Akai ito

Conversar com o Jooheon todos os dias através do Skype era uma rotina que, apesar de ruim — afinal, eu o queria ao meu lado. — era algo que me deixava feliz. Eu podia notar a diferença pro meu relacionamento anterior. Poderia ficar dias sem falar com o Wonho, que isso não me incomodava, e às vezes, fazer uma chamada com ele parecia mais uma obrigação do que algo que eu realmente quisesse fazer. Já com o Honey, era a melhor parte do meu dia.

Ele sempre me ligava meio dia, quando era noite pra ele, pois era um horário que os dois estariam com horário mais ou menos livre.

Faltava um mês para minha formatura, e ele já estava a algum tempo me pressionando sobre a decisão que eu tomaria. Ficar na Coreia e não dar mais chance pro nosso relacionamento, ou ir pros Estados Unidos, ficar com ele.

Claro que não seria uma decisão fácil, afinal, era algo muito sério, que mudaria minha vida, e eu precisava pesar todos os prós e contras. Mas, naquele dia, eu estava disposto a falar sobre isso com ele.

— Oi Minhyukie, como sempre, estou morrendo de saudades. — ele botou a mão no peito, rindo da ceninha que fazia, ao que eu também sorri.

— Eu também, meu anjo.

— Hoje foi puxado no trabalho, tinha que entregar uma masterização com urgência, achei que não conseguiria acabar.

— Você é talentoso, tenho certeza que daria um jeito. — o elogiei, mas era a pura verdade. — Honey, eu precisava falar com você, sobre uma coisa.

— Vish! — ele arregalou os olhos. — Isso é um precisamos conversar?

Suspirei fundo, esfregando minhas têmporas, já demonstrando a tensão.

— É sim...

— Que foi? — ele até se ajeitou na cama, ficando numa postura mais correta.

— É sobre o meu futuro, pós formatura. — minha voz já soava triste, então ele deveria estar imaginando que não viria coisa boa.

— Eu esperava que dissesse o nosso futuro.

— Eu também... E eu queria muito que fosse assim. Mas não sei se vai mesmo ser.

— Por quê?

— O que eu queria te contar era que fiz um teste pra um dorama, a algumas semanas atrás.

— Por que não me contou?

— Eu não queria criar expectativas, não contei pra ninguém na verdade. Você é o primeiro a saber.

— E aí? — eu podia sentir a expectativa e a ansiedade na voz dele.

— Eu passei. — aquilo deveria ser bom, mas na realidade, parecia que eu estava dando a notícia da morte de alguém, de tão pesado que estava o clima. — É um papel secundário, sem muita relevância, mas eles disseram que eu tenho esteriótipo pra ser protagonista algum dia. E que, se eu entrar pra essa agência, eles vão me conseguir muitos trabalhos como ator e também como modelo.

— Isso quer dizer que você já tomou sua decisão? E vai ficar aí? — pude ver a lágrima escorrer solitária pelo rosto do meu amado. Queria poder seca-la, lhe fazer um carinho, mas tudo que eu tinha era uma imagem na tela do notebook.

— Honey, você sabe que se eu fosse pra aí, sem nada, seria receita certa pra dar merda.

— Por que diz isso?

— Porque, na primeira discussão que tivéssemos, você jogaria na minha cara que eu dependo de você, que vivo às suas custas, ou eu jogaria na sua cara que abandonei tudo para estar ao seu lado. Eu sei que jamais diríamos coisas assim um pro outro por maldade, mas no calor do momento, a gente fala merda. Isso nos magoaria muito.