, apenas o olhando semiserradamente. Ainda me sentia desconfortável com tudo aquilo.
A ideia de estarmos indo sabe se lá onde para arrumar alguém para mim não é muito agradável, afinal, se eu realmente quisesse sair para beijar alguém eu já teria feito aquilo sozinho. Eu estava aceitando aquela "proposta" primeiramente para ser deixado em paz, e segundamente porque eu sei que ele não desistiria fácil, então eu acabaria logo com tudo aquilo.
"Preparado para se lembrar do gosto da boca de uma mulher, David?" Seu ar era debochado, claramente caçoando da minha "não necessidade" de sair beijando várias bocas por aí, como ele fazia.
"Você sabe muito bem que eu não estou interessado nisso, Steve. Sabe que eu só aceitei a tua proposta para ser finalmente deixado em paz."
"Veremos quando você estiver frente a frente com uma mulher de verdade. Depois, você me agradecerá por isso." Seu sorriso era confiante, tão confiante que até eu mesmo temia o que viria pela frente.
[...]
Nós fomos em seu carro para o tal local que ele não havia me contado qual era, mas eu já desconfiava que seria algum tipo de festa ou balada. Apesar que era bem cedo ainda, então eu não sabia bem o que realmente se passava pela cabeça de Steve.
Após parar o carro no local que supostamente havia planejado, uma sensação boa e nostálgica me invadiu. Eu conhecia bem aquele lugar.
"O que estamos fazendo aqui, cara?" Questionei confuso.
"Você precisa relaxar, está muito tenso. E além disso, tá cedo ainda. Vamos nos divertir um pouco antes de tudo." Steve sorriu ladino, e fomos para fila que se formava para comprar os ingressos.
Nós estávamos em um lugar que costumávamos ir bastante quando mais jovens. Basicamente, era o estádio de Hockey no gelo mais famoso da região. Nós dois éramos apaixonados por jogos de Hockey desde a adolescência, e sempre que pudíamos vinhamos assistir as competições juntos.
"Eu não acredito que estamos aqui de novo." Disse, visivelmente nostálgico e feliz. Como uma criança que acabara de ganhar um doce.
"Sim, estamos. E é por minha conta hoje." Steve concluiu. O abracei calorosamente, esboçando minha felicidade.
"Espera... Você não está tentando me comprar para participar do seu joguinho, está?" Indaguei, arqueando a sobrancelha e me separando do abraço.
"Eu não interpretaria assim, Dave. Eu realmente quero meu melhor amigo se divertindo. Não me veja como um monstro." Sua voz não demonstrava ironia alguma, mas eu ainda mantinha certa desconfiança.
Apesar de sermos melhores amigos, continuávamos em uma "aposta", e Steve não era do tipo que gostava de perder. Mas naquela situação, eu estava me garantindo.
Acabei por concordar com ele. No momento eu queria apenas aproveitar, sem pensar na aposta, ou em qualquer outra coisa. Eu realmente estava feliz por ele ter me trazido aqui. Chantagem ou não, eu iria me divertir, assim talvez consiga esquecer dos momentos nada agradáveis que viriam mais tarde.
-
"Steve..." pigarreei.
"Hm?" Direcionou seu olhar à mim.
"Se eu sair ileso da sua proposta, vou querer a sua ajuda para algo que eu fiz. E você terá que me ajudar. Sem reclamar."
"O que seria?"
VOCÊ ESTÁ LENDO
De volta para o passado
Science-Fiction/Este livro pode te surpreender. Dê uma chance e venha conhecer "De volta para o passado" de autoria minha./ Nossa história se passa na grande e tecnológica cidade de Tóquio, berço das maiores invenções da atualidade no século XXI. David Carter é u...