Capítulo 1

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*** Espero que gostem - vou postar os capítulos do Conto e depois dou sequência - quem já leu na Amazon - vai repetir os primeiros capítulos!!

MELISSA

Mais uma noite de plantão, enquanto dirijo para o hospital, penso que a minha vida anda muito monótona, quando não estou trabalhando, estou dormindo, cansada e fechada dentro do meu apartamento, meu único passeio é ir ver minha mãe, o que está se tornando cada vez mais raro, pois o trabalho tem consumido a minha energia. Tenho 28 anos e há dois anos estou trabalhando neste hospital. Adoro minha profissão, nasci para ser médica. Atuo também em um consultório em uma clínica que pertence à família de uma amiga que fiz no tempo de faculdade, mas apesar do cansaço, é incrível como gosto dos meus plantões, alguns acham loucura, mas eu gosto, e gosto mesmo.

Estou em meu carro, um Pegeout 207, vermelho, 2009, que conseguimos comprar quando minha mãe se aposentou, como passei no concurso para trabalhar no Hospital e permaneceria trabalhando no consultório, com transporte público não conseguiria chegar de um lugar ao outro no tempo necessário, então acabei aceitando ajuda. O hospital fica próximo de uma comunidade simples, onde a violência é constante e muitas pessoas amanhecem mortas sem ao menos terem tido a chance de serem encaminhadas para um atendimento médico. Quando são socorridas e levadas até nós, fazemos de tudo para salvá-las, convivo diariamente com pessoas baleadas, meninas estupradas, muitas crianças e jovens perdendo a vida por uma bala perdida ou o uso desenfreado das drogas, além das doenças, que infelizmente estão ocorrendo com mais frequência entre as pessoas e que na maioria das vezes, só são descobertas quando já estão em estágio avançado.

Nas primeiras vezes que alguns destes casos chegaram para meu atendimento, me assustei um pouco, sofri muito e sofro ainda, cada vez que um caso de estupro aparece, pois mesmo considerando que superei meu trauma, ainda lembro daquela noite quando vejo uma menina, tão jovem quanto eu na época, chegar para atendimento médico, chorando e assustada com o que aconteceu, mas depois de um tempo entendi que estou ali para salvá-las e procuro desde então fazer o meu melhor trabalho para que elas possam retornar para suas casas com vida, curadas, ou até mesmo pessoas melhores, pois muitas vezes, infelizmente ou não, acabamos nos envolvendo emocionalmente, e principalmente com os jovens e crianças, acabamos tentando aconselhar e até encaminhar para uma assistência psicológica. Quantas vezes já compartilhei sobre a minha luta que foi e ainda é para poder estudar, na esperança de incentivar esses jovens ao estudo e para que acreditem que também podem ter uma vida melhor, já perdi a conta das minhas tentativas, por mais que alguns achem que estou perdendo meu tempo, ainda prefiro acreditar que ao menos um vai me ouvir, e se isso acontecer, já valeu a pena.

Sei que devem estar se perguntando, como que eu, uma jovem criada no morro, negra e com apenas a mãe, uma empregada doméstica, conseguiu estudar para ser uma médica. Não foi fácil, e sei bem, que só consegui, porque a Sra Matilde de Albuquerque Mendonça, matriarca desta renomada família no Rio de Janeiro, sempre gostou muito da minha mãe e de mim, foi ela quem bancou todo meu estudo, passei na faculdade Federal, mas hoje em dia, mesmo assim, uma pessoa de classe baixa não consegue se manter em um curso como este sem grana. Ela me deu todas as condições para estudar, sempre acreditou no meu potencial e sou imensamente grata por esta oportunidade. Foi muito triste quando ela morreu dois anos atrás, logo que terminei minha residência.

Meu sonho é ser pediatra, mas não consegui passar na prova do Hospital com atendimento só infantil, então me obriguei a fazer minha residência em outro Hospital, onde eu atendia de tudo, e acabei assim me tornando uma Médica Clínico Geral, agora estou fazendo minha reserva financeira, para que possa um dia, fazer meu doutorado em Pediatria, assim poderei atuar na área que desejo. Se a Sra Matilde não tivesse falecido, com certeza já teria me ajudado, mas sei que agora depende só de mim, e tenho feito milagre com o pouco que ganho, reservando todo mês um valor para que eu possa mudar essa minha realidade.

Enquanto isso não acontece, vou trabalhando, no consultório nem sempre tenho muitos atendimentos, pois como não tenho uma especialização, acabo sendo a última opção quando alguém liga para marcar uma consulta, mas de qualquer forma, estou sempre por lá, preciso do pouco que ganho, e de estar entre grandes nomes da medicina, pois o contato com eles me ajuda a enobrecer meus conhecimentos. No Hospital é diferente, sou plantonista e toda noite, e alguns dias em que fico por aqui, é uma loucura, atendo de tudo, e nada como a prática para nos tornar profissionais completos.

Assim que chego, depois de deixar meu carro em um estacionamento ao lado, vou até o vestiário, deixo minha bolsa com chaves e documentos no meu armário, coloco meu jaleco branco, pego minha maleta com meus principais instrumentos de trabalho e só então sigo para assumir meu posto. Tenho uma sala para algumas consultas, mas na maioria das vezes eu acabo correndo a noite toda pelas diversas alas do hospital, devido as emergências.

Tem dias que a sala de cirurgia ou a sala de emergência, onde temos tudo preparado para curativos, ou atendimentos mais rápidos como os casos em que a cirurgia não é necessária, mas trata-se de algo um pouco mais grave, são as principais paradas. E sendo sincera, eu gosto dessa correria, prefiro as noites agitadas, do que as que começo a sentir sono. Plantão exige atenção, por isso o melhor é se manter bem acordada e na ativa. Nos dias mais tranquilos, procuro passar pelos quartos dos que estão internados, analisar alguns casos, e até conversar um pouco com aqueles que ainda não estão dormindo. Assim me mantenho acordada e pronta para as emergências da madrugada.

Quando me apresento na recepção, minha equipe que irá me acompanhar durante mais este plantão já está a postos, converso um pouco com Alyne, uma enfermeira que está aqui há mais tempo do que eu, e cumprimento de longe o Luiz, enfermeiro também, é o mais novo contratado, mas tem experiência e dedicação. Com um leve aceno de cabeça cumprimento Antônio, um enfermeiro que tem a minha idade, mas que vive de mau humor e acabamos sempre o deixando meio de lado. Até já tentamos nos aproximar, mas sem sucesso, ele trabalha bem, mas nunca sorri, nunca é simpático e está sempre suspirando, aparentando estar nervoso com alguma coisa que não fazemos ideia do que seja.

Tão logo eu entro na minha sala, Alyne vem correndo e me avisa que temos uma criança afogada chegando, o resgate já avisou que chegam em alguns minutos, já estão prestando os primeiros atendimentos, mas precisam direcionar ao hospital mesmo assim. Corremos para a sala de entrada da ambulância, preparando tudo para a chegada deles.

Passado o susto, a correria continua, está ocorrendo invasão da polícia no morro e quando isso acontece a festa termina aqui dentro do hospital com muito sangue, muita bala perdida e algumas vezes, com algumas mortes. Respiramos fundo e começamos a deixar tudo pronto para os feridos que com certeza irão chegar.

**** Hummm, tenho uma leve desconfiança do tipo de ferido que vai aparecer nesse plantão!!! rsrsrsr Façam suas apostas!!!!


A princípio - postagem aleatórias - vamos ver como a história se desenvolve - pois só tenho o conto pronto - depois do capítulo 6 preciso voltar a escrever!!!

E quem ainda não conhece - Corre aqui no Wattpad para ler ENGANO - está acabando é já é um sucesso!!!

Bjs 

Além do Prazer - O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora