Dois

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Melinda

Sentir Luísa completamente minha daquele jeito era o ápice da minha vida. Dizem que se conseguirmos atingir esse topo é porque nossa missão no mundo terminou. Mas acho que a minha estava só começando.

— Da próxima vez que você me deixar aqui sozinha logo depois de uma viagem longa dessas vai ser pior. — ameacei bem próxima à boca dela.

Ela riu. Eu amava sua risada. Amava seus olhos marejados quando estava feliz.

— É muito mimada essa minha namorada. — disse sorrindo e me beijando. — Vingativazinha mais linda desse mundo.

— Sou! — falei num tom infantil e me aninhei nela beijando seu pescoço. Ela ainda tinha pequenos espasmos e me apertou. — Eu te amo. Parece um sonho que estamos aqui de verdade.

— Eu te amo tanto, Melinda! — disse emocionada. — Tenho medo de acordar.

— Você não vai acordar. — sussurrei. — Não deixo. Desculpa por todo esse tempo que te deixei de lado, te troquei.

— Não fala disso. Eu sei que você teve seus motivos, por mais toscos que fossem você achava que era certo. Estamos começando agora. Vamos começar do jeito certo.

— Você é perfeita, sabia?

— Não sou, logo você vai ver. — Riu e me abraçou, estava cansada.

Beijei sua boca de forma agressiva e saí da cama.

— Preciso falar com a Gi. Eu estava tão morta que desmaiei... — avisei e peguei o celular. Havia muitas notificações do Twitter e Instagram. Ignorei e entrei no aplicativo de mensagens.

— Falei com ela mais cedo. Falou sobre seu carro.

— Meu carro? O que tem meu carro? — perguntei preocupada ficando de joelhos na cama enquanto digitava uma mensagem para minha amiga. — Não tá chegando.

Entrei no Twitter e me vi nos trending topics. Entrei na notícia vi que explodiram o meu carro na garagem do meu prédio.

— Ah, pelo amor de Deus! — Lamentei. — O Cristiano não cansa de ser idiota.

— Amor, vem cá. — Estendeu os braços e me deitei em seu colo ainda vendo todos os tuites sobre o atentado, que ocorreu no mesmo dia que embarquei. — Fica um pouquinho aqui, deixa isso para depois.

— Eu preciso me pronunciar, amor. O Cristiano pensa que é quem?

— Bandido, amor. Você está longe de lá, não vão poder fazer nada contra você. — falou sonolenta, só trabalhou, até durante o voo, precisava descansar.

Larguei o celular e a abracei carinhosamente.

— Você precisa dormir. Está exausta. — Fiz um carinho nela e fiquei com ela no colo até dormir.

Saí devagar da cama, coloquei um robe e peguei meu laptop. Escrevi uma matéria de oitocentas palavras sobre o atentado. Antes de postar verifiquei os nomes dos investigadores que foram citados nas matérias.

Giselle finalmente me respondeu.

— Gi, você está bem?

— Mais ou menos, Mel. Problema familiar, mas sem condições de resolver nada agora.

— O que aconteceu?

Desde que decidi ser mais amiga, eu estava me interessando de verdade pela vida das pessoas que eu amava. E Giselle sempre esteve comigo, era o mínimo. Mudar requer coragem, não é para qualquer pessoa.

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