Capítulo VII - Vítima do acaso

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— UNO!  — Berrei, atento as próximas palavras de Calla.

Com um olhar atrevido e um sorriso cínico, a garota jogou sua próxima carta.

— U-no. — Falou pausadamente enquanto pousava sobre a mesa um +4. — Parabéns pelo esforço, mas eu sou mestre nesse jogo. — Pronunciou em meio as gargalhadas. 

Não resisti e caí no riso. Logo depois fingi estar bravo e cruzei os braços de maneira que parecesse emburrado, porém logo voltei ao meu estado sereno. Calla me traz um estranho sentimento de tranquilidade, nesse aspecto ela se parece com Martin.

Sinto falta da presença dele — Voei alto em meus pensamentos.

O placar foi acirrado, mas ela era mais esperta que eu, sempre com uma carta na manga. Não sou muito de jogar, na verdade qualquer tipo de distração que não seja desenhar está fora dos meus hobbies preferidos. Na verdade, a única coisa que faço além disso é ver televisão ou então ler - raramente faço isso -, algum quadrinho, de preferência aventura.

Voltei meu olhar para Calla, que observava a paisagem. Árvores balançavam e folhas amareladas caiam aos poucos no chão duro. O vento ameno balançou seus cabelos fazendo com que se arrepiasse. Visualizei a vastidão azul do céu, o qual estava totalmente limpo de nuvens. O clima abafado fez com que pequenos pingos de suor se formassem em minha testa e buço. Na minha frente Calla balançava a camisa de modo que pudesse ventilar seu peitoral.

— Vamos entrar, bem abafado aqui. Podemos ficar na sala e jogar na mesinha de centro, que tal? — Sinalizei para que ela me seguisse.

Calla andou silenciosamente à minha frente passando por entre os móveis da casa e indo em direção à sala. Sentamos no chão, eu à direita e ela à esquerda, frente a frente. Cortando o silêncio, a garota se pronunciou:

— Eu já cansei de vencer você — Falou apoiando o rosto nas duas mãos, fingindo cansaço. — Não falamos um do outro até agora, o que você gosta de fazer? — Indagou, curiosa.

— Bom... — Pronunciei pensativo. — Eu amo desenhar, mas acho que você já sabe disso. — Sorri cabisbaixo. — e você?

— Eu gosto de assistir filmes de horror daqueles bem macabros. Odeio romance, acho falso a jeito que tratam o amor nos filmes, não é como a vida real. Ah! eu amo a cor verde e meu signo é escorpião. Agora você!

— Err... Eu gosto de... Azul? Ah! Odeio café, gosto de... maçã? — Ri das minhas próprias palavras. — e não sei meu signo.

Calla ria baixinho de mim

— Qual a data do seu aniversário? — Indagou.

— 16 de abril.

— Seu signo é Aries. Combina com você! Personalidade forte é o que não te falta. — A garota abriu um leve sorriso.

— Engraçadinha. — Falei fazendo uma cara cínica.

Continuamos conversando sobre nós, porém tive dificuldade de definir à mim mesmo. Calla, por outro lado, falou de tudo um pouco, me disse sobre seus hobbies, programas favoritos, filmes e até me relevou algo inusitado. 

— ... e foi assim que perdi o horário do aniversário da minha melhor amiga. — Gargalhou. — Tenho que te confessar algo — Falou, pedindo para que eu me aproximasse. — Eu odeio chocolate. — Revelou, prendendo o riso.

Surpreso, questionei:

— Mas e os biscoitos? Você comeu! — Falei, confuso.

— Minha mãe me ensinou bons modos! Não faço desfeita. — Calla continuou rindo da minha expressão, mas agora eu estava intrigado, pensei que todo mundo gostasse de chocolate.

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⏰ Última atualização: Jun 25, 2019 ⏰

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