A Garota da Lua

Caras como você fazem todos parecerem ruins

"O que está acontecendo com ela, Marcos?", eu ouvi minha mãe perguntando, preocupada."Ela está virando uma vampira", ele respondeu com voz de enterro.

Minha mãe suspirou de surpresa.

"Quem fez isso com ela?"

"Eu não sei... não consigo encontrar marcas de mordida em nenhum lugar do corpo dela. Ou algum cheiro de um clã específico..."

"Você acha que foram os Ambrose?", mamãe cochichou.

"Não sei. Eles não costumam transformar pessoas e deixá-las para sofrer as consequências sozinhas", ele disse, por experiência própria, eu agora sabia. "E mesmo que tenha sido eles, eu não posso questioná-los."

"Por quê? Só porque eles te transformaram?"

"Não, porque a Agnes me proibiu."

"E você vai obedecer?", minha mãe perguntou, tão incrédula quanto eu.

"Não é questão se eu quero ou não. É questão que eu não posso. De alguma forma, ela ordenou que eu não fosse atrás do Liam, e eu simplesmente não consigo quebrar essa ordem. Eu estou fisicamente incapacitado de ir atrás do menino Ambrose, não importa o quanto eu queira torcer aquele pescoço branco dele", ele disse, enquanto corria os dedos pela parte interna do meu pulso, como se desejando encontrar uma marca de mordida.

Eu sabia que ele não encontraria nada. Eu não havia sido mordida.

"Vocês têm o poder de fazer isso?", minha mãe perguntou, surpresa. "Você nunca me falou isso."

"Vampiros Sangue-Puro têm", papai respondeu.

"Mas é impossível ela ser Sangue-Puro, Marcos", mamãe respondeu, quase rindo. "Ela é humana. Minha bruxinha...", ela completou carinhosamente.

"Não por muito mais tempo. Olhe."

Ele então levantou minhas pálpebras e mamãe levou a mão à boca, de susto. Eu poderia apostar tudo que eu tinha que ela encarava um par de olhos vermelhos vivos. Eles ficaram alguns minutos em silêncio me encarando até que a campainha tocou e mamãe se levantou em um salto para atender, enquanto meu pai continuava do meu lado. Eu não conseguia abrir meus olhos, mas sentia a tensão dele. Sentia que ele estava lutando contra as lágrimas.

Tá tudo bem, papai, eu pensei.

Ele engasgou. De alguma forma ele tinha me ouvido.

"Agnes? Você está acordada?", ele me perguntou, levando uma mão à minha testa.Mais ou menos... eu tô muito... cansada... Não sei o que está acontecendo..., eu respondi, mentalmente.

"Isso é normal, querida. Faz parte da transformação. Logo menos você deve acordar", ele sussurrou. "Querida... você pode tirar meu bloqueio para que eu vá atrás do Liam?"

"Não", eu respondi. "Ele não fez nada de errado e eu senti que você desejava matá-lo."

Ele ficou quieto, mas eu sabia que essas palavras eram reais. Quantas coisas mais eu saberia quando essa transformação se completasse?

"Eu só preciso ir atrás dele para entender o que está acontecendo" meu pai disse, frustrado.

"Não será necessário", a voz da minha mãe respondeu da porta. Eu não precisava abrir os olhos para saber o que estava acontecendo. Eu agora sentia a presença do Liam na porta do meu quarto tão claramente quanto se estivesse vendo ele ao vivo e a cores. E eu sentia também o ódio crescente do meu pai ao meu lado. O que significa que com certeza o Liam também sentia.

"O que você está fazendo aqui?", meu pai rosnou entredentes.

"Quando a Agnes não apareceu na escola, eu fiquei preocupado", ele respondeu, sincero.