Prólogo ☀️

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Há muito tempo, quando ainda se acreditavam em magia e deuses, existiu um indígena guerreiro. Ele era temido e corajoso, mas também orgulhoso e não aceitava quando as coisas não iam conforme a sua vontade. Um dia, ele se apaixonou pela filha mais velha do Cacique, a princesa da tribo. Ele pediu sua mão em casamento, mas o chefe da tribo negou. Dizia que sua filha precisava de alguém que fosse protegê-la de todo o mal durante todo o tempo. E que essa pessoa não pudesse morrer em uma batalha, deixando-a, posteriormente, sozinha.

O guerreiro, furioso e determinado, prometeu que deixaria seu posto e que faria de tudo para ficar com a princesa. O Cacique deixou que o homem acreditasse na possibilidade e seguisse seu plano sem alertá-lo sobre as consequências. Queria saber se realmente ele seria capaz de abandonar aquilo que fora designado a vida toda a fazer e se perderia a sua honra perante a tribo por amor a sua filha.

Então, o guerreiro fez sua última viagem e lutou sua última batalha. Voltou à tribo com grandes conquistas e grandes riquezas. E por fim, entregou o seu título. O Cacique ficou satisfeito por ver que o jovem tinha sido útil mais uma vez e que realmente amava a sua filha, mas ele sabia que o Pajé teria que mandar cumprir a lei se ele não a cumprisse. Nenhum guerreiro jamais poderia abandonar seu posto e perder a sua honra, isto era penalizado com a morte naquela comunidade. Porém, o jovem indígena se arriscou mesmo assim, acreditando que o Cacique o pouparia por conta de ter feito tudo por sua filha. Contudo, sua ousadia lhe custou caro.

A princesa, que havia sido cortejada inúmeras vezes pelo guerreiro, ficou com um grande pesar ao descobrir que ele decidiu voltar e abandonar o seu posto. Se sentiu culpada por não tê-lo alertado e por não tentar impedir que seu pai o enganasse. Assim, ela foi a procura do deus Tupã implorar pela vida do jovem apaixonado. Tupã, se compadeceu da dor da bela moça e disse que só havia uma forma de salvá-lo. Ela teria que procurar pelo amuleto de Inti, o deus Inca supremo e do sol. A princípio, a bela princesa duvidou que tal objeto existia, pois não acreditava em outros deuses além dos seus. Entretanto, Tupã a garantiu que o amuleto estava mais perto do que ela imaginava e que existiam diferentes deuses para cada povo.

Um dia antes da condenação, a princesa estava desesperada, não havia conseguido encontrar o amuleto e muito menos achar outra solução. Sua culpa a corroía e desejou até mesmo que a condenassem no lugar do guerreiro. Mas seu pai se revoltou com as atitudes dela e a rebaixou. Ela não seria mais a princesa. Ao perder o seu título ela também perdia sua honra e teria que ser exilada da tribo, pois a pena de morte não cabia a família do Cacique.

Anhangá, o deus das regiões infernais e inimigo de Tupã, viu o que estava acontecendo. Decidiu interferir, se divertir as custas dos homens e aproveitar para ofender Tupã com a sua intromissão. Se disfarçou de Jaci, a deusa da noite e dos amantes e esperou que a bela jovem dormisse para entrar em seus sonhos. Anhangá lhe disse que a melhor solução seria ela trocar de lugar com o guerreiro antes da execução, que o amuleto serviria justamente para isto. Que assim ela estaria livre da humilhação e de sua culpa, além de poder se vingar de seu pai. Estando ela no lugar do condenado, acreditou que ele impediria a execução e que posteriormente os pouparia quando visse que os deuses estavam a seu lado.

Mas a jovem não sabia o que realmente estava para acontecer. Cega pelo ódio, pelo orgulho e pela inocência de acreditar tão facilmente que tudo sairia como prometido, acordou determinada a encontrar o amuleto. Porém, não foi preciso muito esforço. Antes da condenação, o seu pai a visitou e lhe entregou um presente como pedido de desculpas por não poder mudar toda a situação. Disse-lhe que ele ganhou a joia de um dos guerreiros há alguns dias quando chegaram de uma conquista e que deveria ser bem valiosa. A jovem lhe agradeceu e sorriu ao se despedir. Quando tocou a joia, quase não acreditou, os deuses estavam mesmo ao seu lado. Viu que era o amuleto de Inti, o objeto era feito de ouro e tinha um formato de sol, cheio de desenhos ou talvez fossem descrições em seu interior.

Ao chegar a hora da condenação, a ex-princesa segurou firme o amuleto e se dirigiu ao centro da tribo, onde todos estavam reunidos. O Pajé terminava de dizer suas últimas palavras enquanto outros guerreiros preparavam suas lanças. Antes mesmo que eles arremessassem suas armas, a jovem esfregou o amuleto e encarou os desenhos e desejou a troca de corpos. O amuleto começou a brilhar, uma luz forte, como o sol, saía de seu interior e foi quando tudo aconteceu.

Lanças foram atiradas e três delas acertaram o corpo. A luz foi tão forte que se passaram alguns minutos até que todos pudessem ver o que realmente tinha acontecido. À frente do Cacique, jazia o corpo do ex-guerreiro. O amuleto desapareceu com a ex-princesa.

O Deus das trevas ocultou que a troca não seria de corpos e sim de espírito. Quem foi recebida pelos espíritos ancestrais, na verdade, foi a bela jovem, enquanto o ex-guerreiro passou a vagar com o corpo dela tentando não enlouquecer e não ser pego pela tribo.

Anhangá conseguiu irritar Tupã como planejou. O Pajé se deu conta do que realmente aconteceu e contou a todos. O castigo do Cacique foi a dor de ter perdido sua filha para outro tipo de exílio. Enquanto todas as joias e riquezas foram banidas daquelas terras.




Olá pessoal!

O que acharam do prólogo?

Confesso que saiu melhor do que eu imaginava. Tudo neste texto tem alguma ligação com a história. E já dá pra imaginar o que nos espera.







Opostos Trocados ♀️ ♂️  - Dois Lados. Duas Vidas. Um EncontroOnde histórias criam vida. Descubra agora