Capítulo 4

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Miguel

Foi difícil deixar ela sair de perto de mim, enquanto fazia o meu curativo eu a observei atentamente, cada traço do seu rosto, seus lábios carnudos que deveriam ficar ainda mais inchados depois de um beijo, tentadores pelo tom avermelhado que não tinha batom, era sua cor natural, e eu gostei deste detalhe. Seu toque em meu braço, era delicado, e com certeza eu não sentiria dor alguma, mesmo sem anestesia, o que obviamente ela não permitiu.

Quando ela me olhou, tão de perto, eu precisei controlar minha outra mão, pois a vontade era de pegá-la pela nuca, trazê-la ainda mais perto e me perder naqueles lábios, mordê-los e chupá-los, até que ela estivesse totalmente entregue em meus braços.

Melissa, esse era o nome dela. Perfeito, para aquela pele morena, e aqueles lábios vermelhos, ela com certeza devia ter gosto de mel, era uma linda mulher, deliciosamente linda. Segui atrás dela para a outra sala, não a deixaria sozinha com aquele bandido, mesmo imaginando que alguém da minha equipe estava lá, a necessidade de ficar um pouco mais na presença dela, falou mais alto.

Estava fascinado por ela, principalmente quando falou de forma firme e assertiva com o engraçadinho, assim que adentrou no quarto, ele estava dando trabalho e o colega dela não estava conseguindo o atender, ela chegou e mostrou quem mandava ali. Só que ouvir aquele infeliz fazer gracinha com ela, maliciando o fato de ter as mãos dela em sua coxa, me fez sentir vontade de arrancar as bolas dele ali mesmo.

                Me acalmei um pouco ao tocar na cintura dela, e quando ela tocou em minhas mãos, pedindo que a deixasse terminar o serviço, justificando que estava acostumada a lidar com esse tipo de gente, eu ainda tinha os meus dentes travados e uma vontade insana de cometer uma loucura. Pensar que assim como aquele bandido que estava ali, ela deveria atender diariamente vários homens que com certeza se encantavam por ela, em situações até mais constrangedoras do que aquela, mexia comigo, pensar nela ou ainda pior em outro homem com ela me atormentou. Era loucura. Eu me afastei somente o suficiente para que ela pudesse fazer o seu trabalho, mas continuei ali, muito próximo, tentando entender o que estava acontecendo comigo.

                Quando percebi que ela sairia de perto de mim, tentei buscar uma saída, uma ideia, uma forma de a ver novamente. Mais uma vez me senti perdido, quando de forma natural ela libertou seus cabelos da touca, eram longos, negros e enrolados, senti o cheiro deles de longe, e fiquei imaginando quão mais perfumados seriam de perto, então lembrei dos meus pontos em meu braço e deixei certo com ela de que voltaria em uma noite durante o seu plantão. Era o tempo que eu precisava para entender ou esquecer o calor que tomava conta do meu corpo, só de imaginar tudo que poderíamos fazer juntos.

                Acabei esperando do lado de fora do quarto onde o infeliz ainda estava apagado depois da anestesia e do remédio que lhe foi aplicado, sentei e me encostei na parede, fechei meus olhos e a visão que vinha em minha mente, era ela, só ela, seus lábios e seus cabelos, que me faziam arder por dentro. Não demorou muito e senti alguém me observando, cheguei a duvidar que fosse ela, mas pelas reações do meu corpo, só poderia ser.

                Esperei mais um pouco, queria ter certeza, quem sabe ela apenas estivesse passando, e uma das coisas que eu tinha aprendido durante meus anos de profissão, era manter meus olhos fechados, mas atentos a qualquer vulto ou pessoa que se aproximasse. Ninguém passou, mas a sensação permanecia, o que me fez acreditar que ela poderia estar parada ali perto, me olhando, então lentamente eu fui abrindo os meus olhos e a peguei em flagrante.

                Ela sorriu sem graça, desencostou da parede que estava apoiada e veio andando em minha direção.

                – Deixei as receitas na recepção, antes de saírem não esqueça de as pegar – falou colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.

Além do Prazer - O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora