VIII

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Eu estava em choque. Minhas mãos estavam tremendo e meu coração batendo tão freneticamente que realmente achei que Alexa poderia escutar, respirei fundo milhares de vezes pra tentar me recompor, mas não estava ajudando, eu não sabia o que fazer.

Ficamos alguns segundos em silêncio antes da morena perguntar com um tom preocupado e suave:
-Você está bem?

Tentei responder, mas minha voz falhou miseravelmente e senti uma angústia terrível invadir sem aviso prévio todo o meu peito.

Alexa chegou mais perto lentamente e me abraçou cuidadosamente acariciando meu cabelo, sussurando "Você está bem, já passou...".
Ficamos dessa forma por longos minutos. O cheiro e a respiração calma da morena conseguiu me acalmar e me deixar confortada, me fazendo ficar no abraço mais do que o necessário, admito.

Respirei fundo me recompondo e sussurrei:
-Obrigada! Muito obrigada! -A abracei ainda mais forte tentando demonstrar a gratidão que sentia e a mesma retribuiu, mas logo se afastou, desvencilhando-se do abraço.

-Não precisa agradecer, Ayla! -Respondeu. -Está se sentindo melhor?

-Sim, isso nunca tinha acontecido comigo... se não fosse por você, não sei o que seria de mim, não sei o que poderia ter acontecido... -Senti a angústia voltar junto da vontade de chorar pelo desespero e tive de parar de falar.

-Ei, você está bem agora, nada te aconteceu, tudo bem? E nada vai te acontecer, eu prometo. -Alexa prometeu firme.

Eu não conseguia ver o rosto da morena por conta da iluminação, mas tenho certeza que ela ainda estava com raiva devido a mudança do tom de voz no final da frase.

-Okay! -Concordei fraco enquanto sentava no pequeno sofá que havia na varanda.

Alexa se aproximou um pouco, mas continuou de pé em silêncio. Podia sentir a morena longe, enquanto olhava pro nada parecendo inerte. A mesma olhou em minha direção e perguntou com um sorriso de lado:

-Já andou de moto?

-Já, mas nunca com você. -Respondi sem medir as palavras.

Ela me puxou pela mão e me levou pelo corredor andando em direção ao portão que havia do lado da casa, nos fazendo evitar toda a lotação do lado de dentro da casa, que estava barulhenta por causa da música alta e o falatório.

Alexa colocou a mão livre no bolso na calça e puxou a chave, enquanto apressava os passos em direção à moto. Subiu no automóvel e me ofereceu a mão de apoio. Já na garupa, pude a abraçar pela cintura enquanto a mesma dava partida nos levando pra longe daquele lugar.

Alexa pilotava de uma forma única, extremamente concentrada e certeira nas curvas, até mesmo quando desviava de alguns carros, parecia fazer parte da moto de tão natural que fluía o caminho. Parecia que estávamos andando em cima de nuvens, por mais estranho que isso pareça ser.

Não demorou muito pra chegarmos a um condomínio com casas que pareciam aconchegantes e a morena se direcionar pra uma que tinha a cor azul escura e alguns detalhes brancos, ela tinha dois andares e um portão grande de garagem.

-Pode abrir pra mim? -Questionou enquanto estendia a chave na minha direção. O fiz, tendo de empurrar o portão pra que ela entrasse com a moto. Então essa seria sua casa? Ela morava sozinha?

Ela estacionou a moto e tirou o capacete, o deixando pendurado no retrovisor, eu ainda não havia tirado e só percebi isso quando a morena veio na minha direção e tirou ele cuidadosamente.

-Não precisa mais disso agora, certo? -Ela perguntou sorrindo enquanto eu permanecia em silêncio, apenas assenti com a cabeça.

A morena abriu a porta que dava de entrada pra sala e uma cozinha americana decorada com objetos na cor cinza. A cozinha tinha um balcão no centro de mármore preto, com 3 banquinhos do lado, de frente pro fogão/quem estivesse usando a cozinha. A sala tinha 2 sofás, 1 de 3 lugares e outro de 2, na cor azul turquesa, com almofadas pretas e uma mesa de centro também azul, simples. Tudo estava em perfeita ordem e silêncio.

-Então, você mora sozinha? -Perguntei curiosa quebrando o silêncio.

-Sim, desde o ano passado. -Respondeu sem mais detalhes dando de ombros.

-Por que? -Perguntei a encarando e percebi seu corpo ficar ereto, parecia tenso.

-Se eu não o fizesse, teria ficado louca. -Respondeu me deixando confusa. Ela tinha apenas 19 anos e não parecia nenhum pouco ter essa idade. -Você gosta de jogos? -Questionou mudando completamente de assunto enquanto se tacava no sofá com um controle de videogame nas mãos e com a TV já ligada.

-Ta brincando? Eu vou acabar com você. -Falei descontraída andando rápido e me jogando ao seu lado no sofá.

Nós jogamos os mais variados tipos de jogos e rimos muito com um específico de terror/suspense que tinha que descobrir charadas pro homem nos ajudar, e fugir de fantasmas variados, eu tomava susto até com uma folha caindo, enquanto Alexa quase chorava de rir com meus gritos extremamente aleatórios.

Só percebemos quanto tempo ficamos jogando quando a morena ficou com fome e olhou pro relógio que já marcava 0h30.

Me assustei com o horário e mandei mensagem pros meus pais desesperada avisando que estava bem e que não iria pra casa hoje.

Alexa disse que faria algo pra comermos. Me disponibilizei pra ajudar e acabamos fazendo o prato mais básico e gostoso do mundo. Macarrão. Temperei do meu gosto e na primeira garfada, Alexa arfou dizendo de boca cheia:

-Esse é a melhor macarronada que comi na minha vida e olha que é só macarrão com tempero.

Sorri aberto com o elogio, pisquei um olho e disse convencida:

-Você não viu nada.

Meu raio de sol - Romance LésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora