Capítulo 0.1 - Anxiety

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Por Cheryl

Lá estava eu, entrando com meu vestido branco tomara-que-caia levemente armado.

Eu caminhava até ela, estava feliz, tão feliz. Logo alcancei minha noiva no altar, parecia ser tudo que eu sempre quis, então peguei em sua mão macia. Tudo estava tão perfeito. Minha madrinha de casamento e prima Betty estava ao meu lado, uma música calma tocava, acho que era "Love of my life" da banda Queen, uma das minhas favoritas. Eu e minha garota amávamos essa música.

Eu só conseguia sorrir, vendo ela, minha Heather, nosso casamento, eu a amo mais que tudo.

A cerimônia começou, e quando ela ia colocar a aliança em meu dedo, vi seu tom de pele mudar, pálido, cinza. Suas unhas podres.

Direcionei meu olhar para sua face, ela tinha se tornado um cadáver, então começou a se desintegrar.

Eu: _ Não... Não! - suas mãos se soltaram das minhas, eu estava perdendo ela. _ NAOOOOOOO-

_____________

?: _ Ei! - alguém balançava meu corpo. _Cheryl! Se acalma, foi só um pesadelo, só um pesadelo...

Ah, claro que eu estava dormindo. Eu nunca teria percebido que era apenas um sonho, já que eu não consegui dormir por um bom tempo, era óbvio que tinha sido o efeito desses remédios.

Eu tinha sonhado com ela de novo, só aí percebi que ainda estava gritando provavelmente pelo estado de choque do pesadelo, me calei.

Odeio tudo. Odeio olhar para todos os cantos que estão à minha volta, odeio estar aqui sabendo que ela está há 7 palmos do chão, odeio respirar sabendo que ela não pode mais.

Eu: _Eu sabia que não deveria tomar esses remédios! - falei em um tom agressivo, jogando meu cabelo sujo para trás.

Betty: _Você precisa acreditar que vai sair dessa, os remédios deveriam ajudar, o psiquiatra recomendou e você até concordou, lembra?

Eu: _Pois é, mas só estão piorando a situação, nem lembro de ter concordado com isso - me sentei na cama, ainda irritada. Eu estou sempre irritada ultimamente.

Betty: _Talvez seja porque você não acredita que vai sair dessa - ela me olhou, preocupada. _Vamos Cher, você tem 25 anos e uma mundo lá fora te esperando.

Eu: _E por que eu acreditaria? - olho pra ela com os olhos marejados, eles estão sempre marejados, vermelhos, inchados ou os três. _Eu não vou sair dessa Betty, pra quê?

Betty: _Se continuar pensando assim, não vai mesmo - ela coloca a mão direita no meu joelho. _Olha, eu pensei em uma opção alternativa aos remédios

Eu: _Sou toda ouvidos - olhei pra ela e respondi em tom irônico, tenho certeza que vou odiar qualquer alternativa também.

Betty: _Eu tenho uma amiga que coordena um grupo de apoio do tema luto - reviro os olhos prevendo o rumo que esta sugestão vai levar. _Ela perdeu o pai e a irmã, então começou a ir ao grupo de apoio e superou de tal forma que se tornou a monitora

Eu: _Quem ela tá querendo comprar com essa história? - pergunto, curta e grossa.

Betty: _Eu conheço ela há tempo o bastante pra saber que a história é verdade. Fizemos Yale juntas, ela é perfeita pra te ajudar.

Eu: _Ah, que bom pra você - ironizo. _Agora vai cuidar da sua vida que o Archie deve estar te esperando pra transar mais, me deixa caralho.

Betty: _Olha Cheryl - ela ia levantar o tom de voz, mas se acalmou. Não entendo como ela é tão paciente comigo, provavelmente eu já teria me esganado. _Eu só quero te ajudar, te chamei pra morar comigo, te ajudei a conseguir mais tempo de licença do trabalho, mas está na hora de você lidar com seus conflitos! Realmente acho que esse grupo de apoio pode te ajudar a seguir em frente, então por favor, tenta! Não por mim nem por ela, mas sim por você...

Já tinham escapado duas ou três lágrimas dos meus olhos, nada fora do comum, acontece toda vez que alguém menciona ela.

O que eu faço? Entrar em um grupo de apoio pra luto? Parece algo tão inútil e piegas...

Todo mundo sabe que só drogado vai nesses grupos de apoio...Nunca imaginei que eu, Cheryl Marjorie Blossom precisaria disso.

Eu: _Tudo bem - suspiro. _Mas se eu não gostar, você me deixa em paz

Betty: _Ok - ela sorriu fraco e me deu um abraço. _Saimos daqui em uma hora - se levantou da cama.

Cheryl: _O que? Tem que ser hoje? - ela já tinha saído do quarto, ignorando totalmente minhas perguntas.

[...]

Eu coloquei uma calça larga cinza, com um moletom vermelho escuro que tinha um desenho de triângulo que eu nunca entendi porque não sou de exatas, e um tênis All star preto simples.

Deixei meu cabelo solto, pra esconder um pouco o rosto, mas meu ruivo estava apagado e não lembro nem quando foi a última vez que lavei, um grande lixo.

Há alguns meses eu nunca sairia assim na rua. Há alguns meses eu ligava para essas coisas.

Hoje eu não faço nem ideia do que ainda estou fazendo aqui, viva, respirando. Eu cansei.

Bufo de raiva sozinha.

Betty: _Vamos? - a loira apareceu, com seu cabelo solto, uma blusa de manga comprida rosa clara, calça jeans, um tênis azul e as chaves de seu carro.

Não sei exatamente quando ela parou de prender o cabelo, acho que foi quando começou a me ajudar na organização do casamento. Ela ficava estressada, tensa, adquiriu uma mania de mexer no cabelo, então parou de prendê-lo.

Eu: _Vamos? Tipo nós duas? - questiono.

Betty: _É, eu vou te levar - disse, abrindo a porta para o lado de fora da casa.

Eu: _Elizabeth, eu sei dirigir muito bem, tenho meu carro, estou ótima - peguei minhas chaves.

Betty: _Acha que eu sou burra, prima? - ela olha pra mim. _Eu te conheço, sei que se eu te deixar dirigir nesse estado você vai acabar fazendo burrada.

Eu: _Eu não preciso da sua permissão pra dirigir - respondi num tom agressivo. _Tenho carteira de motorista há uns 2 séculos.

Betty: _Eu não preciso que me permita ir com você - seu olhar passa uma imagem autoritária. _Se você vai dirigir, eu vou do seu lado, então se você decidir se machucar, vai ter que me machucar também - afirmou com confiança, me fazendo ceder.

Cheryl: _Droga Betty! - coloco minhas chaves na mesa de entrada e saio da casa rapidamente, irritada, ela atrás de mim.

Entramos no carro e começou a tocar uma música, de uma tal de Julia Michaels, "anxiety" eu acho.

Normalmente eu desligaria o rádio, querendo fugir de músicas, eu odeio músicas, odeio desde que ela se foi, era cantora, a melhor de todas, com a voz mais bonita que já ouvi.

Betty tentou puxar assunto algumas vezes, eu não colocava o mínimo ânimo, mas isso não parecia deixá-la desconfortável.

Sinto que nunca vou conseguir agradecer Betty por tudo que ela fez e ainda faz por mim. Ela e Archie cuidam de mim desde que minha vida ficou toda fudida, devo o mundo pra eles.

[...]

Chegamos, era a biblioteca municipal, grande e bem cuidada, um verdadeiro tesouro de Riverdale. Betty assinou nossos nomes na portaria e pegou os cartões necessários pra usar o elevador.

Subimos uns 3 andares, ela me guiou até uma sala no final do corredor daquele piso.

Todas as salas tinham um isolamento acústico, comum em bibliotecas, o chão era um carpete bege e o cômodo específico que eu estava prestes a entrar aparentava ser bem confortável, com um círculo de cadeiras, a luz de uma janela central e até mesmo alguns livros diversos espalhados.

N/A:

Esse cap é até pequeno gente, mas daqui pra frente só aumenta.

Enfim, bem vindos,
Bjos luz

• 𝐈 𝐟𝐨𝐮𝐧𝐝 𝐚 𝐥𝐨𝐯𝐞 ☆ 𝐂𝐡𝐞𝐫𝐨𝐧𝐢𝐜𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora