VI

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-Você da em cima de todas as novatas ou só das que não estão interessadas em você? -Perguntei objetiva, a fazendo abrir ainda mais o sorriso e responder em um sussuro:

-Por enquanto...

Ri com a confiança da garota e decidi mudar de assunto. Perguntei sobre como funcionava suas aulas e Alexa explicou que provavelmente elas seriam domiciliares ou um tempo depois do término das aulas, mas que domiciliar seria em último caso.

Confessei que tinha interesse porque tenho sérios problemas com exatas, principalmente matemática, acho que não faz sentido nenhum nos darem infinitas fórmulas das quais não serão utilizadas no nosso cotidiano e em um passo de mágica, começamos a conversar sobre tudo. Tudo mesmo. Nossos signos, escola, profissão, garotas e até mesmo sobre família.

-Minha mãe sofreu um acidente de moto e faleceu quando eu tinha 11 anos, ela era incrível! Meu pai, Heitor e eu sentimos tanta falta dela... ele teve problemas com bebidas logo após a noticia do óbito, mas parece estar se recuperando, mesmo que devagar. -A morena contou com a voz falha desviando o olhar do meu e observando um ponto fixo no chão. Aquilo parecia ainda mexer com ela.

-Eu sinto muito! -Disse baixo colocando a mão no seu ombro e dando um leve aperto em sinal de apoio.
-Ta tudo bem! -Respondeu voltando a me olhar, mas dessa vez, o brilho parecia ter se perdido e seus olhos pareciam ainda mais negros e sômbrios.

-Meus pais se chamam Roberto e Elenora, eles são casados a mais de 10 anos, se conhecem desde os 20, se não me engano. Eu nunca acreditei muito nessa coisa de amor e tal, mas eles me fazem duvidar disso todos os dias. Você tem que ver como eles se respeitam e tratam um ao outro, é invejável! Roberto está sempre elogiando mamãe e dizendo o quão é grato por tê-la e o quão se sente o cara mais sortudo do mundo por ter me tido com o amor da vida dele. Espero algum dia encontrar algo parecido. -Eu disse orgulhosa, enquanto Alexa parecia prestar atenção nos mínimos detalhes.

-Então você não acredita no amor? -Ela questionou me encarando parecendo verdadeiramente interessada.

-Ah, eu não sei. Parece algo tão distante quando penso que isso pode acontecer comigo. -Respondi me sentindo um pouco mal.

-Eu entendo! -Alexa respondeu baixo, respirando fundo e ficando em silêncio.

-Entende? Olha em sua volta, quando saiu daquela moto as garotas estavam te comendo com os olhos. E olha pra você. -Disse perturbada, a observando. Ela era linda e pelo visto uma ótima pessoa, como isso poderia ser tão distante? -Você é magnífica! -Complementei.

Alexa sorriu, negando com a cabeça e parecendo irritada. Será que falei algo demais? Droga.
-Tenho que ir. -Ela avisou levantando rápido do meu lado e sem me deixar responder finalizou -Até logo!

Não queria que ela fosse embora. O que a incomodou tanto? Apesar de todos a tratarem como uma galinha ou algo do tipo, quando estavamos conversando, Alexa foi a pessoa mais doce, gentil e engraçada do mundo, depois de eu ter meio que dado um fora nela, a mesma não insistiu nas cantadas, mesmo parecendo estar jogando charme a todo instante por simplesmente ser quem é.

Quando observei o pátio, não havia mais ninguém e tomei um susto. Pelo visto o sinal já tinha tocado a um tempo e não escutei, estava em outro mundo.

Peguei minha mochila, joguei de um lado do ombro e sai correndo pra sala. Subi as escadas correndo e quando estava no último degrau atropecei e tenho certeza que meteria a cara no chão se não fosse por um braço ter me envolvido pela cintura e puxado pra trás.
-Vai com calma, Ayla! -Alexa disse próxima ao meu ouvido fazendo com que todos os pelos do meu corpo se arrepiassem devido sua voz agora rouca, meu corpo enrijeceu e senti a mesma me soltar e se afastar. Olhei pra trás e ela estava indo em direção a saída da escola com o capacete em uma das mãos.

-Obrigada! -Gritei. De onde ela havia saído?

A morena virou, me olhando de longe, sorriu e fez um gesto com as mãos, colocando dois dedos sob a testa e afastando em um aceno.

No dia seguinte, descobri que teria uma festa de boas-vindas para os novatos da escola, que será feita por um nos mauricinhos do colégio, Arthur? Algo assim. O vale estremeceu quando ficaram sabendo. Me contaram que eram as melhores festas do ano e confesso que fui contagiada pela animação deles. Apesar de não ser muito de festa, muito pelo contrário; não gostava nada de barulho alto e multidões, sem contar as pessoas quase transando em público, era nojento.
Mas Ryan fez questão de dizer que eu me arrependeria pelo resto da minha vida se não fosse, que seria uma ótima oportunidade pra colar velcro e coisas desse tipo que, sinceramente, me fizeram cair na gargalhada.

Definitivamente isso não era pra mim, mas, por que não?

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Oii, gurias! Só queria fazer uma pequena observação;
Percebi que os capítulos terão seu tamanho determinado com os acontecimentos que penso pra os mesmos.
Esse, por exemplo, foi curto pois eu precisava aprofundar vocês em determinadas coisas. Espero que não se incomodem com isso, muito obrigada ❤

Meu raio de sol - Romance LésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora