Regras nem sempre devem ser seguidas

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Então, mais rápido do que eu antecipava, era hora de oficialmente me mudar. Minhas malas estavam prontas, quem não estava era eu. Eu nunca tinha morado sozinha e, apesar de não estar indo pra muito longe, eu sentia como se estivesse. Eu fiquei encarando o meu quarto meio vazio (porque eu me recusava a esvaziá-lo completamente: eu voltaria em breve) e pensando se encontraria mais lágrimas nos olhos da minha mãe. Eu nunca fui muito boa para lidar com despedidas e considerei fugir. Mas eu estaria no final da rua de qualquer forma, então não iria realmente fugir de ninguém, certo? Resignada, eu me levantei e arrastei as malas até a sala. Meus pais estavam abraçados um com o outro, felizes da vida.

"Nossa, minha partida é uma comemoração agora?", eu disse, brincando. Eu preferia isso mil vezes a despedidas tristes e sentimentais.

"Querida, você não está se mudando de verdade. Só está indo tirar umas férias rápidas na casa de um clã de vampiros poderosos que controlam a nossa cidade. Nada de mais", papai respondeu, me puxando para um abraço e beijando o topo da minha cabeça.Foi a vez da mamãe me abraçar.

"Nós vamos nos ver todos os dias, Agnes. Eu vou cobrar isso de você"

"Pode deixar, mamãe"

Alguém bateu na porta e entrou em casa. Liam e Selene chegaram, o que significava que estava na hora de ir embora. Eu olhei para os meu pais, feliz da vida também. Não teve choro porque não precisava. Isso não era um adeus.

"Eu amo vocês", disse, com um sorriso gigantesco.

"Não deixe os vampiros te morderem, bruxinha", mamãe falou, enxugando do meu rosto uma lágrima que eu mal tinha sentido cair.

E, fácil assim, eu saí porta afora, sentindo a brisa gelada das primeiras horas da manhã no meu rosto.

Olhei para trás apenas para ver meus pais acenando da porta e entrando para uma casa, agora, um pouco maior e um pouco mais silenciosa.

"Agnes?", eu ouvi Selene me chamar de canto.

"O que houve?", eu perguntei, ao ver seu rosto mais sério do que jamais havia visto.

"Sobre a Camila...", ela começou e eu esperei, olhando-a com espanto. "Ontem ela não respondeu minhas mensagens. Você acha que ela está bem?", ela perguntou, mordendo o lábio inferior, provavelmente detestando mostrar esse lado vulnerável para mim. Mas eu percebia que as palavras dela do dia anterior pesaram mais do que imaginava.

"Ela está. Eu acho que ela pode estar um pouco magoada... Sabe como é... Esse sempre foi o sonho dela", eu disse, apontando para mim. "Eu nunca quis virar vampira. Já ela..."

"Eu sei...", Selene disse, como se estivesse sofrendo. Achei que ela continuaria, mas acho que não encontrou palavras para definir o que estava pensando.

"Hm, Selene... Eu não sei exatamente o que você sente pela minha amiga. Mas eu sei o que ela sente por você. E cada vez que eu vejo você tratando ela como algo menos que uma benção que apareceu na sua vida, isso me deixa bem irritada", eu admiti. "Eu não sei quais são as regras que vocês vampiros Sangue-Puro devem seguir, mas..."

"Não, você não sabe mesmo", ela respondeu, voltando com o tom de arrogância na voz. "E acho que, enquanto não souber, você deveria manter as suas opiniões para você mesma."

"Ótimo", eu respondi, também irritada. "Mas se eu não sou prova viva de que as suas regras nem sempre devem ser seguidas, eu não sei o que mais poderia ser", eu disse, acelerando o passo para deixar Selene pra trás. Se era assim que ela queria que nosso relacionamento começasse, ótimo. Mas eu teria uma conversa muito séria com Camila a respeito de Selene. Se ela não estava disposta a quebrar nenhuma regra estúpida para ficar com a minha melhor amiga, então a minha amiga merecia encontrar alguém melhor para se relacionar.

A Garota da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora